Saudoso vocalista e guitarrista do Soundgarden sempre se declarou um grande fã do primeiro Beatle a nos deixar
Igor Miranda Publicado em 01/05/2024, às 08h30
Pode não ser tão perceptível no som pesado do Soundgarden, mas uma das maiores influências de Chris Cornell foram os Beatles. A história se repetiu entre vários grandes artistas — afinal de contas, estamos falando da banda mais bem-sucedida de todos os tempos.
Em diversas entrevistas, Cornell, que nos deixou em 2017, expressou sua devoção aos Beatles. O saudoso músico, por exemplo, falou em 2011 ao CTATL.com (via Louder) que o Fab Four foi responsável por mudar sua vida.
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“Mesmo aos nove anos, eles causaram uma grande impressão em mim e, mais tarde, no meu estilo de composição, sem que eu percebesse.”
Por que isso ocorreu? De acordo com Chris, justamente pela tenra idade à época em que foi apresentado a John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr.
“Isso tinha a ver com o quão jovem eu era e com o acesso a todo o catálogo deles ao mesmo tempo. Eu tinha roubado uma pilha de vinis dos Beatles que cobriam toda a carreira deles. Dois dos discos eram aquelas compilações das ‘melhores’ da época - aqueles conjuntos de discos duplos onde um era vermelho e o outro era azul. Eu ouvia tudo, mas gravitava em torno das coisas posteriores. Embora eu tivesse 9 anos e não tivesse como saber, foi influente em todos os sentidos como compositor e cantor.”
Muito provavelmente, Cornell se refere às coletâneas 1962–1966 (conhecida como Álbum Vermelho) e 1967–1970 (conhecida como Álbum Azul). Disponibilizadas em 1973, pouco tempo após o fim do grupo, estão entre as compilações mais conhecidas dele.
O que chama atenção nessa relação entre Chris Cornell e Beatles, porém, é a devoção do músico a John Lennon. O Beatle falecido em 1980 era citado pelo integrante do Soundgarden e Audioslave como seu compositor favorito. Não só isso: era como uma figura paterna.
Em entrevista a Howard Stern, também em 2011, ele afirmou:
“Na verdade, eu olhava para ele como uma figura paterna quando era criança. Porque eu me sentei em uma sala aos nove e dez anos de idade e ouvi discos dos Beatles e discos de John Lennon repetidamente. Ele era um cara intenso com uma atitude intensa, musicalmente, liricamente e como pessoa.”
Outro músico célebre que se declara grande fã da intensidade de John Lennon é Thom Yorke. Em entrevista ao autor Jason Thomas Gordon para o livro The Singers Talk e publicada na Rolling Stone EUA (via site Igor Miranda), o líder do Radiohead foi convidado a revelar para qual cantor ele gostaria de fazer uma pergunta sobre vocais — e, claro, qual questão seria.
Sem pensar duas vezes, ele escolheu o Beatle.
“Seria John Lennon. A atitude toda de Lennon com relação a cantar, eu fico um tanto obcecado porque na superfície ele tem essa coisa toda crua de não ligar… o jeito que ele canta é estranhamente brutal. Eu queria falar com ele sobre como ele sempre era tão preciso, mas sempre soando no limite, tipo, ‘ele vai errar, ele vai errar’.”
O papo também se estenderia a técnicas de gravação em estúdio. Yorke observa que os vocais de Lennon não passavam por praticamente nenhum tipo de tratamento posterior, até pela falta de recursos tecnológicos à disposição na época.
“E especificamente, todas aquelas ideias que ele tinha sobre como sua voz deveria ser tratada. Eu fico tipo: ‘como você vê isso?’. Porque o que eles faziam com a voz dele, eles tinham ferramentas bem simples, mas eles faziam coisas interessantes. Então teria uma conversa com ele sobre isso… ou sobre yoga.”
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