- Gilberto Gil (Foto: Ana Paula Amorim / Divulgação)

Por que Gilberto Gil é um músico tão completo e universal? [ANÁLISE]

Cada trabalho de Gilberto Gil na música pode conversar com qualquer pessoa

Josyara Publicado em 14/02/2023, às 16h55 - Atualizado em 26/06/2023, às 09h05

Na primeira vez em que ouvi Gilberto Gil, eu ainda era criança. Estava aprendendo a tocar violão e ouvi “Não Chore Mais”. Essa música me pegou. Eu fiquei muito encantada com a coisa lúdica, falando da fogueirinha de papel, não tinha noção sobre o que ele estava falando. Mas a música tinha uma coisa de acolhimento, quase como se fosse de ninar. Gostei tanto que aprendi a tocar e ficava cantando o tempo todo.

Quando comecei a viver profissionalmente de música e fazendo minhas pesquisas, fui me reencontrando com Gil de outros jeitos e me aprofundando. Eu gosto muito do Raça Humana, tenho uma ligação forte com esse disco, ouvia de ponta a ponta e faço isso até hoje – tem uma coisa da época, os timbres dos anos 1980, mas são canções muito atemporais.

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Eu sempre me apresentei como cantora, mas aí me dei conta de que também era uma instrumentista. Foi quando comecei a pegar essas minhas músicas e a estudar o violão a partir das canções. Alguns discos me influenciaram bastante para que esse formato voz e violão acontecesse e eu pudesse criar algo a partir do meu jeito. E um disco muito importante para isso foi o Expresso 2222, que eu ouvi muito por volta de 2016. Ficava destrinchando querendo reproduzir tanto a levada da música “Expresso 2222”, entendendo a poética e o jeito de cantar de Gil. Tem um recorte que você consegue entender de onde vem, o sotaque da Bahia e, ao mesmo tempo, é muito pop e universal. A partir desse estudo, fui preparando de forma intuitiva o meu primeiro disco, Mansa Fúria, e o Expresso 2222 o influenciou diretamente.

Também me lembro de ver os shows dele no São João, que aconteciam no Pelourinho. Fui ver o Fé na Festa ao vivo ali na Praça Ferreira de Jesus. Depois, tive a honra de abrir o show dele na Concha Acústica, em dezembro de 2019, no encerramento do festival de uma rádio de Salvador. Foi um presente, fazer um show na Concha, só com voz e violão, na frente do público de Gil... e depois ainda assistir ao show dele, só com os hits.

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Foi ali que pude encontrá-lo pela primeira vez. Queria tietar, tirar foto. Quando a gente se conheceu, a filha dele falou quem eu era, e ele já veio perguntando se eu tocava “ao contrário”. Eu fiquei sem entender nada, e ele seguiu invocando que eu tocava ao contrário. Até que entendi que ele achava que eu era canhota e estava tocando como se fosse destra!

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Esta análise é um dos muitos conteúdos presentes no Especial 80 Anos de Música, uma edição exclusiva da Rolling Stone Brasil dedicada à Geração 1942, que reúne nomes essenciais da MPB, como o próprio Gilberto Gil, Milton Nascimento, Paulinho da Viola e Caetano Veloso, além de um panorama global dos nascidos neste ano. O especial impresso já está nas bancas e nas bancas digitais. Clique aqui para saber mais.

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