Por que o Lynyrd Skynyrd decidiu continuar sem membros originais, segundo guitarrista

Em março deste ano, faleceu o guitarrista Gary Rossington. Foi o último músico vivo da formação original do Lynyrd Skynyrd, bem como o único integrante a participar dos álbuns do período clássico — entre 1973 e 1977 — que ainda estava na banda. Ele tinha 71 anos.

Quando a notícia chegou a público, a reação natural de muitos fãs foi pensar que o grupo chegaria ao fim. Por mais que Damon Johnson o substituísse desde 2021 em função de problemas de saúde, era de se imaginar que as atividades seriam encerradas.

Não foi isso que ocorreu. E a própria família de Rossington apoiou a continuidade da banda, que chegou a passar pelo Brasil, no último mês de setembro, para apresentações em São Paulo e Jaguariúna (no rodeio local).

Em entrevista ao site IgorMiranda.com.br, o também guitarrista Rickey Medlocke contou por que foi tomada a decisão de seguir com o grupo. Vale lembrar que Medlocke é o único membro da formação atual que teve envolvimento com o período clássico: entre 1971 e 1972, ele fez parte como baterista e chegou a participar da criação de músicas que estão no primeiro álbum, “(Pronounced ‘Lĕh-‘nérd ‘Skin-‘nérd)” (1973), mas acabou saindo antes do disco ser lançado.

De acordo com o músico, tanto ele quanto o vocalista Johnny Van Zant, irmão do falecido Ronnie Van Zant e membro desde o retorno da banda em 1987, sabiam que a responsabilidade cairia em cima de seus ombros.

“Quando Gary faleceu, Johnny e eu ficamos muito tristes, muito próximos de encerrar. Daí, recebemos esses comentários, e-mails e mensagens de texto com as pessoas dizendo: ‘por favor, não deixe que isso seja o fim’. Então, concluímos que poderíamos continuar por um tempo. Foi tudo por causa dos fãs e da música. Os fãs amam a música e isso os faz voltar. Enquanto os fãs continuarem amando a música e se manifestando, ainda estaremos lá.”

Saudades de Gary Rossington

Ainda durante a entrevista, Rickey Medlocke contou que sente muita falta de Gary Rossington. Dos integrantes atuais, ele e Johnny Van Zant foram os que conviveram com o guitarrista por mais tempo.

“Gary não está longe de nossos pensamentos, especialmente dos meus e de Johnny. Conhecia Gary desde que ele tinha, sei lá, 15 anos de idade. Toquei na banda com ele duas vezes diferentes. Quando você tem uma história dessas com alguém e de repente essa pessoa nos deixa, isso parte seu coração.”

O Lynyrd Skynyrd tem feito homenagens a todos os músicos que já passaram pela banda e hoje não estão mais entre nós — são mais de dez. E é quando a imagem de Rossington surge no telão que Medlocke fica mais emocionado.

“Fazemos uma grande homenagem a Gary em nosso telão todas as noites, mas até hoje não consigo ver o vídeo. Não consigo olhar, sabe? Sinto muita saudade. Quando estou no palco todas as noites e olho para lá, sei que ele está lá em espírito, mas sinto falta dele. Provavelmente vou sentir pelo resto da minha vida.”

Apesar disso, a banda continua. E, segundo Rickey, há planos até para gravar músicas novas. Não há previsão de lançamento para o material.