Além da ausência do falecido Neil Peart, banda ter saído de cena em seu “auge” faz com que guitarrista não almeje retorno com outro baterista
Igor Miranda (@igormirandasite)
Publicado em 09/01/2025, às 20h05Em 1º de agosto de 2015, o Rush realizou o último show de sua carreira. Os fãs não sabiam, mas a conclusão da turnê R40, que celebrou os 40 anos de carreira, também representava o fim de uma das bandas mais aclamadas da história do rock.
O encerramento das atividades foi um pedido de Neil Peart. O baterista e principal letrista do trio completo por Geddy Lee (voz, baixo e teclados) e Alex Lifeson (guitarra) sentia-se fisicamente desgastado. Queria descansar e aproveitar mais o tempo em casa.
Infelizmente, isso não se concretizou como o planejado: não demorou muito tempo até que Peart descobrisse em 2016 um raro câncer no cérebro, contra o qual lutou bravamente até não resistir em 7 de janeiro de 2020. Ele tinha 67 anos.
Desde então, uma parcela dos fãs tem pedido para que Lee e Lifeson resgatem o Rush com outro baterista. Mike Portnoy, integrante do Dream Theater e admirador declarado do grupo, é o nome mais comentado nas redes. Porém, de acordo com os remanescentes, uma reunião com um novo integrante nunca se concretizará.
Em entrevista à Classic Rock (via Guitar.com), Alex relembrou as curtas performances que fez ao lado de Geddy nos últimos anos, em especial os shows tributo a Taylor Hawkins (falecido baterista do Foo Fighters) na Inglaterra e nos Estados Unidos. Os eventos em 2022 deixaram o guitarrista empolgado, mas o sentimento logo passou. Ele explica:
“A energia estava fantástica em torno daquele show. Alguns dias, eu acordo querendo sair e fazer turnê novamente; outros dias, não. Por 40 anos o Rush incluiu Neil, e não acho que montar uma nova versão teria a mesma magia. Foi uma experiência incrível trabalhar juntos e fazer tanta música. Foi lindo o quanto nos amávamos, respeitávamos e nos divertíamos, mas tudo, sendo incrível ou não, morre eventualmente e ficamos com as memórias.”
Além de não fazer sentido voltar sem Peart, o fato de o Rush ter encerrado suas atividades no que Lifeson considera seu auge é algo importante. Para ele, “é melhor ser lembrado por esse legado do que retornar como a melhor banda cover do Rush”.
Dentre os três membros do Rush, Geddy Lee era o que mais desejava continuar a fazer shows em 2015. Não à toa, o frontman pleiteou a expansão da turnê R40, que havia ficado restrita a apenas 35 shows nos Estados Unidos e Canadá — sem Europa e Reino Unido.
Também à Classic Rock, o músico afirmou:
“Eu me esforcei muito para fazermos mais shows, mas não tive sucesso. Senti que decepcionei nossos fãs britânicos e europeus. Pareceu incorreto que não tivéssemos feito isso, mas Neil estava inflexível que faria apenas trinta shows e pronto. Para ele, isso foi um grande compromisso porque ele não queria fazer nenhum show sequer.”
De acordo com Lee, o período entre o fim do Rush e a morte de Peart “não foi uma linha reta”. Mesmo assim, ele reforça o sentimento de que decepcionou os fãs ao não realizar mais shows em territórios diferentes.
“Foram tempos muito incomuns, complicados e emocionais. Os fãs investiram todo o seu ser em nossa banda e eu pensei que eles mereciam uma resposta direta sobre o que aconteceu e como sua banda favorita chegou ao fim [o que é respondido no livro biográfico My Effin’ Life].”
Alex Lifeson admite que também se chateou com o número restrito de shows da turnê final. O guitarrista aponta que “ao menos uma dúzia de datas” seriam bem-vindas. Ele ainda comenta:
“Houve um ponto em que acho que Neil estava aberto a talvez estender a turnê e adicionar mais alguns shows, mas então ele teve uma infecção dolorosa em um dos pés. Quer dizer, ele mal conseguia andar até o palco em um ponto. Deram a ele um carrinho de golfe para levá-lo ao palco. E ele fez um show de três horas, na intensidade com que tocou em todos os shows. Isso foi incrível, mas acho que foi nesse ponto que ele decidiu que a turnê só iria durar até o show final em Los Angeles.”
Geddy Lee tem estado mais afastado da música nos últimos anos. Preferiu se dedicar à publicação de livros, não apenas sua biografia, como também uma obra focada em baixos.
Por sua vez, Alex Lifeson montou a banda Envy of None, com sonoridade mais inclinada ao alternativo.
Eles admitem que ainda se juntam semanalmente para tocar e até gravar seus ensaios, mas apenas como uma experiência divertida, sem compromisso profissional.
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