Baterista também refletiu sobre caráter finito não apenas da banda como um todo, como também da reunião realizada entre 2007 e 2008
Igor Miranda Publicado em 26/03/2024, às 11h44
Para os padrões vistos na indústria musical, a trajetória do The Police foi bastante curta. A banda londrina existiu entre 1977 e 1986 — pouco menos de uma década — e se reuniu para uma turnê entre 2007 e 2008.
Na opinião de Stewart Copeland, o rompimento na década de 80 se deu “na hora certa”. Uma visão curiosa, pois a banda estava no auge da popularidade e havia lançado seu álbum mais famoso, Synchronicity (1983), no embalo do hit “Every Breath You Take”.
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O baterista abordou o assunto em recente entrevista a Rick Beato (via Ultimate Guitar). Na ocasião, ele revelou o porquê de o grupo completo por Sting (voz e baixo) e Andy Summers (guitarra) ter chegado ao fim no momento ideal: não deu tempo de entrar em decadência.
“Foi ótimo nunca termos visto o outro lado da parábola, o declínio inevitável do outro lado. Isso é muito raro, porque normalmente o pensamento é: ‘deveríamos fazer mais um disco’. Estávamos cercados por pessoas que pensavam que deveríamos fazer outro disco.”
Copeland considera quase que milagroso o trio ter gravado cinco álbuns. O motivo? As tensões já começaram a aparecer logo nas gravações do terceiro trabalho.
“Olhando para trás, fico muito grato por termos conseguido até cinco álbuns, porque, na verdade, tudo já estava para acabar depois do terceiro, Zenyatta Mondatta (1980), que foi a primeira vez onde a tensão dentro da banda começou a aparecer. E então quando fomos para Montserrat (Espanha) para fazer Ghost in the Machine (1981), foi o inferno na terra.”
Ainda de acordo com Stewart Copeland, as diferenças existentes entre os músicos do The Police tiveram duas funções diferentes. No início, serviam como catalisadores de criatividade. Depois, ajudaram a separar os músicos.
“Só décadas depois, na terapia de banda, é que descobrimos qual era o problema: é que fazemos música por razões diferentes. Quando jovens e codependentes, éramos inspirados pelas nossas diferenças. [...] Mas então, depois que Sting compôs uma série de hits… pois ele era um novato. Andy (Summers) já havia gravado em todos os estúdios do mundo, eu já havia feito alguns discos e sabia de algumas coisas, mas era a primeira banda de Sting. Ele era muito grato de início. Mas ele aprendeu. Ele pega rápido.”
A evolução de Sting, na opinião de Copeland, fez com que as diferenças se tornassem ainda maiores. O vocalista e baixista aprendeu, segundo o baterista, “não apenas como gravar um disco, mas como fazer um arranjo perfeito para uma música pop”. Sua personalidade já era grande demais para a banda.
“Ficou cada vez mais difícil para ele se comprometer, porque ele não compõe apenas uma melodia e uma letra: ele cria tudo, inclusive a parte da bateria, em uma criação mentalmente perfeita.”
Entre 2007 e 2008, The Police retornou para uma série de shows. Os músicos já sabiam que não seria uma reunião definitiva: haveria fim. Stewart Copeland disse que ele e Sting estavam até ansiosos para acabar logo com tudo.
“Nos últimos shows, Sting e eu contávamos: ‘Ok, quantos shows mais? 12? Quantas horas, minutos mais, ficaremos presos um ao outro no palco?’. Naquela época, consegui tranquilizá-lo: 'Cara, não estamos fazendo um álbum. Sei que todos ao nosso redor esperam que sim, mas saiba que você não tem músicas para o The Police... então você não precisa se preocupar com isso. Estamos bem. Vamos aproveitar’. E ele seguiu isso. Nos soltamos. [...] Saindo do palco no Madison Square Garden depois do nosso último show, foi o sentimento mais caloroso. Conseguimos. Sting, você é um filho da p#ta, tenha uma ótima vida.”
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