Lançamento da parceria Outono Music/Universal Music ultrapassa 100 mil streamings
A música é uma arte intermitente, que está sempre a postos para combinações, alternativas e abordagens diversas, com possibilidades infinitas. Enquanto alguns buscam explorar caminhos dentro de seu próprio núcleo, outros expandem seus territórios através de parcerias.
O grupo mexicano Pressive está nesse hall, ao realizar collabs com nomes dos mais diversos estilos. O single “¿Quién Soy? Yo” tem a mão – e voz – da colombiana Soy Emilia, que enriquece a canção com um espectro pop eletrônico, e Zornoza, com pitadas de rap e R&B. Por sua vez, “Realidad” nasceu da união com os também mexicanos Ray Coyotte.
A banda, de quase vinte anos de estrada, instaurou um sólido intercâmbio cultural com o mais recente single “Hollow”, uma associação com a brasileira de metalcore AXTY. A abordagem moderna de ambos resultou em uma canção criada a diversas mãos, tendo como base um material engendrado pelos mexicanos.
“Planejamos essa música por longos meses e tínhamos uma noção clara do que queríamos. Mas quando nos juntamos, a coisa fluiu muito melhor, eles são muito talentosos. O vocalista do AXTY, Felipe Hervoso, tinha uma melodia vocal incrível, então começamos com essa curiosa colaboração a longa distância. A afinidade foi imediata e o resultado ficou excelente”, explica o baixista do Pressive, Lorenzo Prats.
“Eles entraram em contato conosco por intermédio do Baffo Neto, do Project 46. Ele me falou que eles curtiram a gente e tinham interesse em fazer um feat. Mandaram o material e adicionamos as nossas coisas”, narra Hervoso.
Prats explica como essa troca traz um frescor ao processo de criação. “Acho empolgante, esta é a palavra. Sempre haverá perspectivas diferentes com uma pessoa do México e outra do Brasil, ou de qualquer outra parte do mundo, pois temos diferentes contextos culturais. Todos têm algo para contribuir, querem ser ouvidos e, dessa forma, há inspiração de dois lados”, completa.
Para Hervoso, há elementos convergentes nos trabalhos que, mesmo inseridos no rótulo do metalcore, trabalham particularidades diferentes. “Pelo que vejo, acho que temos mais similaridades. Eles trazem um pouco mais de elementos latinos e cantam muito em espanhol. Lançaram agora uma [música] com um rapper espanhol, foram duas em menos de um mês. Nós fazemos o que dá na telha e tentamos misturar tudo. O metalcore tem muito disso. Por exemplo: o Motionless in White lançou uma música que parece Michael Jackson com metal, tem outros que parecem com Justin Bieber e os que misturam com rap”, diz.
“Hollow” pode servir de inspiração para fãs brasileiros e mexicanos a conhecerem mais sobre o outro país. “Vejo como um movimento importantíssimo. Usufruímos o que eles podem oferecer e vice-versa. Não imagino que alguém aqui no Brasil, deliberadamente, vire e fale ‘vou conhecer o underground mexicano’. Todos ganham, pois podemos ser uma porta de entrada para as pessoas terem contato com uma nova cena musical”, analisa.
Segundo o guitarrista e vocalista do Pressive, Charlie Felix, a letra aborda momentos complicados, vividos durante a época de reclusão pela pandemia. “Tínhamos sentimentos confusos sobre nos sentirmos oprimidos, isolados e sem esperança. Poderíamos estar com amigos ou família, mas muitos problemas entram na sua cabeça. Isto nos leva a querer quebrar essas correntes e superar tudo isto. É sobre solidão e desespero”, revela.
O ritmo de trabalho do grupo não chega aos limites da opressão, todavia, as metas são audaciosas. “Pretendemos fazer umas quinze músicas, e tentar envolver o maior número possível de artistas de fora, pequenos e grandes. Preferimos dar esse salto agora, mais do que focar em shows. É uma estratégia para fazer com que muitos nos ouçam, antes de começarmos uma turnê propriamente dita”, fala Lorenzo.
Dentro desse cenário, poderemos, em breve, conferir outras alianças. “Teremos mais parcerias com o Brasil, sim. Estamos focados e muito animados com isso”, explica Charlie.
No entanto, o trabalho não se restringe a ações colaborativas. “Devemos fazer um álbum, apenas nós quatro, no próximo ano. Mas agora acho que este é o caminho a seguir. Conhecendo e colaborando, fazemos uma imersão e isso nos ajuda a crescer. Pretendemos novas surpresas, fazer outro tipo de som. Porém, daremos um passo de cada vez”, adiciona Lorenzo.
Enquanto os caminhos de Pressive e AXTY não se cruzam em palcos brasileiros, ambas seguem os trabalhos. Do lado canarinho, Hervoso, que também toca na banda do youtuber Lucas Inutilismo, segue antenado nas novidades, usufruindo das expressões artísticas disponíveis em plataformas como TikTok e Spotify.
“Sou luthier e estou fazendo novas guitarras, para que possamos começar a composição do próximo álbum. Aproveitamos o tempo para ouvir o que está acontecendo por aí. Acabei me distanciando da cena, mas é importante estar atento. Agora há esta tendência de um som mais pesado no topo dos rankings. O TikTok dita muito o que está rolando”, finaliza.
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