Vocalista e baixista do Kiss deu a entender que considerava cantor do Van Halen 'decadente' após Kiss ter tirado o artista da abertura de turnê
Igor Miranda Publicado em 03/02/2023, às 09h12
Tretas entre astros do rock não são novidades. Por vezes, acontecem até mesmo entre músicos que estão em uma mesma banda. Contudo, poucos deles arrumam confusão depois de velhos - o que torna bastante peculiar o recente “estranhamento” entre Gene Simmons, vocalista e baixista do Kiss, e David Lee Roth, cantor do Van Halen.
Entre 2019 e 2020, antes que a pandemia interrompesse sua atual turnê de despedida, End of the Road, Kiss trazia Roth como atração de abertura de seus shows. O cantor retomava sua atividade na estrada após algum tempo distante dos palcos e mesmo com algumas críticas à sua performance, sua presença fazia sentido, tendo em vista a reunião de ícones do hard rock em uma mesma noite.
Porém, ao retomar sua turnê em 2021, o quarteto formado por Simmons, Paul Stanley (voz e guitarra), Tommy Thayer (guitarra) e Eric Singer (bateria) não contou mais com Diamond Dave - nem mesmo para compromissos que anteriormente haviam sido anunciados com ele. Na função de abertura dos shows, os músicos convidaram um pintor performático chamado David Garibaldi.
A mudança foi abordada por Gene Simmons em entrevista também de 2021 à Rolling Stone EUA - e a fala pegou tão mal que o próprio David Lee Roth expressou seu repúdio. Ao ser perguntado se o cantor do Van Halen não voltaria a abrir os shows dos mascarados, Simmons respondeu: “não”. O termo foi colocado em itálico pela edição da revista para destacar o tom enfático da resposta. Em seguida, ele destacou:
Mas é importante notar que durante o apogeu de Dave, ninguém fez o que ele fez. Ele era o frontman definitivo. Nem (Robert) Plant, nem Rod Stewart, ninguém. Ele assumiu a figura de frontman muito além de qualquer coisa. E então, eu não sei o que aconteceu com ele... aconteceu alguma coisa. E você tem o Dave dos dias modernos.
Uma comparação curiosa foi feita por Gene na sequência. O Demon, como é conhecido pelo personagem adotado nos shows, começou a falar sobre Elvis Presley ao citar que opta por manter a lembrança de seus ídolos antes da decadência.
Prefiro me lembrar de Elvis Presley em seu auge. Dos tempos de Memphis, sabe, fazendo todas aquelas coisas. Não quero pensar no Elvis inchado e pelado no chão do banheiro (nota da edição: em referência ao cenário onde o cantor foi encontrado morto).
Mesmo sendo um artista sexagenário (hoje com 68 anos), David Lee Roth não se fez de rogado ao se deparar com a declaração de Gene Simmons. A resposta veio no Instagram de forma curiosa: o vocalista publicou 18 vezes a mesma imagem de um garoto mostrando o dedo do meio, com o recado: “De Roth para Simmons”.
Veja, abaixo, uma das publicações e uma captura de tela que mostra, no feed do cantor, todos os 18 posts.
Diante da polêmica, o companheiro de liderança de Gene Simmons no Kiss, Paul Stanley, resolveu colocar panos quentes na situação. Com classe, o cantor e guitarrista da banda mascarada declarou por meio do Twitter:
“Falando de David Lee Roth... lembro de vê-lo na década de 1970, com o Van Halen, no Madison Square Garden, e pensar comigo mesmo: ‘há um novo xerife na cidade’. Simplesmente incrível como ele evoluiu em poucos anos. Nos palcos, ele ainda é Diamond Dave.”
Speaking of @DavidLeeRoth… I remember seeing him in the 70’s with Van Halen at MSG and thinking to myself “There’s a new sheriff in town” Just amazing what he had evolved into in a few short years. On stage he’s still Diamond Dave! pic.twitter.com/eHWWknzhp5
— Paul Stanley (@PaulStanleyLive) August 20, 2021
A repercussão negativa fez com que Gene Simmons se desculpasse de forma pública com David Lee Roth. O baixista “linguarudo” afirmou ter sentido vergonha ao analisar o que havia declarado. Em entrevista ao Us Weekly, transcrita pelo Blabbermouth, ele disse:
“Lamento e me sinto envergonhado por ferir os sentimentos de David. Sou o cara que viu o Van Halen ainda em uma casa noturna, os trouxe para minha empresa de produção musical, levei-os a Nova York, produzi sua primeira demo e defendi a banda. Levamos David para abrir nossa turnê atual. Em entrevistas, tenho fluxo de consciência. Não quero chatear ninguém, mas, às vezes, tenho diarreia na boca.”
De fato, Gene Simmons é citado como o “descobridor” do Van Halen. Ainda em 1976, chegou a produzir uma demo da banda com o intuito de conseguir um contrato de gravadora para eles. O músico acabou não conseguindo porque precisava retomar suas atividades com o Kiss antes que pudesse se planejar melhor.
Como habitual em casos assim, Simmons tratou de culpar a imprensa ao publicar sua própria fala. Ele não nega ter dito o que foi divulgado, mas deu a entender que a citação foi tirada de contexto.
“Li a frase e, de alguma forma, a maneira como eles elaboraram... eu acho que falei algo tipo: ‘ninguém chegou ao nível de David em seu auge - nem Robert Plant, nem Mick Jagger, ninguém... ele era o rei’. E então, de alguma forma, houve uma transição para Elvis Presley pelado e inchado no chão, e eu não quero ver isso. Eu não estava falando de David, mas não importa - o que importa é que chateei David e isso é mais importante do que a intenção. Peço sinceras desculpas por isso. Não quis ferir seus sentimentos. Isso me lembra o tipo de cara que sai de um caminhão e diz: ‘ei, desculpe, não quis te atropelar’. Qual a diferença? Você foi atropelado.”
Por fim, o baixista e cantor do Kiss disse que suas falas não devem ser levadas a sério. Nem mesmo Roth.
“Não acho que alguém ligue para o que penso. É como deveria ser: tratar a todos de forma igual. Isso também vai me gerar problemas, mas... mesmo o Papa c#ga todos os dias. Não sou melhor do que você, nem você é melhor do que eu. E sentimentos - isso inclui o Papa, que é um cara legal - são humanos. Qualquer um pode te chatear. Você pode ser o rei, mas se alguém chegar e falar que você é ruim na frente de todos, você pode se chatear. Então, lamento por isso. Não quis chateá-lo. Mas do jeito que as palavras saíram, pude entender. Não era minha intenção.”
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