Guitarrista declarou que não estava disposto a abandonar o Brasil e sua família para embarcar em longa agenda de compromissos no exterior
Igor Miranda Publicado em 09/02/2023, às 18h12
Em 2015, muitos fãs brasileiros se surpreenderam com a notícia de que o guitarrista Kiko Loureiro, então integrante do Angra, entraria para o Megadeth. Porém, muito antes disso, o nome de outro representante nacional do instrumento foi envolvido com a banda americana: Pepeu Gomes.
O músico d’Os Novos Baianos, também consagrado em carreira solo, disse em uma entrevista ao falecido baterista Arthur Franquini (Forgotten Boys), no início dos anos 2000, que recebeu uma proposta do grupo liderado por Dave Mustaine. Na ocasião, ele também mencionou um convite por parte do Living Colour. Ambos, segundo ele, foram recusados.
Inicialmente, conforme transcrito pela Rolling Stone Brasil, Pepeu disse que recebeu uma “proposta indecente” por parte do Megadeth. O ano não foi revelado.
“Não fiz teste, na verdade eles fizeram uma proposta indecente. E eu não topei, porque... talvez se eles fizessem hoje eu até topasse, mas eu estava em outra. Sou um cara muito nacionalista e achei que o Brasil precisava mais de mim naquele momento do que participar do Megadeth. [...] Pelo que o produtor deles me falou, eles saem em turnê por um ano. É muito tempo. Eu não conseguiria ficar longe da família. E sou muito brasileiro. Mas me senti muito lisonjeado.”
Em seguida, o guitarrista disse ter sido convidado para fazer parte de uma reformulação do Living Colour. A banda havia rompido em 1995 e suas atividades foram retomadas no ano 2000, mas com o integrante original Vernon Reid na vaga que o brasileiro disse que seria dele.
“O baterista (Will Calhoun) me chamou, ele é amigo de uma pessoa em comum lá no Rio. Quando ele esteve no Brasil, ficamos amigos, fomos à Mangueira, levei em vários shows e ele sugeriu o meu nome. Através desse amigo, eles mandaram uma carta perguntando se eu não queria fazer parte do Living. Agradeci muito. Eu estava no meio da turnê do acústico que fiz pela (gravadora) Trama. Vira e mestre sempre aparece alguém procurando o Pepeu. Mas a vida está aí, a vida está recomeçando sempre.”
Ainda durante a entrevista, Pepeu Gomes disse que preferiria tocar com o Living Colour do que com o Megadeth. O motivo seria exclusivamente relacionado à sonoridade.
“Apesar de eu gostar mais do Living Colour do que do Megadeth. Acho que o Living Colour tem mais swing. E eu gosto muito do batera, ele é demais, muito f#da. Me balançou mais a proposta do Living Colour.”
Ele também foi convidado a refletir sobre ter espaço no Megadeth, uma banda de thrash metal com linhas de guitarra bem específicas.
“Teria, sabe por quê? Porque ia chegar com uma proposta diferente. Eu ia chegar mostrando uma guitarra que eles não sabem - ou melhor, não conhecem. Eu chegaria tocando de um jeito que eles não sabem tocar desse jeito. Então eles iam pirar com isso, entendeu? Eu ia chegar fazendo um solo de rock no cavaquinho, eles ficariam malucos. Foi o que eles viram no Rock in Rio e chamou a atenção. Eu peguei a guitarra, toquei, depois peguei o cavaquinho, tamanho menor, e fiz a mesma coisa. O cara me falou: ‘pô, como é que você faz em quatro cordas o que a gente faz em seis?’. Eu digo: ‘pois é’.”
Em 2015, durante um bate-papo promovido pelo Sesc Belenzinho e conduzido por Charles Gavin (Titãs), Pepeu Gomes foi convidado a relembrar do convite. Bastante à vontade, o guitarrista revelou mais detalhes da proposta. A transcrição é do site Ligado à Música.
“Quando me convidaram para o Megadeth, mandaram um cara aqui. Aí o cara falou: ‘você vai ganhar tanto por mês, escola para os seus filhos, vai morar em Londres’, porque lá era a base deles na época. E continuou: ‘só que é o seguinte, a gente faz de um a trinta shows por mês’. E eu falei: ‘e o cachê é o mesmo?’. O representante disse: ‘você ganhará mensal, cerca de 25 mil dólares’. Então o mandei para a p#ta que o pariu. Virei as costas e fui embora. Foi assim mesmo. Depois me chamaram para o Living Colour, também do mesmo jeito. Não sei, vivem me chamando, estão apontando para o cara errado.”
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Por fim, o músico elogiou a escolha do Megadeth por Kiko Loureiro, à época recém-anunciado.
“Agora acertaram, chamaram o Kiko Loureiro, que é do car#lho, já até mandei um recado para ele.”
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