A sempre essencial Rita Lee somou incontáveis hits em discografia cheia de álbuns marcantes
Paulo Cavalcanti Publicado em 09/05/2023, às 18h07
[Texto originalmente publicado na edição Nº 136 da Rolling Stone Brasil, de dezembro de 2017]
Nascida em São Paulo no dia 31 de dezembro de 1947, a icônica Rita Lee Jones há alguns anos encontra se aposentada dos palcos e dos estúdios. Desde então, ela se dedica a uma nova carreira como escritora e, em 2016, lançou sua elogiada autobiografia.
A influência de Rita Lee é imensurável. Nos anos 1960, ela era a figura serelepe dos psicodélicos Os Mutantes. Mas na década seguinte, quando a banda passou a se levar demasiadamente a sério, Rita foi dispensada. Ela não deixou por menos e virou uma hitmaker de mão-cheia, mostrando que não precisava dos antigos companheiros.
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Rita lançou uma série de álbuns que tiveram enorme êxito comercial. Esses discos revelavam o lado mais brincalhão e hedonista da música pop brasileira, e neles Rita imprimia um sotaque paulistano inconfundível. Ela também cantou de jeito peculiar e sensível à condição feminina.
Celebramos Rita Lee com uma seleção dos discos mais marcantes gravados pela verdadeira e eterna Rainha do Rock brasileiro.
Build Up ★★★★
Polydor 1970
O primeiro LP de Rita Lee foi lançado enquanto a cantora ainda fazia parte d’Os Mutantes. A ideia era que ela seguisse uma carreira solo em paralelo, e dessa forma a banda titular continuaria dando apoio
sonoro a ela no estúdio. O hit de Build Up foi uma versão de Nara Leão para o sucesso francês “Joseph”, que ganhou o nome “José”.
Hoje É o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida ★★★★
Polydor 1972
Este deveria ser um álbum d’Os Mutantes, mas devido a questões contratuais ele foi creditado somente a Rita, com a artista tomando conta da maior parte dos vocais. No LP, o espírito experimentalista e tropicalista seguia vivo. A mensagem da faixa-título mostrava-se premonitória.
Atrás do Porto Tem uma Cidade ★★★★
Philips 1974
Rita foi desligada d’Os Mutantes em 1974 e cortou relações com os integrantes. Ela começou do zero ao lado do grupo Tutti Frutti, liderado pelo guitarrista Luiz Carlini. Sem as restrições impostas pela banda,
Rita pôde liberar seu lado mais pop neste álbum que trouxe o hit “Mamãe Natureza”.
Fruto Proibido ★★★★★
Som Livre 1975
Trazendo uma pegada hard rock, o segundo trabalho da cantora com o Tutti Frutti destacou a emblemática “Ovelha Negra”, em que Rita já apontava que nunca seria alguém convencional. “Esse tal de Roque Enrow” (parceria com Paulo Coelho) e “Agora só Falta Você” também foram sucesso nesta estreia dela na gravadora Som Livre.
Entradas e Bandeiras ★★★★
Som Livre 1976
A abertura, “Corista de Rock”, já demonstrava a profissão de fé de Rita no gênero. A nova fase dela seguia de vento em popa, e as canções que fazia mostravam-se cada vez mais bem-humoradas e efervescentes. “Bruxa Amarela”, de Raul Seixas e Paulo Coelho, é outra boa surpresa do consistente
Entradas e Bandeiras.
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Babilônia ★★★★
Som Livre 1978
Repleto de melodias contagiantes, Babilônia também ganhou as rádios. Vários foram os sucessos do LP, como "Miss Brasil 2000” e “Jardins da Babilônia”.
Rita Lee ★★★★
Som Livre 1979
A cantora trocava as guitarras pelos teclados, algo evidente no hit “Mania de Você”. Roberto de Carvalho, novo marido de Rita, mostrava-se cada vez mais influente.
Rita Lee ★★★★
Som Livre 1980
Os singles arrasadores “Lança Perfume” e “Baila Comigo” confirmavam o êxito fenomenal de Rita. O álbum tem outras pérolas, como a ultrapaulistana "Ôrra Meu!" e a romântica “Caso Sério”.
Saúde ★★★★
Som Livre 1981
Este foi outro trunfo de Rita e Roberto. O espírito das velhas marchinhas de Carnaval se juntava
ao pop e à new wave. Ela estourou com as consagradas “Banho de Espuma” e “Saúde”.
Rita Lee e Roberto de Carvalho ★★★★
Som Livre 1982
“Cor de Rosa Choque”, tema de TV Mulher, antigo programa feminino da Rede Globo, foi o destaque.
A curiosidade é “Brazil com S”, com João Gilberto.
Bombom ★★★½
Som Livre 1983
A agitada abertura, “On the Rocks”, tornou-se a canção mais significativa de Bombom. Ao citar vários políticos da época de forma considerada pejorativa, “Arrombou o Cofre” teve a execução proibida nas rádios.
Rita Lee em Bossa ‘n’ Roll ★★★½
Som Livre 1991
Neste bem-sucedido registro ao vivo, Rita juntou a melodia do rock à batida da bossa nova, reinventando “Doce Vampiro”, “Baila Comigo” e “Ovelha Negra”, entre outros sucessos.
Rita e Roberto ★★★
Som Livre 1985
O hit “Vírus do Amor” marcou o trabalho, e nele Rita e Roberto tramaram um eficiente passeio pelo pop adulto. A sonoridade da década de 1980 se faz presente em “Noviças do Vício” e “Molambo Souvenir”.
Flerte Fatal ★★★
EMI 1987
Rita e Roberto seguiam a fórmula de sucesso. Aqui, é possível pinçar algumas coisas bem boas, como “Bwana” e “Pega Rapaz”. Rita relembrou a juventude com uma versão em português para o standard “Blue Moon”.
Zona Zen ★★★
EMI 1988
O rock “Nunca Fui Santa”, mais uma declaração de princípios por parte de Rita, tornou-se o carro-chefe de Zona Zen. A balada “Livre Outra Vez” e o synthpop “Cruela Cruel” também se destacaram neste LP com a cara dos anos 1980.
Rita Lee e Roberto de Carvalho ★★★
EMI 1990
Este disco, um pouco mais roqueiro, fechou um ciclo – Rita e Roberto separaram-se profissionalmente por um tempo. O country “Perto do Fogo” (parceria de Rita com Cazuza) sobressaiu.
Reza ★★★
Biscoito Fino 2012
Se Rita não mudar de ideia, Reza ficará marcado como o derradeiro trabalho de estúdio dela. Trata-se de um registro eclético, trazendo baladas, faixas com um verniz eletrônico, um pouco de MPB e, naturalmente, rock.
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