- Rockin' 1000 (Foto: Divulgação)

Rockin' 1000: Como morte de Taylor Hawkins impactou projeto? Criador responde [ENTREVISTA]

Fabio Zaffagnini, fundador do Rockin' 1000, relembrou que primeira versão da banda foi motivada pelo Foo Fighters em 2015

Dimitrius Vlahos Publicado em 01/10/2022, às 09h03

Rockin' 1000 chega ao Brasil pela primeira vez. A "maior banda do mundo" se apresenta em São Paulo na noite deste sábado, 01, no Allianz Parque. Reunindo músicos de 18 nacionalidades e de todas as idades, ideia é romper barreiras da arte e relembrar clássicos de uma nova forma.

Em entrevista exclusiva à Rolling Stone Brasil, Fabio Zaffagnini, criador do Rockin' 1000, relembrou que projeto começou para chamar atenção do Foo Fighters. Os moradores da cidade de Cesena, na Itália, queriam que a turnê da banda passasse por lá. Para isso, reuniram mil pessoas tocando "Learn To Fly" ao mesmo tempo, e a ideia funcionou. O grupo viu e alterou rota de shows para incluir a região.

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"A primeira performance foi por pura diversão e não tínhamos nenhuma expectativa para o projeto, além de conseguir a atenção do Foo Fighters. No entanto, assim que os músicos começaram a tocar a "Learn To Fly," percebemos que o que estávamos fazendo tinha uma força disruptiva e um significado muito mais profundo," explicou Fabio.

Com a morte de Taylor Hawkins em março deste ano, o idealizador explicou o que mudou e como o baterista ainda representa uma parte especial do Rockin' 1000:

Conhecemos Taylor em 2015, quando o Foo Fighters veio tocar em Cesena após nosso convite - tributo. Foi um encontro especial: estávamos todos muito emocionados, mas Dave e a banda nos trataram como velhos amigos. Taylor era muito curioso e divertido, ele tinha mil ideias malucas em mente sobre como fazer as coisas juntos, uma energia especial, que ainda sinto que está muito forte e muito presente.

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Sobre o setlist do show de hoje, Zaffagnini ressaltou que "Learn To Fly" estará presente, mas homenagens ao Brasil também devem aparecer - afinal, 871 dos mil músicos escolhidos são brasileiros, conforme Sued Lacerda, project manager da Fever, afirmou. Escolher entre o vasto repertório da MPB e rock nacional, no entanto, foi um desafio.

"Vamos tocar duas obras-primas, 'Metamorfose Ambulante' de Raul Seixas e 'A minha menina' d'Os Mutantes. Escolhê-los dentro do ilimitado repertório brasileiro foi uma tarefa muito cansativa e também... dolorosa!", confirmou Fabio.


Confira entrevista completa com Fabio Zaffagnini, criador do Rockin' 1000:

Ao criar o Rockin' 1000, você esperava que se tornasse algo tão grande, com turnês ao redor do mundo?
Não tínhamos a menor ideia! A primeira performance foi por pura diversão e não tínhamos nenhuma expectativa para o projeto, além de  conseguir a atenção do Foo Fighters. No entanto, assim que os músicos começaram a tocar "Learn to Fly," percebemos que o que estávamos fazendo tinha uma força disruptiva e um significado muito mais profundo. Não foi apenas uma homenagem, também não foi 'só' música, foi quase um rito libertador, que hoje une pessoas diferentes e libera felicidade.

Como era a seleção dos músicos e o que mudou de 2015 para cá?
A seleção de músicos não mudou, basta se cadastrar em nosso site, rockin1000.com, e nos enviar um vídeo através do qual nossos gerentes musicais, que chamamos de gurus, decidem se o candidato possui as habilidades para participar. O que mudou é que em 2015 eram cerca de dez inscrições por semana, agora alcançamos centenas de pessoas todos os dias!

Nos últimos anos desenvolvemos um sistema de gerenciamento de nossa comunidade que nos permite preparar e treinar todos remotamente, temos um aplicativo e uma plataforma de controle, sabemos se nossos músicos estão estudando ou não, podemos atualizá-los constantemente em tutoriais, partituras, tempos... o primeiro ano foi mais improvisado, mais caseiro, 'à moda antiga.'

A criação do Rockin' 1000 está diretamente ligada ao Foo Fighters. A morte de Taylor Hawkins afetou o projeto de alguma forma?
Conhecemos Taylor em 2015, quando o Foo Fighters veio tocar em Cesena após nosso convite - tributo. Foi um encontro especial: estávamos todos muito emocionados, mas Dave e a banda nos trataram como velhos amigos. Taylor era muito curioso e divertido, ele tinha mil ideias malucas em mente sobre como fazer as coisas juntos, uma energia especial, que ainda sinto que está muito forte  e muito presente.

Há alguma homenagem programada para a apresentação em São Paulo?
É a primeira vez que tocamos no Brasil e na América do Sul, e claro que também queremos celebrar a incrível música nascida neste país. Vamos tocar duas obras-primas,  'Metamorfose Ambulante' de Raul Seixas e 'A minha menina' d'Os Mutantes. Escolhê-los dentro do ilimitado repertório brasileiro foi uma tarefa muito cansativa e também... dolorosa!

Após atingirem o objetivo de levar Foo Fighters para a Itália naquela turnê, qual o novo objetivo do Rockin’ 1000?
O objetivo mudou ao longo do tempo, várias vezes, primeiro foi uma homenagem, depois um show, depois uma banda que carrega uma mensagem de amizade, colaboração, união e irmandade. Hoje somos uma comunidade internacional que conta com dezenas de milhares de músicos de todo o mundo e nosso objetivo é reunir cada vez mais pessoas, e fazê-las viver experiências inesquecíveis. Queremos tocar em todos os lugares, promover música e facilitar novos amigos.

O Rockin’ 1000 conseguiu mudar a rota de shows na Europa para reincluir Cesena?
Bem, Cesena  foi onde tudo começou,  mudamos o caminho da turnê do Foo Fighters. O nosso espaço continua lá e gostaríamos de voltar a tocar um dia, mas a nossa ambição é e sempre foi internacional, como a música, que não conhece fronteiras.

A escolha do setlist foi um desafio desde a primeira apresentação, quando optaram por "Learn to Fly" pela facilidade de coordenar tantos músicos juntos - além, é claro, de ser um dos hits do Foo Fighters. Como acontece essa escolha hoje em dia? Há alguma mudança específica para cada país, como a inclusão de faixas nacionais?
A equipe Rockin'1000 tem uma equipe musical especializada, que inclui músicos, mestres da música e criativos. A escolha das músicas deve levar em consideração muitos aspectos, musicais, técnicos, de conteúdo… são muitos os argumentos a serem feitos. Todas elas devem ser rearranjadas para serem tocadas a mil, no começo era tudo uma aposta, hoje, depois de 7 anos estamos muito mais habituados a esse desafio. Na nossa programação há músicas essenciais, como "Learn to Fly," mas sempre gostamos de explorar algo novo, tocar outros gêneros e homenagear o país que nos hospeda. Ultimamente também começamos a envolver músicos e nosso público na escolha - no Brasil, por exemplo, as músicas têm sido amplamente escolhidas pela nossa comunidade.

Como foi trazer o projeto ao Brasil e qual a sua expectativa?
Vir ao Brasil é um sonho, nunca imaginei vir do outro lado do mundo e de vez em quando paro para pensar quando saímos, aquele parque perto da minha casa. A expectativa é surpreender a todos, dar uma emoção inesquecível para todos e demonstrar mais uma vez que é possível unir as pessoas, independente de sua origem e formação, basta ter as intenções certas e usar uma linguagem adequada, e a música é uma das formas mais poderosas. 

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