Liderado por “Nosso Estranho Favorito” Billy Corgan, os Smashing Pumpkins uniram clássicos imunes à passagem do tempo a surpresas bem-vindas em um Espaço Unimed lotado no último domingo (3)
Felipe Fiuza, especialmente para a Rolling Stone Brasil Publicado em 04/11/2024, às 14h47
Quando o Smashing Pumpkins se apresentou no Brasil da última vez, em 2015, "Tonight Tonight" foi eleita um dos hits do Lollapalooza daquele ano. Nove anos depois, no palco de um Espaço Unimed lotado, em São Paulo, a atmosfera idílica da faixa do álbum Mellon Collie and The Infinite Sadness (1995) foi, também, um ponto alto, inalterado pelo tempo e na memória dos fãs.
Faz sentido que seja justamente a faixa sobre a passagem do tempo um dos picos apoteóticos do show entre os fãs do grupo de Chicago. Com mais de três décadas na estrada, a trupe de Billy Corgan volta ao Brasil com duas datas para a turnê The World Is A Vampire Tour – com show na Arena BRB Nilson Nelson dia 01 de novembro, além da apresentação em São Paulo –, que celebra a história do grupo, fenômeno do rock alternativo dos Estados Unidos nos anos 1990, enquanto acompanha sua evolução recente de álbuns como Atum: A Rock Opera in Three Acts (2022–2023) e Aghori Mhori Mei (2024).
Com isso em mente, chama atenção a presença da nova guitarrista Kiki Wong, que se une ao baixista Jack Bates, integrante do Smashing Pumpkins desde 2015, como as “novidades” para o público brasileiro. Mas os olhares aqui inevitavelmente se voltam para James Iha (guitarra) e Jimmy Chamberlin (bateria), da formação original, e para a performance, ao mesmo tempo séria e carismática de Corgan, com seu já conhecido visual peculiar usando um sobretudo preto com botões vermelhos, lembrando um padre de filme de terror.
A banda subiu ao palco às 20h15, com as músicas “The Everlasting Gaze”, do álbum Machina/The Machines of God (2000), e “Doomsday Clock”, de Zeitgeist (2007). Em seguida, entregou “Zoo Station”, cover do U2, que abriu caminho para que o solo inicial de “Today” transportasse os fãs de volta para os tempos celebrados de Siamese Dream (1993).
Foi o ponto de partida para que a banda lançasse mão do acervo de hits, que, alternados com faixas do extenso repertório do público, ganharam retorno animado do público presente: “Tonight, Tonight”, que veio na sequência de “That Which Animates the Spirit”, foi aplaudida por alguns minutos antes do encerramento; “Disarm”, que chegou após “Beguiled” e do hino “Ava Adore”. Em meio a outros covers - “Landslide” (cover de Fleetwood Mac) e “Shine On, Harvest Moon” (cover de Ruth Etting) - “Bullet With Butterfly Wings” e “Mayonaise” evocaram com precisão os espíritos mais roqueiros da era MTV.
Com instrumentos trocados praticamente a cada nova música, a banda segue com “Empires”, a belíssima “Perfect”, “Sighommi” e outro hit aguardadíssimo pelos fãs: “1979”. Entrando na reta final do show, vieram “Jellybelly”, “Gossamer”, “Cherub Rock” e “Zero” (outro clássico). No encerramento, a surpresa – um inesperado cover de “Ziggy Stardust”, com James Iha evocando David Bowie nos vocais.
A atração de abertura, o Terno Rei, revelou, emocionada, “ser a banda de abertura várias vezes, mas com certeza essa [para o The Smashing Pumpkins] era a mais especial”. Sensação facilmente ecoada por outros presentes, que tiveram, ali, um espetáculo inédito: no equilíbrio generoso entre legado e evolução, entre os clássicos e as pequenas surpresas, o Smashing Pumpkins fez acreditar que, para eles, o tempo realmente não passa.
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