"Me expressar por meio da arte é uma necessidade pro meu viver": aos 27, a artista baiana apresenta álbum com nove faixas inéditas
Dayw Vilar, especial para Rolling Stone Brasil. Publicado em 17/04/2024, às 11h40
A primeira impressão ao ouvir "No Meu Umbigo", disco de estreia da baiana Lavínia, a sensação é mergulhar num álbum de família. De uma boa família nordestina, plural em ritmos e fiel ao amor expressado de tantas formas. São nove faixas, todas compostas por Lavínia, com acentos de brega, xote, baião e até bossa-nova.
Para começar, o título, que também está presente numa faixa homônima, foi dada por ninguém menos que Caetano Veloso. Foi "de e uma ternura, de uma sorte. Em um Réveillon na sua casa eu lhe mostrei uma das músicas, em que cito o nome dele. Depois de escutar com toda atenção, sugeriu de pronto o título”, adiantou.
É um Nordeste em nove atos. "[Representa] o que eu amo, minhas vivências e memórias se confundem com a minha terra. Sinto que o Nordeste, a Bahia, estão refletidos em meu jeito de criar, de forma tão natural, intuitiva e orgânica, que nem saberia explicar como acontece. O lugar de onde venho me dá coragem. As minhas raízes são também as minhas asas, o que tenho de mais precioso".
Lavínia percorre a arte também como atriz. É formada na tradicional Faculdade CAL de Arte e Cultura, em Salvador, e integrou a companhia de Teatro de Vila Velha, uma das mais tradicionais da capital soteropolitana. Ela revela que essa paixão vem desde pequena.
"Desde que me entendo por gente tenho paixão pelo lúdico, pela fantasia, pela liberdade que o criar me propicia. E continuo a mesma menina que, quando pequena, inventava bandas, personagens, roteiros, criava mil melodias e não podia ver um palco que já estava lá. Mas comecei a encarar a arte como o meu ofício quando entrei no Teatro Vila Velha aos 17 anos. Me expressar por meio da arte é uma necessidade pro meu viver e a música é um canal maravilhoso pra isso".
"Eu te quero sempre viva, atenta, forte e bonita". Esse espírito livre da artista se reflete nas composições. No Meu Umbigo menciona a canção Nosso Estranho Amor (1980), de Caetano, e fala da liberdade de se amar, força e combustível para enfrentar os desafios de se lançar na carreira musical, que nem sempre é tão gentil com mulheres. Elas, inclusive, são parte de uma das faixas mais bonitas do disco: Conselho. A faixa foi criada depois de Lavínia ver uma amiga envolvida numa relação tóxica sem perceber. No som, a canção mescla poesia e desabafo ao lado de amigas, que cantam e recitam conselhos. "Estão ali mulheres de gerações e carreiras tão diversas. É uma música muito feminina que eu tenho muito orgulho, um sambinha gostoso com um recado importante para as mulheres”, falou.
Seu universo de referência é uma constelação forte. "Ser mulher é desafiador demais. Eu busco estar perto das mulheres porque nós nos encorajamos reciprocamente. Me inspiro em mulheres ousadas, destemidas, autênticas, que não se curvam para o que a sociedade nos impoẽ. Na música, amo a força de Cássia Eller, a irreverência doce de Rita Lee, a beleza de Gal. Alaíde Costa e sua voz apaixonante, um exemplo de uma mulher preta que teve sua carreira silenciada por muitas décadas e que sempre mereceu ocupar um lugar de protagonista na história da música brasileira".
No Meu Umbigo estreia no próximo dia 19 em todas as plataformas de streaming. Chega com participações de peso. Otto, seu namorado; além de Pupillo, Manoel Cordeiro, Edil Pacheco, Ivan Sacerdote, Beto Pacheco, a Banda de Pífanos de Caruaru, Luciano Salvador Bahia, Rovilson Pascoal e Apollo Nove.
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