Relato do guitarrista foi compartilhado até por um de seus colegas, Adrian Vandenberg
Igor Miranda Publicado em 08/09/2023, às 10h00
Quem se depara com entrevistas de Steve Vai ou mesmo tem a sorte de conhecê-lo pessoalmente, no geral, relata que o guitarrista é um cara tranquilo e gente boa. Músicos que trabalharam com ele em sua carreira solo também costumam elogiar sua personalidade.
Nem sempre foi assim. Especialmente no fim da década de 1980, Vai estava no topo do mundo ao ser reconhecido como um dos guitarristas mais brilhantes daquela geração — e acabou deixando o ego falar mais alto às vezes.
Isso ocorreu de forma mais notória durante sua breve passagem pelo Whitesnake, entre 1989 e 1990. Em declarações atuais, o músico reconheceu que era um tanto difícil de se lidar, ainda mais por ter sido contratado a “peso de ouro” pelo vocalista David Coverdale.
Em entrevista ao Vintage Rock Pod (via Ultimate Guitar / site Igor Miranda), o virtuoso contou inicialmente as razões que o levaram a entrar para o Whitesnake. Ele já começava a arquitetar a retomada de seu trabalho solo instrumental, sacramentada no álbum Passion and Warfare (1990), mas pensava que fazia mais sentido excursionar junto a um grupo com vocais.
“Àquela altura, pensei que faria muito mais sentido realizar uma turnê e um álbum com o Whitesnake. Foi no impulso mas, para minha sorte, gostava muito da música que eles estavam fazendo. [...] Amo grandes cantores. E Coverdale era um monstro. As composições para ‘Slip of the Tongue’ [único álbum da banda gravado por Vai] já estavam prontas, só precisava colocar as minhas guitarras.”
Em uma situação repleta de faculdades, foi o próprio Steve quem colocou dificuldades. O guitarrista citou que estava hipnotizado pela vida de rockstar e não reconheceu que, no fim das contas, ele estava se tornando uma pessoa difícil de se trabalhar.
“Se alguém era difícil, era eu. Fui um pouco ‘diva’. Vim da banda de David Lee Roth, com quem você aprende certas coisas, como navegar nos negócios, na imprensa e coisas assim. Além disso, eu tinha lançado ‘Passion and Warfare’. Estava bombando enquanto fazia a turnê com o Whitesnake.”
Em outra entrevista, de 2020, à Guitar World (via site Igor Miranda), Steve chegou a se definir como um “pretensioso” naquele período. Ele aproveitou a ocasião para exaltar os talentos e as personalidades de seus colegas.
“Os caras eram fantásticos. Rudy Sarzo (baixista) é o mais legal do mundo. Tommy Aldridge (baterista) é hilário e talentoso. Adrian Vandenberg (guitarrista) era fantástico, muito culto, e era um grande músico com ótimo timbre. E todos toleraram minha atitude e o fato de eu ser pretensioso.”
Adrian Vandenberg concorda. Colega de guitarras de Steve Vai no Whitesnake, Adrian Vandenberg concorda que não era nada fácil lidar com o parceiro. O relato foi dado à Guitar World (via site Igor Miranda). As discordâncias começaram logo nas gravações do álbum Slip of the Tongue (1989), das quais Vandenberg não participou porque havia sofrido uma lesão no pulso — embora tenha colaborado com as composições.
“Eu admirava Steve, mas já tinha uma visão prévia de como queria que as músicas no disco soassem: queria grandes guitarras rítmicas, licks melódicos e um pouco de blues. [Tocar ao vivo as músicas que ele havia gravado] Foi uma das coisas mais desafiadoras que já fiz. Levei algumas semanas para começar a apreciar o trabalho de Steve. Tive que superar minha frustração por não poder tocar as músicas como eu queria, mas depois que superei e me tornei próximo de Steve, passei a amar a forma que as canções ficaram.”
Ainda que não tenha repetido o sucesso do álbum homônimo de 1987, Slip of the Tongue ultrapassou a marca de um milhão de cópias vendidas nos Estados Unidos, garantindo disco de platina à banda. Deste trabalho, saíram como singles as canções “The Deeper the Love”, “Now You’re Gone” e uma releitura de “Fool for Your Loving”, originalmente lançada pelo grupo em 1980.
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