T-Pain reflete sobre racismo no country e revela medida tomada com suas composições (Foto: Getty Images) -
DECLARAÇÃO

T-Pain reflete sobre racismo no country e revela medida tomada com suas composições

“Rei do Auto-Tune” tem músicas feitas no estilo, mas pede que artistas responsáveis por gravá-las não lhe credite

Igor Miranda Publicado em 13/02/2024, às 09h00

Embora tenha ficado conhecido como o “rei do Auto-Tune”, devido ao uso frequente do programa de correção vocal para criação de efeitos, T-Pain vai muito além disso. O artista de hip hop/R&B já tem sete álbuns de estúdio lançados — um deles com covers que vão de Black Sabbath a Journey — e uma série de colaborações com outros artistas.

O músico americano, que fora do “business” se chama Faheem Rashad Najm, também desenvolveu carreira como compositor. No entanto, você não verá tão facilmente o nome dele assinado nas criações para outros artistas, especialmente do country. O motivo, segundo ele, está no racismo dentro desse estilo musical.

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Em uma publicação no Instagram (via American Songwriter), T-Pain chamou atenção para o problema. Inicialmente em seu relato, o cantor destacou que não se deve diferenciar música com base na cor da pele de quem a faz.

“Boa música é boa música. Não dou a mínima para o lugar de onde vem, ou de qual estilo é. Todas as pessoas que conheço acham que não é legal ouvir outros gêneros musicais. Mas a música country é de onde eu extraio todas as minhas harmonias. Música country e gospel – é daí que vêm todas as minhas harmonias.”

A observação do músico foi além com um apontamento que muitos não sabem: ele já escreveu uma série de canções country, inclusive para outros colegas. Essas criações, porém, não são creditadas — a pedido dele.

“Eu já escrevi muitas músicas country. Parei de receber o crédito por isso porque por mais legal que seja ver seu nome nesses créditos e coisas assim, o racismo que vem depois me fez concluir que devo apenas aceitar a grana. Não me coloque nessa m#rda, vou só pegar meu cheque, mano.”

Maren Morris e o preconceito no country

Outra artista, desta vez do próprio gênero, a falar abertamente sobre preconceito é Maren Morris. A cantora country pop, que tem deixado claro seu posicionamento progressista, disse em entrevista de 2023 ao Los Angeles Times que iria se distanciar do country. Segundo ela, a razão está no fato de que a indústria em torno do estilo musical se recusa a considerar a existência de machismo e racismo no segmento.

“Depois dos anos de governo do (ex-presidente americano Donald) Trump, os preconceitos das pessoas estavam em plena exibição. Isso apenas revelou quem as pessoas realmente eram e que elas tinham orgulho de serem misóginas, racistas, homofóbicas e transfóbicas.”

As declarações foram concedidas pouco tempo após duas canções country bastante divisivas terem feito sucesso nos Estados Unidos. “Try That in a Small Town”, de Jason Aldean, chegou ao topo da parada nacional após ganhar um clipe com cenas que pareciam comparar o movimento Black Lives Matter, que pede por igualdade racial, a criminosos.

Os trechos em questão foram retirados do vídeo, que ainda foi gravado em um local de mau gosto: o Tribunal do Condado de Maury, em Columbia, no Tennessee, onde um jovem negro foi enforcado em 1927 por justiceiros brancos que o acusavam de ter atacado uma mulher branca — ele, porém, nunca foi identificado como o suposto agressor. A letra também apresenta versos que fazem alusão a posicionamentos conservadores e nacionalistas.

Outro caso recente foi “Rich Men North of Richmond”, de Oliver Anthony. A canção se apresenta como um “hino dos operários”, mas diversos ultraconservadores se identificaram com um discurso que até mesmo se alinha às teorias conspiratórias QAnon, com referências a tráfico humano. O artista garante que a composição não tem lado político.

Rap racismo T-Pain

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