Dona do hit "telepatía," Kali Uchis ficou desapontada com seleção da MTV após grande sucesso
Dimitrius Vlahos (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 22/08/2021, às 14h00
A revelação dos indicados ao Video Music Awards (VMAs) de 2021 trouxe uma surpresa para Kali Uchis. A cantora estadunidense e colombiana, responsável pelo sucesso “telepatía,” não concorre em nenhuma das vinte categorias, mesmo após grande repercussão do single e destaque nas paradas da Billboard.
Kali reclamou no Twitter, mas apagou a publicação. No post, disse: “Ser deixada de fora da lista magoa, ainda mais depois do sucesso inegável [de "telepatía"].” Nos comentários, fãs brasileiros e de outros países lamentaram a decisão da MTV. Mas afinal, por que tanto espanto com a ausência de indicações para o VMA 2021? Confira quatro motivos pelos quais Uchis merecia uma indicação.
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A categoria de maiores chances para Kali Uchis era Melhor Clipe Latino. As músicas indicadas são, em sua maioria, de artistas de origem latino-americana. No entanto, o termo “latino” não é restrito a estes países, explicando a indicação de Rosalía, cantora espanhola concorrendo com “Lo Vas a Olvidar”, em parceria com Billie Eilish.
A decepção pela falta de indicação vem pelas motivações e estéticas do clipe de "telepatía". Kali investiu na representação de Pereira, na Colômbia, cidade onde passou a infância. As ruas serviram de cenário para a cantora enquanto cantava versos sobre amor e caminhava com uma bicicleta.
As raízes colombianas de Uchis foram destaque por todo o álbum e, em “telepatía,” o refrão chiclete em espanhol mostrou as barreiras quebradas pela cantora, agora, sem medo de cantar na língua materna. “Queria refletir as crianças e animais nas ruas, de forma improvisada. Apenas a beleza natural e mágica do país onde morei e chamei de lar durante toda minha vida,” afirmou no Instagram.
As cenas filmadas em Pereira exploraram tendências dos anos 2000, cada vez mais comuns em 2021. Uchis não é a única a valer-se da ideia - a virada do século apareceu na maquiagem e vestuário de clipes de várias cantoras, como Dua Lipa em Future Nostalgia (2020); musicalmente, o "flashback" tem ares pop-punk, como mostram Olivia Rodrigo e Willow Smith.
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Kali Uchis também aproveita influências pin-up, utilizadas por artistas como Katy Perry e Amy Winehouse - com quem, inclusive, foi comparada.
A gama de referências mesclada à personalidade e raízes de Uchis durante o clipe construiu uma estética única, destacando-se entre outros vídeos da própria cantora.
Embora houvesse expectativas para indicação ao VMA como Melhor Clipe Latino, Uchis também tinha chances em outras categorias, como Canção do Ano ou até Artista do Ano.
Tanto o hit “telepatía” quanto Sin Miedo (del Amor y Otros Demonios) (2020) foram bem recebidos pela crítica. O NME, ao avaliar a obra com quatro estrelas, disse: “As barreiras linguísticas não deveriam limitar nosso gosto pela música.” Para o Pitchfork, Uchis “ousa confiar em si mesma no disco mais honesto da artista,” enquanto o Beats Per Minute destacou a maestria da letra de “telepatía” para alternar entre inglês e espanhol.
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A artista ainda foi indicada em sete categorias do Billboard Latin Music Awards, incluindo Canção do Ano por “telepatía” e Novo Artista do Ano, além de receber o Grammy de Melhor Gravação Dance por “10%,” com Kaytranada.
Outro argumento a favor da artista colombiana é o gosto do público, responsável por escolher os vencedores dos VMAs. “telepatía” passou 24 semanas na Billboard Hot 100 e dominou a Hot Latin Songs, completando oito semanas no topo. Uchis segue em uma crescente nesse quesito desde Isolation (2018). No entanto, Sin Miedo (del Amor y Otros Demonios) (2020) foi responsável por elevar o patamar da cantora, trazendo os números mais expressivos da carreira.
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Assista ao clipe de "telepatía"
Kali Uchis nasceu em Vírgina, nos Estados Unidos, e tem pais colombianos. Durante a infância, alternava entre os países, inclusive cursou parte do ensino fundamental em Pereira, na Colômbia.
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Uchis chamou os holofotes para si desde o lançamento da primeira mixtape, Druken Babble (2012), quando ainda não vivia exclusivamente da música. Houve um desenvolvimento notório, passando pelo EP Por Vida (2015) - com produção de Diplo e BadBadNotGood - até chegar a discos mais recentes.
Isolation (2018) é repleto de colaborações, como Jorja Smith, Steve Lacy, Tyler, the Creator e Kevin Parker, e teve ótima recepção da crítica. A maioria das faixas é em inglês para inserção no mercado musical norte-americano.
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Já em Sin Miedo (del Amor y Otros Demonios) (2020), Kali Uchis decidiu assumir suas origens latinas, cantando em espanhol, explorando ritmos comuns da América do Sul, como o reggaeton - misturados às batidas do rap e trap - como em “¡aquí yo mando!”. O disco trouxe “telepatía”, responsável por tomar conta das redes sociais, principalmente do TikTok, nos primeiros meses de 2021.
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