A carreira de 60 anos do artista rendeu diversas faixas memoráveis
Rolling Stone EUA Publicado em 31/08/2019, às 11h00
Dos hinos de protesto dos anos 1960 que fizeram Bob Dylan uma estrela, passando pelas obras musicais noir dos anos 1990 e além, nenhum outro compositor contemporâneo produziu um trabalho tão vasto e profundo.
Ao mesmo tempo que as músicas do artista parecem antigas, elas também traduzem a força da modernidade.
Separamos as 10 melhores músicas de Bob Dylan. Confira:
A música pertence ao álbum Shot of Love (1981). “É uns dos grandes Salmos do David”, disse Bono sobre a música que conclui a fase cristã de Bob Dylan.
Com aspectos do misticismo e do cristianismo, a música de Dylan abandona a auto injustiça que atormentava o trabalho religioso do artista para enfim oferecer uma oração desesperada pela salvação.
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Dylan depois de algum tempo descreveu a canção como “uma música inspirante que simplesmente chegou até mim… Senti que estava finalmente liberando as palavras que vieram de outro lugar”.
“Visions of Johanna” é uma faixa do disco Blonde On Blonde (1966). A música é uma grande proeza, um avanço não apenas para o escritor, mas também para as possibilidades de composição.
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A canção traz o relato impressionista de uma noite em Nova York, rica em detalhes pictóricos e desejos eróticos. Os longos versos de Dylan trazem a descrição de uma mulher, a disponível Louise, e o desejo por Johanna, a mulher ideal mas ausente.
Johanna pode até não ser real, mas ela é um vício. A obra de arte obsessiva de Bob Dylan - ironicamente escrita depois do divórcio do artista em 1965 - representava uma paixão por si só.
A música é uma das faixas do álbum Bringing It All Back Home (1965). As letras de Dylan eram requintadas. Na época da faixa, o artista estava se encontrando como poeta.
“Mr. Tambourine Man” foi regravada pelo grupo Byrds e eles foram os melhores a traduzir a canção. Bob Dylan não imaginou a música do jeito que a banda de rock tinha. Quando o artista foi até o estúdio e escutou os integrantes tocando a nova versão, ele ficou empolgado.
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Escutar o novo formato de “Mr. Tambourine Man” provavelmente foi o que fez Dylan mudar para o rock.
A faixa é do álbum Bringing It All Back Home (1965). “Não sei como escrevi essa música,” Dylan disse em 2004 sobre “It’s Alright, Ma (I’m Only Bleeding)”. “Tente sentar e escrever algo assim. Fiz uma vez e consigo fazer outras coisas agora, mas não isso.”
A canção foi escrita no verão de 1964 em Woodstock. Ela é uma transição das letras políticas introduzidas por Dylan para um visão mais geral da “vida, e apenas a vida”. Em vez de apontar dedos para um defeito de certa cultura, a música destrói tudo o que é decrépito e assim declara que tudo é vaidade, hipocrisia e propaganda falsa.
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Ao falar sobre “It’s Alright, Ma” em 1980, Bob Dylan descreveu a dificuldade de entrar em “contato com a pessoa que você era quando escreveu as músicas… mas ainda consigo cantá-las e fico contente de saber que a escrevi”.
“I Shall Be Released" é do disco Bob Dylan’s Greatest Hits, Vol. 2, 1971. Com o conto sugestivo e simples de um prisioneiro ansioso pela liberdade, o hino do rock faz parte de um esforço consciente de Dylan em se distanciar das próprias obras dos anos 1960. O resultado foi uma das músicas mais amadas de Dylan.
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A música é do álbum John Wesley Harding (1967). Você poderia dizer que piadas e roubo são os dois pilares da obra de Dylan, já que a faixa é sobre um palhaço (que acredita estar sendo roubado) e um ladrão (que acredita que tudo é uma piada). “Watchtower” é uma das músicas mais assustadoras do artista graças à construção do arranjo.
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A leitura de Jimi Hendrix sobre a música é uma das únicas versões do trabalho de Dylan que afetaram permanentemente o jeito como o próprio artista de “Watchtower” toca a música.
A música pertence ao disco Blonde On Blonde (1966). “Just Like a Woman” é um retrato complexo da adoração e do desapontamento, escrito como vingança, mas cantado com arrependimento.
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Dylan nunca revelou a identidade da mulher que inspirou a música. Apesar disso, a canção foca mais nas próprias turbulências românticas do artista. A faixa, inclusive, é a primeira grande performance country-rock de Dylan.
“Tangled Up in Blue” é do álbum Blood On the Tracks (1975). “[Essa música] levou 10 anos para viver e dois anos para escrever,” dizia Dylan antes de tocar a música nos concertos.
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Dylan tocou a música de maneiras muito diferentes nos shows, mas raramente se desviava da encruzilhada perfeita da gravação. Nela, as verdades emocionais encontram o conforto eterno do folk norte-americano.
A música é do disco The Freewheelin’ Bob Dylan (1963) e é a maior canção de protesto do maior compositor de seu tempo: um épico de sete minutos que adverte contra um apocalipse.
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“Cada verso [da música] na verdade é o começo de uma canção inteira,” disse Dylan na época do lançamento da faixa. “Mas quando eu a escrevi, pensei que não teria tempo suficiente para escrever mais músicas, então coloquei tudo o que pude nessa.”
A letra de “A Hard Rain” não resulta em uma catástrofe, mas sim em Dylan descrevendo a tarefa como artista. O objetivo é cantar contra a escuridão sempre que a ver, ou seja, é “contar, pensar, falar e respirar isso” até que os pulmões queimem.
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“É mais do que genial,” disse Bob Weir, do Grateful Dead. “Acredito que os céus abriram e algo canalizou por ele [Dylan].”
“Like a Rolling Stone” do álbum Highway 61 Revisited (1965) leva o título de melhor música de Bob Dylan. Ela é o nascimento de um iconoclasta que dará ao rock a melhor voz e o melhor espírito vândalo. Após criticar as hipocrisias do corpo político, Bob Dylan começa agora a atacar inimigos mais familiares: a cena, a alta sociedade e as pessoas bonitas que pensam conquistarem tudo.
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Em “Like a Rolling Stone”, Dylan não fala das próprias hipocrisias - isso viria depois. No entanto, o “nós” e “eles” introduzidos na música não estão delimitados de forma clara como nos discos anteriores.
Para alguns, a década de 1960 foi a revolução. Quando o desejo de se comunicar encontra de forma igual e oposta a urgência em não se comprometer para se comunicar, é quando o rock & roll acontece. E isso é o que Dylan alcançou em “Rolling Stone”, o perfeito balanço entre as duas ideias.
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Essa música radical foi hit no rádio e o mundo mudou a partir da voz excêntrica, o espírito romântico e alguém que se importava o suficiente com um amor não correspondido para escrever uma crítica tão devastadora.
Bono escreve: “Amo ouvir uma música que transforma tudo. É por esta razão que estou em uma banda: ‘Heroes’ de David Bowie, ‘Rebellion (Lies)’ de Arcade Fire, ‘Love Will Tear Us Apart’ de Joy Division, ‘Sexual’ de Marvin Gaye, ‘Smells Like Teen Spirit’ de Nirvana e ‘Fight the Power’ de Public Enemy. No entanto, no topo dessa família disfuncional está o rei cuspindo fogo, o dono da beleza e verdade, nosso próprio Willy Shakespeare em uma camisa. É por isso que todo compositor depois dele carrega sua bagagem e por isso que esse humilde bardo irlandês levava orgulhosamente a própria bagagem. A qualquer dia”.
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