A produção sul-coreana dirigida por Bong Joon-ho entrou para a história por ser o primeiro longa não falado em inglês a ganhar o prêmio de Melhor Filme
Redação Publicado em 10/02/2020, às 09h43
Parasita foi o grande vencedor do Oscar 2020 (veja aqui a lista completa dos vencedores), e surpreendeu até as mais precisa das previsões para a maior premiação da indústria do cinema.
O filme sul-coreano dirigido por Bong Joon-ho, além de ganhar o maior número de estatuetas (quatro, nas categorias de melhor direção, filme internacional, roteiro original e melhor filme), ainda entrou para a história por ser o primeiro longa não falado em inglês a ganhar o prêmio principal da noite.
E para homenagear essa enorme e importante conquista não apenas para a indústria do cinema, mas também para a cultura mundial no geral, selecionamos 13 curiosidade que representam perfeitamente a maestria de Parasita.
Em 2013, quando foi inicialmente criada por Bong Joon-ho, a trama seria contada, na verdade, com uma peça de teatro. O palco seria dividido entre as duas casas que aparecem no filme.
Em uma entrevista ao The Hollywood Reporter, o diretor e roteirista vencedor do Oscar Bong Joon-ho contou que o título do filme, anteriormente, seria Decalque.
E explicou por que: "Quando você olha para o resultado de um decalque, os dois lados parecem idênticos à primeira vista. Mas, se olhar com atenção, verá que existem diferenças. Isso meio que explica algo sobre as duas famílias do filme."
Bong Joon-ho admitiu que a ideia para a história veio da própria vida dele. Na época da faculdade, o cineasta, que não veio de uma família com muito dinheiro, dava aulas para o filho de um casal rico, e com uma certa frequência sentia como se estivesse "espiando" eles.
Inclusive, o caso da sauna particular, representada em Parasita, aconteceu de verdade, nessa casa em que o diretor era tutor.
Os atores Choi Woo-shik e Song Kang-ho não sabia nada sobre o filme quando aceitaram os papéis.
Os dois já haviam atuado em outras produções de Bong Joon-ho e confiavam plenamente nele para não precisarem nem ler o roteiro antes de topar fazer parte do longa.
Choi Woo-shik participou de Okja, filme da Netflix, e Song Kang-ho em Memórias de Um Assassinato, The Host e Snowpiercer.
"Não havia alternativa. Só ele poderia fazer o papel", disse o diretor sobre o astro Song Kang-ho. O cineasta até chegou a admitir que, caso o ator recusasse participar de Parasita, o projeto teria sido cancelado, pois não havia outra alternativa.
Os responsáveis pela tradução do filme tiveram que quebrar a cabeça para inventar a palavra "ram-don", nome de um prato mencionado em Parasita.
E por que foi tão difícil? Bom, porque o nome original da refeição é "jjapaguri", junção do nome de duas marcas de macarrão instantâneo utilizados no preparo: um com tempero de feijão preto e o outro de frutos do mar condimentados.
No idioma original, na cena em que o pai olha os documentos de universidade falsificados, ele diz: "Nossa, a Universidade Nacional de Seul também tem graduação em falsificação de documentos?". Mas na legenda em inglês, a instituição de ensino superior é mudada para Oxford".
O diretor e o tradutor concordaram com a alteração, para que a piada tivesse efeito imediato entre o público estrangeiro.
No Festival Internacional de Toronto, Bong Joon-ho contou não ter reparado inicialmente a presença recorrente e marcante da água na trama, mas ficou satisfeito ao perceber isso.
Ele disse que o elemento "não é importante por si só, [mas] corre de cima para baixo, e serve como um elemento trágico e dramático no filme". Ele acrescentou também que "a água sempre flui dos mais ricos para os mais pobres, nunca ao contrário".
Lee Jeong-eun, atriz que interpreta a governanta Moon-gwang em Parasita, também já havia trabalhado anteriormente com o diretor.
Foi ela quem deu voz ao personagem Okja, no filme de mesmo nome feito por Bong Joon-ho, em 2017 para a Netflix.
A música que os personagens Kim Ki-jung e Kim Ki-woo cantam antes de entrarem na residência dos Park, na já icônica cena "dos dedinhos", é realmente uma canção comum na Coreia do Sul, usada pelas crianças as ajudarem a memorizar coisas.
O diretor contou à GQ que, na cena em que Kim Ki-jung fuma um cigarro sentado na privada que transborda, a pressão com que a água saía do vaso sanitário foi testada pela equipe de efeitos visuais, para que correspondesse à pressão ideal de um esgoto.
"A equipe de efeitos especiais se preparou bastante para criar a cena", contou Bong Joon-ho.
Apesar de ser o sonho de Kim Ki-woo, levaria cerca de 540 anos para ele conseguir comprar a casa em que está preso no final do filme. O cálculo, feito pelo próprio diretor, foi calculado com base no salário médio do personagem.
A casa e a vizinhança onde mora a família Kim foram montadas em um set que também funciona como aquário, com o auxílio de telas de chroma-key.
A mesma técnica também foi usada para a casa dos Park. Apenas o quintal e o primeiro andar foram construídos em um terreno baldio em Jeonju, na Coreia do Sul, e o chroma-key foi aplicado ao segundo andar. Os quartos que ficam ali foram contruídos separadamente em um estúdio.
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