Alisha Boe, Brandon Flynn e Christian Navarro acreditam que a série nunca foi apenas sobre suicídio
Fernanda Talarico Publicado em 18/05/2018, às 09h18 - Atualizado em 19/05/2018, às 02h00
Uma estudante do colegial chamada Hannah Baker comete suicídio e deixa 13 fitas endereçadas às pessoas envolvidas nos acontecimentos que a levaram a essa decisão. As mensagens póstumas contam não apenas segredos de uma menina de 16 anos, são relatos de abusos e crimes. Este é o mote de 13 Reasons Why, que retorna à Netflix nesta sexta, 18, para a segunda temporada, com a promessa de sanar as dúvidas e explicar as pontas soltas remanescentes. Baseado inicialmente no livro homônimo do autor Jay Asher, esta nova leva de episódios parte de uma história totalmente nova, escrita para a TV, já que a trama da obra literária já se esgotou (e foi alterada no fim da primeira temporada com a intenção de criar ganchos para mais capítulos). Tudo recomeça mais ou menos seis meses após o final da primeira temporada. Mas mais sobre isso na nossa crítica, que sai em breve.
Desde que foi lançada, a produção chama atenção dos fãs de séries, curiosos e profissionais de saúde. Os assuntos abordados são polêmicos e os roteiros mostram com certa crueza os problemas que adolescentes enfrentam.
Para Christian Navarro, ator que dá vida a Tony Padilla, o guardião das famigeradas fitas de Hannah Baker, a série nunca tratou apenas de suicídio. “É sobre você se tornar uma pessoa melhor depois que tragédias acontecem”, conta Navarro em entrevista à Rolling Stone Brasil. “Agora é também sobre essa superação pessoal. Acho que, como atores, nós sabemos que uma série como esta pode ser um veículo de mudança social, ou ao menos algo que introduz a conversa. Sabemos o impacto e a responsabilidade que temos.”
Outro assunto delicado no qual 13 Reasons Why toca (e sobre o qual coloca um holofote ainda mais forte na aguardada segunda temporada) é o abuso sexual. Alisha Boe interpreta Jessica Davis, jovem que é estuprada enquanto estava inconsciente em uma festa. Para a atriz, o momento de ascensão de movimentos feministas, como o #MeToo, é ótimo para que a conversa sobre visibilidade e dar voz para as vítimas esteja acontecendo. “Acabamos de ver o julgamento do Bill Cosby e ele foi condenado, as ginastas olímpicas [norte-americanas] foram ouvidas e o abusador delas foi preso, isso é incrível. As sobreviventes estão sendo ouvidas, e a série mostra isso: o mundo tem que parar de calar as pessoas que sofrem, a vítima sempre tem que ter voz. A Jéssica sobreviveu a um acontecimento horroroso. Foi difícil, mas ela conseguiu.” Os novos episódios trazem uma nova Jéssica, muito diferente da que o público conheceu. “O que mais partiu meu coração foi saber que ela era uma garota muito feliz, se aproveitaram dela e, com isso, de sua felicidade. A vida dela inteira mudou. Foi muito traumático, isso muda uma pessoa. Quero que quem assista à série entenda como as ações do dia-a-dia afetam profundamente quem está ao redor”, afirma Alisha. “Eu estava muito empolgada para voltar a gravar e descobrir o que as revelações do final da primeira iriam desencadear. Quando peguei o roteiro na mão eu fiquei chocada!” A personagem cresceu muito de uma temporada para a outra, mesmo que já tivesse um papel de destaque. Para Alisha, há a necessidade de continuar explorando a sanidade mental, afinal “não são muitos produtos audiovisuais que estão falando disso e, muito menos com o realismo com que 13 Reasons Why trata de tudo isso. Esse tipo de coisa horrível acontece muito com meninas de 16 anos, não adianta a gente fingir que não. Precisamos sim discutir sobre isso, é importante para mim".
As gravações do segundo ano demoraram sete meses e, segundo Brandon Flynn, ator que vive Justin Foley, muitas coisas aconteceram enquanto isso. “O movimento #MeToo tomou forma, saiu das redes sociais, e, se por um lado eu me senti excluído, por estar trabalhando todos os dias, por outro lado estava criando algo que era um espelho dessa mesma sociedade que precisa ser criticada. É uma honra imensa”. Justin é chave importante na narrativa, pois ele passa, desde a primeira temporada, por um processo de redenção que envolve os amigos, a namorada, Jéssica, e ele próprio.
A amizade entre o elenco de 13 Reasons Why é algo perceptível para qualquer um que os siga nas redes sociais. Mas os temas com os quais eles precisam lidar são tão pesados que mesmo em um ambiente amigável era necessário contar com acompanhamento de um profissional. “Tínhamos uns aos outros nas gravações, e isso era muito bom. Se você quer fazer um trabalho bom, você tem que ter seus amigos com você”, relata Flynn. “Mas, como ator, você precisa ter um psicólogo para te ajudar”. Alisha aproveitava o tempo livre entre as gravações e ia à academia ou cozinhava. "Era o que eu mais gostava de fazer, era como eu mantinha minha saúde mental. E o engraçado é que eu nunca entendia quem dizia que ‘levava o personagem para casa’. Eu sempre pensava ‘vai comer alguma coisa, isso é frescura’, até que consegui o meu primeiro grande papel, que foi a Jéssica. Você percebe que você não vai simplesmente sair do set e se conectar ao mundo real novamente, é loucura mesmo.” Navarro, por sua vez, conta que o melhor jeito que encontrou para se manter saudável foi adotar uma cadelinha chamada Daenerys, em homenagem à personagem de Game of Thrones. “Ela é tudo para mim”, ele se derrete. Por coincidência, os três atores adotaram cachorros durante as gravações da primeira temporada.
Os vídeos em que o elenco aparece recomendando que a audiência não assista a certos episódios são uma das novidades que já foram anunciadas. Depois que 13 Reasons Why recebeu um enorme número de reclamações a respeito de uma falta de cuidado com “gatilhos”, momentos da trama com potencial para despertar problemas em pessoas que sejam mais sensíveis a temas específicos, o time de atores aparece no começo de alguns capítulos fazendo alertas. “Em uma série como esta, você aprende que a responsabilidade não acaba quando as gravações terminam. Você continua tendo que lidar com este assunto sempre, porque ele é muito sério”, conta Flynn. “Somos embaixadores da série e podemos estar em qualquer lugar do mundo e ainda seremos representantes dela”, diz Navarro. Alisha não se mostra surpresa: “essa sempre foi nossa intenção, fazer com que as pessoas falem sobre assuntos que não podem ser tabu”.
Os mistérios deixados em aberto pela primeira temporada foram muitos, as fitas viraram fotos polaroides e, aparentemente, os problemas estão tomando proporções muito maiores. Hannah Baker foi só o começo e, a partir desta sexta, 18, os mistérios que 13 Reasons Why finalmente poderão ser esclarecidos.
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