- The Shirelles em 2010 (Foto: Mike Coppola / Getty Images)

17 mulheres negras que definiram o rock and roll - mas você ainda não conhece

Descubra quais são os nomes femininos mais importantes do rock - muitas vezes deixados de lado

Rolling Stone EUA. Tradução: Felipe Grutter | @felipegrutter e Mariana Rodrigues | @marigues_ (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 08/03/2021, às 19h45

Para celebrar o Dia Internacional da Mulher nesta segunda, 8, a Rolling Stone Brasil selecionou algumas mulheres responsáveis por definir o rock n’ roll - e (provavelmente) você ainda não as conhece.

Assim como em vários gêneros da música (e outros setores da sociedade, infelizmente), o rock é composto predominantemente por homens. Por conta do machismo presente na indústria, muitas mulheres talentosíssimas passam despercebidas para o público.

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Além disso, mulheres negras sofrem mais dificuldades e os caminhos para reconhecimento e fama são mais difíceis de serem trilhados. Entretanto, isso não as impediu de fazer história não apenas no rock, mas na música.

Para celebrar vida, luta e carreira dessas artistas, veja 17 artistas negras que definiram o rock n’ roll, como Sister Rosetta Tharpe, LaVern Baker e The Shirelles:

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Sister Rosetta Tharpe

Sister Rosetta Tharpe estabeleceu as bases para a música popular moderna com violão pioneiro e vocais eufóricos em canções de rock e gospel como "Didn't It Rain," "Strange Things Happening Every Day" e "Up Above My Ahead." 

Nascida em Arkansas em 1915, Tharpe influenciou diretamente vários músicos, como Chuck Berry, Elvis Presley, Dylan, Beatles, Brittany Howard e Yola, quem interpretará a cantora na próxima cinebiografia de Elvis, dirigida por Baz Luhrmann.

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Em 1945, Tharpe convidou um jovem Little Richard ao palco para se apresentar com ela - mais tarde, Richard descreveria o momento como “a melhor experiência que já aconteceu comigo.”


Odetta

Muito antes de Bob Dylan, Phil Ochs e Peter, Paul e Mary, existia Odetta. Nascida no Alabama, começou a combinar música folk com blues e jazz no disco de estreia The Tin Angel (1954) - e não parou até a morte em 2008. 

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Nos anos 1960, a música da artista impulsionou movimento pelos direitos civis. Também cantou ao lado de Martin Luther King Jr. durante a marcha de 1963 em Washington. “Meu despertar no canto folk foi Odetta,” disse Bob Dylan em 1978. “Na mesma hora, saí e troquei minha guitarra elétrica e amplificador por um violão.”


Martha and the Vandellas

Singles imortais como "Heat Wave," "Nowhere to Run" e "Dancing in the Street" (o qual pedia para um Estados Unidos dividido união na música e dança), nos mostram como a produção de Martha and the Vandellas era tão potente quanto eterna.

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“Cantando na igreja quando era uma garotinha, [a vocalista Martha Reeves] realmente aprendeu como se sair bem,” disse o vocalista do B-52, Fred Schneider. "Nunca ouvi uma voz tão poderosa.”


Alice Coltrane

O mundo conheceu Alice Coltrane com o trabalho na última banda do marido, John. Mas 40 anos após a morte dele, em 1967, a artista tornou-se um ícone por si só.

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Do final dos anos 1960 até o final dos anos 1970, em série de discos solo reveladores com a presença de harpa e piano - incluindo Journey in Satchidananda (1971), o qual ganhou lugar na lista dos 500 melhores álbuns da Rolling Stone EUA - Coltrane esboçou uma estética incrivelmente original, igualmente inspirada por jazz modal, R&B e música clássica indiana.

Mesmo depois de construir um ashram (na antiga Índia um eremitério hindu onde os sábios viviam em paz na natureza) e se afastar da vida secular, a influência de Alice Coltrane continuou a se espalhar e influenciou desde o Radiohead até a dupla de art-metal Sunn O))).

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The Blossoms

The Blossoms não apenas são anteriores à era dos grupos femininos do início dos anos 1960, mas quase anteriores ao próprio rock & roll, porque começaram a lançar música em 1954 sob o nome Dreamers.

Fizeram sucesso como backup para cantores como Sam Cooke e Frank Sinatra - e continuaram muito depois de Phil Spector transformar Darlene Love, cantora do Blossoms, em uma estrela solo.

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Anos depois, continuaram a trabalhar e apoiar nomes como Tom Jones e até mesmo Elvis Presley no lendário especial de retorno em 1968. Apenas os verdadeiros obsessivos por música conheciam o trabalho delas até o documentário A Um Passo do Estrelato (2013) contar a incrível história do grupo.


The Ronettes

O single "Be My Baby" de 1963 das Ronettes é uma das maiores conquistas da história da música pop - é impossível imaginá-lo sem a performance vocal do vocalista Ronnie Spector. O estilo característico da banda impulsionou todas as melhores músicas, como "Baby, I Love You" e "Walking in the Rain."

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“Podiam cantar através de uma parede de som,” disse Keith Richards ao introduzir The Ronettes no Hall da Fama do Rock and Roll. “Não precisavam de nada. Tocaram meu coração ali mesmo e ainda tocam.”


The Supremes

Por um período em meados dos anos 1960, nem mesmo Beatles ou Beach Boys colocaram mais singles de sucesso nas rádios do que as Supremes. Canções imortais de Diana Ross, Mary Wilson e Florence Ballard (mais tarde acompanhadas por Cindy Birdsong) - como "I Hear a Symphony," "Baby Love," "My World Is Empty Without You" e outras - definiram a estética do grupo para sempre.

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LaVern Baker

Após crescer em Chicago na década de 1930, LaVern Baker colocou 20 sucessos no Top 40 das paradas R&B, começando com “Tweedle Dee”, de 1995. Baker misturou um pouco de rock 'n roll, pop, blues e R&B nos clássicos de meados de 1950 como “I Cried a Tear” e “Jim Dandy,” este tornou-se seu maior sucesso e posteriormente foi nomeada pela Rolling Stone EUA como uma das 500 Melhores Músicas de Todos os Tempos.

Em 1991, Baker tornou-se a segunda mulher da história a ser incluída no Hall da Fama do Rock and Roll. “Podemos ouvir a alma, espírito e senso de humor na arte dela,” disse Chaka Khan na cerimônia.

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Merry Clayton

Conhecida por criar o refrão imortal dos Rolling Stones “Gimme Shelter,” Clayton se tornou uma das mais distintas vocalistas do rock em meados do Século XX, oferecendo uma série de discos solos na década de 1970 (como a versão de 1972 de “Oh No Not My Baby” e a interpretação profunda de “Southern Man” de Neil Youngs) e fazendo backing vocals para todo mundo como Lynyrd Skynrd (“Sweet Home Alabama”), Carole King (Tapestry) e Allen Toussaint.

“Sempre quis abençoar as pessoas com minha voz, pois é um presente de Deus,” Clayton disse em 2015 após sofrer um grave acidente e perder o movimento das pernas. “Ainda estou elegante, e quer saber, ainda tenho minha voz.”

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The Shirelles

O cenário dos girl groups dos anos 1960 teriam evoluído de maneiras inimagináveis sem a influência das Shirelles. Formadas em 1957 em uma escola no Passaic, New Jersey, escreveram o primeiro single “I Met Him on a Sunday” e depois trabalharam com nomes como Carole King/Jerry Goffin e Luther Dixon/Shirley Owens nas obras-primas “Will You Still Love Me Tomorrow” e “Tonight’s the Night.” Eram músicas com temas muito adultos, mas cantavam de maneira inocente e maravilhosa. Até mesmo os Beatles eram grandes fãs e fizeram cover “Baby It’s You” and “Boys.”


Labelle

Este trio vocal fundamental, o qual inclui Patti Labelle, Sarah Dash, e Nona Hendryx era mais conhecido pelo grande sucesso de bilheteria “Lady Marmalade.”

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Mas elas, que começaram na tradição de girl-groups como as Ordettes (posteriormente, as Bluebelles) na década de 1960, redefiniram como um grupo vocal poderia soar e cantar em uma série de álbuns inovadores incluindo Moonshadow (1972) e o clássico Nightbirds (1974).

“A ideia era os artistas cantarem como vivem e escrever a música que vivem,” Hendryx disse em 2008. “Nós realmente as tratamos como uma banda, não um girl group… Três mentes, mas uma única mente ao mesmo tempo.”

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Ma Rainey

Gertrude “Ma” Rainey provavelmente não inventou o blues, como às vezes afirmava. Mas as evocações de alegria, força e humor da cantora diante da dor e opressão ajudaram a definir o gênero emergente do começo do Século XX. Seu desafiante e independente espírito e bissexualidade assumida fizeram de Rainey um ícone feminista e representativo para a nascente comunidade LGBTQ+.

Através das quase 100 gravações feitas em sua vida, abriu caminho para gerações de músicos prontos e dispostos a mostrar sua alma. “Ela possuía os ouvintes,” escreveu o diretor musical de Ma Rainey, Thomas A. Dorsey, em memórias não publicadas. “Eles balançaram, balançaram, gemeram e gemeram, enquanto sentiam o blues com ela."

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The Crystals

The Crystals são frequentemente esquecidas quando críticos e fãs pesquisam sobre os melhores girl groups de todos os tempos, mas a sequência de sucessos de 1961 a 1964 fala por si só: “There’s No Other (Like My Baby),” “Uptown,” “He’s Sure the Boy I Love,” “He’s a Rebel,” “Da Doo Ron Ron,” e “Then He Kissed Me.”

A escalação mudou muito nesse curto espaço de tempo, e Darlene Love foi contratada para “He’s a Rebel,” mas a voz doce de Dolores “LaLa” Brooks quem cantou a maior parte dos clássicos, incluindo o sublime “Then He Kissed Me,” gravado quando tinha apenas 16 anos. Se as Ronettes e Darlene Love estão no Hall da Fama, as Crystals certamente merecem um lugar também.

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Bessie Smith

Conhecida como a Imperatriz do Blues, Bessie Smith desempenhou um papel singular na popularização do estilo com grandes sucessos como “Downhearted Blues,” (1923) “The St. Louis Blues,” (1925) e “The Careless Blues” (1952). “Ela me mostrou o ar e me ensinou como preenchê-lo,” Janis Joplin uma vez disse sobre a cantora nascida no Tennessee em 1890, responsável por formar não só o blues, mas também o jazz e o rock & roll.

Em 1998, Angela Davis escreveu como cantoras do estilo de Smith e Ma Rainey “celebraram e valorizaram a vida da classe negra trabalhadora enquanto contestavam as suposições patriarcais sobre os lugares das mulheres na cultura dominante e nas comunidades afro-americanas.”

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Mahalia Jackson

Artista gospel mais importante do Século XX promoveu uma trilha sonora para o movimento dos direitos civis - sua versão de "Precious Lord, Take My Hand" de Thomas Dorsey era a música favorita de Martin Luther King Jr. - e inspirou lendas como Aretha Franklin e Mavis Staples.

Nascida em Nova Orleans e posteriormente estabelecida em Chicago, Jackson esteve à frente a modernização e popularização do evangelho de 1930 a 1950. Sempre que MLK convidava Jackson para cantar em um evento, a cantora comparecia. “Colocava a carreira e a fé em jogo,” como o Reverendo Jesse Jackson lembraria mais tarde, “e as duas prevaleceram."

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Poly Styrene

Marianne Joan Elliot-Said invadiu a cena predominantemente branca do punk nos anos 1970 - renomeando a si mesma como Poly Styrene, nova vocalista icônica da banda londrina X-Ray Spex. Filha de mãe escocesa-irlandesa e pai somaliano, Styrene misturou saxofone, reggae e rock com Spex para criar uma versão do punk digna de ser sucessora do Sex Pistols enquanto as levava para longe.

Victoria Ruiz, de Downtown Boys, segue os passos dela, apontando como "enquanto os descritores favoritos de X-Ray Spex nos livros de história incluem 'mulher' ou 'mulher de cor', a influência de Styrene é evidente no punk e rock como um todo, do movimento Riot Grrrl, dos anos 1990, ao Girl Talk.”

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Betty Davis

Conhecida como a fada madrinha do funk, Betty Davis ainda é uma das melhores provocadoras da música. Casou com Miles Davis na época de modelo, o introduzindo a Jimi Hendrix, Sly Stone, e ao movimento contracultural psicodélico inspirador do icônico álbum Bitches Brew (1970).

Nos álbuns dos anos 1970 - nomeados como They Say I'm Different e Nasty Gal - Davis foi assumidamente turbulenta e provocativa, e o estilo atrevido resultou em boicotes e proibições. Parou de lançar músicas no final da década, estabelecendo uma vida muito mais tranquila. Mas o impacto em fazer músicas selvagens continuou.

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“Nunca vou me comprometer enquanto garotas como Donna Summer e Patti Labelle fazem o que fiz três anos atrás”, disse em rara entrevista em 1977. “Quando as vejo fazer discos de ouro e mais dinheiro com minha criação, entendo minha validade.”


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