Selecionamos obras lançadas em janeiro de 1980, e que apesar de não serem lembradas como marcos musicais daquele ano, transbordam paixão e criatividade
Igor Brunaldi (@igg.zz) Publicado em 27/01/2021, às 17h02
Assim como em todo e qualquer ano, milhares de discos são lançados ao longo dos 12 meses que compõem cada novo ciclo. Sendo assim, a tarefa de (tentar) ouvir tudo é, infelizmente, impossível, para a tristeza dos fanáticos por música.
Com tantos lançamentos anuais, vão sempre existir aqueles álbuns que conquistam mais a atenção do grande público, e consequentemente se tornam clássicos daquela época.
Dizer isso, porém, jamais vai significar que discos menos mencionados de fato merecem menos atenção. Significa que, por causa dessa montanha que é a produção na indústria fonográfico, sempre haverão diamantes soterrados.
Com isso em mente, selecionamos quatro discos que completaram 41 anos em janeiro de 2021. Não são trabalhos frequentemente lembrados como marcos musicais dos anos 1980, mas merecem destaque pela qualidade, criatividade e paixão que apresentam pela arte.
Laraaji é o nome artístico de Edward Larry Gordon, multi-instrumentista nascido em 1943, nos Estados Unidos, e que ficou conhecido por suas composições complexas e de precisão milimétrica entrelaçando cítara, piano e mbira, instrumento tradicional de povos antigos do Zimbábue.
Assim como o nome do álbum e das cinco faixas ("The Dance No.1", "The Dance No.2", "The Dance No.3", "Meditation No.1" e "Meditation No.2") indicam, esse é um projeto que se afasta da estrutura musical padrão para focar em sons meditativos, dançantes e vindos de instrumentos orgânicos, como por exemplo uma cítara de 36 cordas.
Produzido por ninguém menos que Brian Eno, esse disco apresenta faixas introspectivas, contemplativas e perfeitas para momentos de calmaria e respiro.
Faixa para entender o disco: "The Dance #3".
Monster é nada menos que o 29º disco da lenda Herbie Hancock, lançado quando o músico tinha 40 anos.
Apesar de não ter sido muito bem recebido pela crítica, o álbum que chegou dois anos depois de Feets Don't Fail Me Now (também recebido de forma mediana) apresenta um Herbie frenético, mais distante do jazz e ainda mais imerso nos grooves e na energia da música disco.
Os arranjos delicados e dramáticos que antes marcavam as composições do pianista foram deixados de lado e abriram espaço para linhas de baixo pulsantes, sintetizadores sensuais e guitarras velozes.
O resultado é um álbum feito para se dançar do começo ao fim, sem muitos momentos de calmaria para resgatar o fôlego a não ser pela faixa "Making Love", um balada totalmente romântica para ser dançada a dois.
Faixa para entender o disco: "Star In Your Eyes".
Com uma duração total de 72 minutos, esse disco duplo que une 10 faixas transita de maneira imersiva entre a contemplação bucólica, o suingue erótico e o frenesi.
E no comando de tudo isso, está o saxofone inigualável do lendário Pharaoh Sanders, músico norte-americano nascido em 1940 que fez parte das bandas de John Coltrane na década de 1960, mas que também deixou um impacto eterno no jazz como líder dos próprios projetos.
Como é possível ver logo pelo título e pela capa, o álbum propõe ao ouvinte um verdadeira jornada com destino relativo a cada um que se entregar à energia dominadora desse caos orquestrado.
Faixa para entender o disco: "Doktor Pitt".
This Heat foi uma banda inglesa formada em 1976, em Londres, por três multi-instrumentistas: Charles Bullen (responsável por guitarras, clarinete, viola, vocal e fitas), Charles Hayward (responsável pela bateria, teclados, vocal e fitas) e Gareth Williams ( responsável por mais teclados, baixo, vocal, mais guitarras e também fitas).
Apesar de serem contemporâneos à ascensão do post-punk, o trio se destacou pelo caráter experimental das composições e pela atitude mais agressiva.
O EP Health and Efficiency, lançado em janeiro de 1980, reúne em duas longas faixas a essência do This Heat em seu ápice de poder.
De um lado, guitarras rápidas e distorcidas, percussões inusitadas, tempos descompromissados e repetições hipnóticas. Do outro, sintetizadores silenciosos, pulsações sonoras sintéticas sem estrutura e uma ambientação que parece ter saído de um filme do David Lynch.
Faixa para entender o disco: "Health and Efficiency".
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