O novo filme da franquia, dirigido por Nicolas Pesce, tem tudo o que um filme de terror de 2004 teria - mas isso não é algo exatamente positivo (ou negativo)
Yolanda Reis Publicado em 21/02/2020, às 07h30
O Grito ganhou nova roupagem pela Sony na quinta, 13. Dessa vez, Nicolas Pesce dirigiu. É o terceiro terror dele (comandou The Eyes of My Mother, de 2016, e Piercing, de 2018). Encontrou, na franquia, um estilo próprio - e ao mesmo tempo respeitou Takashi Shimizu, que introduziu a trama em 1998.
A história de O Grito (2020), em si, é uma ode às origens nipo-americanas. Em Ju-On, de 2004, Karen Davis (Sarah Michelle Gellar) vai ao Japão cuidar de uma idosa com problemas mentais. Não demora a descobrir, porém, que a senhora é sã, mas vive em uma casa amaldiçoada pelos espíritos de uma família assassinada.
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A maldição vem para os EUA com ela. Há também assassinatos, e a detetive Muldoon (Andrea Riseborough) começa a investigação - mas logo entende que tudo se conecta, e não há fuga daquilo - mas não pode se deixar enloquecer.
O Grito abre (mais uma) temporada de remakes para 2020. Inicia, também, um resgate ao terror mais típico dos anos 2000, com sustos e tensão, na contramão da tendência do gênero, que desde a metade dos anos 2010 opta por “medo pé no chão” não tão fantasioso.
Por um lado, isso é ótimo. Ali estão todos os elementos que encataram durante essa época. Mas há de pensar se não é mais do mesmo, e se a história, já sombria, precisava dos apelos gráficos. Não há conclusão, porém. Separamos, então, os cinco principais motivos para você assistir O Grito - e são os mesmos para evitar o longa:
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Normalmente, filmes de terror mainstream, conhecidos ou blockbuster-wannabes não apostam em cenas gore ou splatter, e existe um bom motivo para isso: nem todo estômago aguenta.
Pesce foi na contramão. Não ligou de colocar cenas bem, bem explícitas: um corpo caindo de vários andares de altura e espatifando todos os ossos, causando fraturas externas. Uma mão sendo fatiada. Tudo bem detalhado. Bem gore.
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O estilo pouco usado serve para impressionar e causar terror de uma maneira quase atípica. Mas não é à toa que isso não aparece sempre em filmes. Se foi - ou não - uma boa escolha, dependerá de cada pessoa que assistir a’O Grito.
Além das cenas bem, bem explícitas de corpos se desfazendo, há tanto sangue em O Grito. Espirra pelos degraus das escadas, escorre pelas paredes, inunda o chão, cega os olhos. Beira o terror B - e, novamente, agrada nichos.
Assim como em outros filmes de O Grito, os “vilões” (ou monstros) são os fantasmas das pessoas assassinadas. Mas se você pensa em Toshio, um menino com pele pálida e profundas olheiras criado em 2004, esqueça.
Pesce apela para algo muito mais gráfico para a nova produção. As pessoas parecem mais com cadáveres do que com espíritos; há deformação, podridão, pedaços faltando, insetos.
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Com close no rosto das criaturas, percebe-se a maquiagem e efeitos especiais bem feitos. Tão perfeitos que chegam a dar nojo em estômagos minimamente sensíveis para moscas varejeiras comendo carne humana.
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O Grito mostra como, em 2004, uma família foi bruscamente assassinada em uma casa no Japão. A violência do ataque fez com que o local fique amaldiçoado - e os espíritos queiram matar todos que entram ali. Mas o que aconteceria se essa maldição ultrapassasse barreiras de nações e acabasse nos EUA? O novo O Grito, claro.
O filme acontece em 2004, também (com direto a flip-phones - o que faz com que esse seja um dos primeiros "filmes de época" de uma década que mal passou), mas em uma casa amaldiçoada aqui no ocidente. A protagonista detetive Muldoon (Andrea Riseborough) investiga a morte de uma família, enquanto um corretor imobiliário (John Cho) tenta vender o local do crime.
Há vai e vem na trama, mostrando tudo o que já aconteceu ali, e como a maldição afetou mais de uma família. Pode ser divertido: há quatro histórias dentro de uma, e é uma boa maneira de explorar o universo, pois amplia o que já conhecemos.
Ao mesmo tempo, pode ficar um pouco confuso: histórias demais são mostradas - talvez isso não funcione tão bem para um filme solo. Pode ser a estratégia de implementar spin-off, mas acaba sendo raso.
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O Grito apela para o famoso “jump scare” - ou “pulo de susto”. A técnica é, basicamente, diminuir todos os ruídos e a música, e de repente colocar um estampido (e um monstro) para dar um susto em quem assiste.
Pouco usada no século XX (apareceu uma ou duas vezes em filmes de terror), na última década o jump scare virou padrão em longas do gênero. Com o tempo, muita gente começou a cansar disso - e classificou como uma técnica preguiçosa para dar medo.
Muitos diretores, por isso, optaram por abandonar o jump scare e investir em algo mais tenso e psicológico (em 2019, por exemplo, os melhores filmes de terror - Nós, Midsommar e O Farol - não davam sustos, apenas puro medo).
Mesmo assim, para muita gente, pular na cadeira do cinema é sinônimo de filme de terror. Um bom monstro, um bom susto, na hora certa, fazem seu coração acelerar e liberam aquela onda de adrenalina que nenhum outro gênero consegue.
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