Líder religioso dedica vida à luta social e, em fevereiro de 2021, protagonizou uma das cenas mais fortes do ano
Gabriela Piva | @gabriela_piva (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 03/03/2021, às 13h50
Padre Júlio Lancellotti tem uma vida marcada pela união entre religião e ativismo social. Isso ficou claro, mais uma vez, quando tomou iniciativa de quebrar a marretadas pedras instaladas sob viadutos pela Prefeitura de São Paulo. Fotos da ocasião viralizaram entre veículos midiáticos e redes sociais em fevereiro deste ano.
Na internet, ouviu-se muito sobre o líder religioso merecer "um Prêmio Nobel" pelo comprometimento com a população e trabalho com os moradores de rua. A dedicação de Lancellotti, inclusive, dura mais de 35 anos.
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E quando começa a campanha pro Padre Júlio receber um prêmio Nobel? Se é que já não começou?
— Mauricio Savarese (@MSavarese) February 12, 2021
O Prêmio Nobel, um dos mais conhecidos do mundo, foca nos desenvolvedores de projetos, trabalhos ou ideias em prol social e científico. As categorias do prêmio variam entre áreas químicas, físicas, matemáticas, literárias, medicinais e pacíficas.
De acordo com o infográfico do Estadão, a lista de vencedores é longa e conhecida: Malala Yousafzai, Programa Alimentar Mundial, Médicos Sem Fronteiras, Nelson Mandela são apenas alguns dos nomes com passagens pelo Prêmio Nobel. Abaixo, confira por que padre Júlio Lancelloti também merece uma indicação:
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Em fevereiro de 2021, padre Júlio Lancellotti teve um ato de coragem e força. A Prefeitura de São Paulo, sob gestão de Bruno Covas (PSDB), colocou blocos de paralelepípedo sob os viaduto Dom Luciano Mendes de Almeida e Antônio de Paiva Monteiro, na Zona Leste da cidade. Na ocasião, uma foto do padre quebrando as pedras a marretadas chamou atenção da população.
De acordo com funcionários da Prefeitura ouvidos pelo G1, as pedras evitavam o acúmulo de lixo no local e a ação era "uma decisão isolada." Porém, segundo trabalhadores do posto de gasolina ao lado, moradores de rua dormem lá.
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O trabalho de padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral Povo da Rua, envolve diretamente pessoas em situação de rua. Em entrevista à CNN Brasil, o bispo de 72 anos contou como surgiu a ideia de quebrar os blocos de pedra:
"O primeiro viaduto [Antônio de Paiva Monteiro] tinha muitos operários tirando, martelando para arrancar as pedras chumbadas no concreto. Quando vi aquilo, pedi para me emprestarem a marreta e pensei, vou fazer um gesto simbólico e comecei também a martelar."
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Para Lancellotti, categorizar sua vida na rua como "trabalho" é uma forma de desumanização e objetificação: "Convivo com eles. É preciso olhar para a vida de forma humana. Isso não é tarefa só para os religiosos. Mas não conseguiria viver a dimensão religiosa sem humanizar a vida." (via El País.)
No lugar das pedras, flores ! Esse @pejulio é demais, parabéns lindo ❤️🌺 pic.twitter.com/HdcX0yJa33
— Maah 🐊 (@loka_costa) February 7, 2021
Padre Júlio Lancellotti é coordenador da Pastoral Povo da Rua e luta por melhores condições de vida para pessoas em situação de rua. "A missão da Igreja é entender porque essas pessoas estão na rua," falou no canal do YouTube da Pastoral.
Para ele, não é tão simples tirar as pessoas dessa situação: "Ninguém chega na rua de repente. É um processo," contou em entrevista à CNN Brasil.
Na pandemia, a dedicação do líder religioso recebeu atenção especial. Mesmo fazendo parte do grupo de risco do coronavírus, em diversas ocasiões usou máscara de proteção facial para levar comida aos mais necessitados.
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Na pandemia, o padre também pousou ao lado de uma Mãe de Santo e simbolizou a importância do respeito entre religiões. Em foto no Instagram, Júlio destacou: "Ajuda vem sem barreiras."
O destaque de pensamento também aparece quando uma pessoa em situação de rua diz gostar de ir à Pastoral mesmo sem ser católico. As freiras, o padre e os voluntários contam detalhes similares no canal do YouTube da organização.
O trabalho de padre Júlio Lancellotti foi além da rua. No começo da década de 1990, o líder religioso fundou a Casa Vida para acolher crianças portadoras do vírus HIV.
A organização ainda funciona e permite o apadrinhamento, adoção e outros trabalhos voluntários. Em 2000, o líder religioso deu uma entrevista ao site Boa Saúde para detalhar a experiência de abrigar menores com a condição.
"As crianças com HIV devem receber abrigo e assistência comum a qualquer criança, pois são titulares dos mesmos direitos de todas as outras. Além disso, devem ter tratamento médico, vida saudável, boa alimentação e acompanhamento permanente," disse.
Padre Júlio Lancellotti tomou a vacina da Covid-19 e discursou sobre a imunização na população em situação de rua em coletiva de imprensa do governo do Estado de São Paulo. A cidade de São Paulo iniciou o processo em fevereiro.
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"Assim como o Papa Franscisco vacinou e pediu para vacinar os moradores de rua no Vaticano. Em uma cidade cheia de contrastes como a nossa, vacinar os irmãos de rua é um sinal de humanização, de florir esperança nessa cidade," comentou.
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