Conheça dez curiosidades sobre a obra-prima country de 1969 que celebra 50 anos
Rolling Stone EUA Publicado em 09/04/2019, às 15h31
Em abril de 1969, Bob Dylan foi para Nashville para gravar seu nono álbum de estúdio. Seria sua terceira vez gravando com os profissionais da cena local e o produtor Bob Johnston, mas desta vez seria diferente: Ao contrário de Blonde on Blonde, de 1966, e do folk acústico de John Wesley Harding, de 1967, o seu próximo disco seria um registro tradicional do país, chamado Nashville Skyline.
Enquanto bandas experimentais como Velvet Underground, de Nova York, e Grateful Dead, de São Francisco, testavam os limites da música, Dylan estava isolado em Woodstock, Nova York, concentrando-se em sua crescente família e prestando pouca atenção às novas tendências musicais. Ele acabou subvertendo as expectativas do público e entregando um álbum que ninguém estava esperando. "Esse é o tipo de música que eu sempre tive vontade de escrever quando estive sozinho para fazer isso", disse ele à Newsweek. “As músicas refletem mais o eu interior do que as canções do passado.”
Nashville Skyline marcou uma grande mudança nos vocais de Dylan: ele havia desenvolvido uma voz mais grave e aveludada, que ele alegou ser o resultado de sua decisão de parar de fumar cigarros. "Quando parei de fumar, minha voz mudou tão drasticamente que eu não conseguia acreditar", disse a Jann S. Wenner, fundador da Rolling Stone, na primeira entrevista da revista.
Em homenagem ao 50º aniversário do Nashville Skyline, aqui estão 10 coisas que você não sabia sobre o álbum:
O disco foi originalmente chamado de John Wesley Harding Vol. 2, mas de acordo com Dylan, a Columbia queria chamar o disco de Love Is All There Is. "Eu não vi nada de errado com isso", disse ele à Rolling Stone. "Mas soou um pouco assustador para mim." Ele considerou outros títulos, incluindo "Lay Lady Lay" e "Girl From the North Country" antes de escolher Nashville Skyline.
Meses antes de começar a trabalhar no álbum, Dylan foi convidado a contribuir com a música para o filme estrelado por Jon Voight e Dustin Hoffman. Mas no momento em que ele apresentou "Lay Lay Lay" ao diretor John Schlesinger, eles já haviam decidido seguir com o cover do Harry Nilsson de "Everybody’s Talkin" de Fred Neil.
A sedutora canção contava com o violão de aço do guitarrista Norman Blake e com a voz baixa de Dylan, mas faltava uma bateria depois da primeira tentativa ao tocar a música. O baterista Kenny Buttrey perguntou a Dylan o que ele tinha em mente, e ele respondeu: "Bongos". Johnston também sugeriu acrescentar campana, e Buttrey acrescentou ambos.
Johnston, que também produziu Johnny Cash, Simon & Garfunkel e Leonard Cohen, começou a trabalhar com Dylan no disco Highway 61 Revisited em 1965. Dylan passou grande parte de sua carreira trabalhando com o lendário produtor Tom Wilson, mas eles se separaram depois de completar “Like a Rolling Stone”.
Não é claro o motivo de Wilson ter sido substituído por Johnston. Dylan disse à Rolling Stone em 1969: "Tudo o que sei é que eu estava gravando um dia, e Tom sempre esteve lá - eu não tinha motivos para pensar que ele não estaria lá - e eu olhei um dia e Bob estava lá.”
A estrela country apareceu enquanto Dylan gravava “Tonight I’ll Be Staying Here With You” e “Nashville Skyline Rag". No dia seguinte, os dois saíram para jantar enquanto Johnston preparou para que gravassem juntos. "Enquanto eles estavam fora, eu coloquei luzes no estúdio, fiz parecer como uma boate", disse Johnston. "Montei todos os microfones lá, guitarras, tudo isso." A dupla gravou 18 músicas juntas, incluindo "Girl From the North Country".
Embora Nashville Skyline não tenha alcançado o topo das paradas no país, o disco ocupou a terceira posição do Top 200 Álbuns da Billboard, introduzindo os fãs a um som que muitos nunca tinham ouvido antes. Este cruzamento do country e do pop, ajudou a fomentar um caminho para os Eagles e outros superstars do country-rock no início dos anos 70.
"Nossa geração deve a ele nossas vidas artísticas, porque ele abriu todas as portas em Nashville quando fez Blonde On Blonde e Nashville Skyline", lembrou Kristofferson. “A cena country era tão conservadora até ele chegar. Ele trouxe uma audiência totalmente nova. Ele mudou a maneira como as pessoas pensavam sobre isso.
Quando Harrison e sua esposa Pattie Boyd passaram o feriado com a família do Dylan em Woodstock, ele tocou essa música carregada de culpa para eles. Harrison ficou tão impressionado, ele passou cantá-la com os Beatles durante as sessões de "Let It Be" em janeiro de 1969.
A maior parte do Nashville Skyline foi gravada em apenas quatro dias. Isso era algo comum do Dylan, que gravou Another Side of Bob Dylan em 1964, em uma única noite. O cantor raramente levava mais de uma semana para gravar seus álbuns, uma vez que ele começou a trabalhar com banda de apoio.
Se gravar “Girl From the North Country” com Johnny Cash não deixou claro o suficiente, “Nashville Skyline Rag” disse aos ouvintes que este não era um típico álbum do Dylan. Com pouco mais de três minutos de música de ragtime, esta música poderia facilmente caber em uma gravação de Scott Joplin.
Dylan não fez uma turnê do Nashville Skyline, e não pegou a estrada novamente até se reunir com a banda em 1974. Naquela turnê, a única música do disco que ele incluiu no show foi "Lay Lady Lay". Ele tocou “Tonight I’ll Be Staying Here With You” “Country Pie” “To Be Alone With You”, “Tell Me That It Isn’t True” e “One More Night” ao longo das décadas, mas ele nunca performou "Nashville Skyline Rag" e "Peggy Day".
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