- Janis Joplin (Foto:AP)

52 anos sem Janis Joplin: os 7 maiores sucessos, e 7 músicas esquecidas que valem a pena ouvir [PLAYLIST]

Sempre pioneira, Joplin foi uma das primeiras mulheres a desbravar o caminho do rock n roll psicodélico dos EUA - e marcou a história com sua poderosa voz do blues

Yolanda Reis | @ysreis Publicado em 04/10/2020, às 17h00 - Atualizado em 19/01/2023, às 08h26

4 de outubro de 2022. Mais de meio século desde uma das mortes mais impactantes do mundo da música.  Janis Joplin, então com só 27 anos, teve uma overdose de heroína e álcool. Como tantos outros do "clube" do qual foi a primeira mulher, viveu rápida e intensamente. Deixou no rock sua marca.

Janis Joplin foi pioneira das mulheres e do mundo psicodélico. Estourou no rock dos EUA no final dos anos 1960, com a banda Big Brother and the Holding Company. Era dona de uma voz maravilhosa, de um estilo único, de um espírito incansável.

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Desde criança, como conta a biografia definitiva Janis Joplin: Sua Vida, Sua Música, de Holly George-Warren (lançada no Brasil pela editora Seoman), Janis era transgressora. Cresceu moleca brincando na rua, foi uma adolescente ocupada com o status social da escola, mas também ocupada em nutrir a mente em meio a meninos outsiders e meio baderneiros. 

Depois de, lá no começo da adolescência, entrar no grupo de teatro Little Theatre, Janis Joplin achou mentes que compartilhavam ideais, e começou a se desenvolver como artista (embora desde criança cantasse, pintasse, e tivesse talento na linha e agulha) - embora nãos e visse muito como cantora.

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Janis, depois de sair da escola e ir para faculdade, abandonou qualquer pretensão de encaixar-se no sonho social americano e abraçou seu lado baderneiro. Entre outras, uma das novas etapas da rotina dela era a bebida e alguns comprimidos. Aos 17 anos, começou uma série de tratamentos psicológicos e psiquiátricos para depressão, uma companheira longeva dela. 

Quando completou 18 anos, em 1961, Joplin decidiu abraçar a música. Começou consumindo-a, e depois, na Califórnia, frequentando cafés e points dos beatniks - mas não conseguiu segurar a barra de morar sozinha (assim como toda a questão de drogas e medos), e acabou voltando para o Texas, morar com os pais.

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Entre a Califórnia e o Texas, Janis Joplin começou sua carreira musical de fato ao se apresentar para o público em cafés e barzinhos. A voz forte dela, puxando para o blues, era conflitante em meio aos Estados Unidos racialmente segregados. Não “servia” para a música de gente branca, mas ela não era negra. O privilégio social, porém, permitia que ela escapasse para bares de jazz e blues (dificilmente isso aconteceria ao contrário).

Foi com um repertório e voz do R&B que Janis Joplin integrou o primeiro grupo musical, o Waller Creek Boys. Fez as primeiras grandes apresentações públicas, e encantou quem ouvia com os tons graves e bem marcados da sua voz. Era diferente, e isso não passou despercebido.

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Em 1963, Janis deixou o Texas. Foi para São Francisco com Jorma Kaukonen, e lá gravaram várias faixas de blues. Nos anos seguintes, participaria de várias bandas, entre elas Big Brother and the Holding Company. Com eles, lançou dois discos. Depois, em carreira solo, mais um. Após a precoce morte em 1970, Janis ainda teria um disco póstumo.

Mesmo tendo só quatro discos na bagagem [Big Brother and the Holding Company (1967); Cheap Thrills (1968); I Got Dem Ol' Kozmic Blues Again Mama! (1969) e o póstumo Pearl (1971)], Janis Joplin ainda tem uma das mais fortes influências no mundo do rock. Sua carreira meteórica rendeu ótimas músicas e grandes ícones.

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Separamos, abaixo, 7 das mais famosas músicas de Janis Joplin, e outras 7 não tão conhecidas assim - mas que valem a penas serem ouvidas.

Para playlist dos clássicos:

1- "Me and Bobby McGee" (1970)

Uma das últimas gravações de Joplin. Era um cover de Kris Kristofferson e Fred Foster. Foi o maior hit da carreira dela - só no Spotify acumula mais de 125 milhões de stream.

2- “Take Another Piece of my Heart” (1968)

Gravada com os Big Brothers, a música é um cover de Emma Franklin (1967). Na versão da banda, porém, tem um beat rock-psicodélico. Foi o maior sucesso em vida de Janis Joplin.

3- “Cry Baby” (1970)

Essa é, provavelmente, a maior demonstração do potencial vocal de Janis Joplin. Desde o primeiro verso, traz a sensação emocionante do blues. Foi originalmente lançada por Garnet Mimms, em 1963, e é uma das mais famosas faixas do R&B. 

4- “Summertime” (1968)

Um cover dos Big Brothers da canção de George Gershwin, gravada originalmente em 1934. É considerada uma das faixas mais marcantes do Blues. A versão de Janis Joplin é uma das mais apreciadas, com instrumentos atípicos e melodia diferenciada.

5- “Mercedes Benz” (1970)

A última música de Janis Joplin (gravada três dias antes da morte) é uma das mais famosas. Atipicamente sem instrumentos, só voz, mostra uma crítica bem humorada ao consumismo. 

6- “Down on Me” (1967)

Usando samples de uma música dos anos 1920, os Big Brothers lançaram-na no disco de estreia com novas letras e um arranjo do clássico rock n’ roll. Foi o primeiro sucesso do grupo, chegando aos top 50 de várias paradas musicais.

7- “Kozmic Blues”  (1969)

Foi a primeira faixa gravada por Janis Joplin depois de sair dos Big Brothers. Foi feita com a banda Kozmic Blues Band para o disco I Got Dem Ol' Kozmic Blues Again Mama! (pois é). Foi apresentada no Woodstock - e considerada uma das melhores performances ao vivo de Janis.

Para começar a ouvir:

“Little Girl Blue” - I Got Dem Ol' Kozmic Blues Again Mama! (1969)

A potência vocal de Janis Joplin é indiscutivelmente uma das razões que a tornam especial, mas nesta música ela poupa a garganta e canta suavemente. No vídeo ao lado, ela participa do programa This Is Tom Jones, apresentado pelo cantor.

“Turtle Blues” - Cheap Thrills (1968)

Inversão de papéis, de quem sofre a quem faz sofrer: “Eu sou uma mulher malvada, malvada/ Eu apenas trato os homens como quero/ Nunca os trato como deveria”, ela canta. Blues clássico, com letra composta pela própria Janis.

“Flower in the Sun”

Esta só foi ouvida após a morte de Janis, primeiro no disco ao vivo In Concert (1972) e depois em um relançamento do disco Cheap Thrills, incluído também na caixa Box of Pearls. A gravação aconteceu em 1970, quando ela começou a trabalhar com a Full Tilt Boogie Band.

“Light is Faster than Sound” - Big Brother and the Holding Company (1967)

Outra com vocais divididos, desta vez com Peter Albin. Está no primeiro disco de Janis, depois de ela ter sido recrutada pela Big Brother and the Holding Company. “Down on Me” foi a mais bem sucedida comercialmente, mas nada perto do que viria ser “Piece of My Heart”, de Cheap Thrills, o álbum seguinte.

“As Good as You’ve Been to this World” - I Got Dem Ol' Kozmic Blues Again Mama! (1969)

Uma das melhores músicas cantadas por Janis para dançar.

“Easy Once You Know How” - Rare Pearls (1999)

Foi gravada em 19 de março de 1968, mas acabou ficando fora da seleção final de músicas para Cheap Thrills. O lançamento oficial só aconteceu no EP de raridades Rare Pearls, lançado exclusivamente na caixa Box of Pearls.

“A Woman Left Lonely” - Pearl (1971)

Essa é uma das mais belas interpretações de Janis Joplin em estúdio. Cantando sobre a dor de ser abandonada por um amante, Janis falava de certa forma de sua própria vida amorosa, que ela nunca escondeu ser atribulada. A música está no álbum póstumo lançado três meses após a morte da cantora.

[Texto originalmente publicado em 4 de outubro de 2020]

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