Viagem astral, pneu assassino e ausência de cenário são algumas das técnicas que esses filmes usaram para subverter aquilo que vemos como cinema comum
Redação Publicado em 19/04/2020, às 18h54
Há quem diga que não existem regras para como arte deve ser feita. E apesar dessa afirmação expressar o ponto de vista de grandes artistas, é impossível negar que mesmo sem a existência de uma verdade absoluta sobre como um filme deve ser feito, filmado, ou como uma história deva ser contada, existem, lá no fundo, padrões de produção que acabam sendo seguidos e reproduzidos.
Com isso em mente, buscamos evidenciar alguns longas que quebram as principais convenções do universo cinematográfico e que merecem mais notoriedade pelo caráter inovador que apresentam.
Seja com o uso atípico e inesperado da câmera, com uma edição repleta de cortes repentinos e bruscos, com uma trama protagonizada por objetos ou até mesmo uma narrativa pouco preocupada em ser absolutamente compreensível, veja abaixo seis filmes que optaram por não seguir padrões estéticos ou técnicos adotados por filmes hollywoodianos.
O aclamado porém controverso cineasta dinamarquês fez esse filme quase que sem cenário algum, a não ser por uma parede ou outra e as demarcações no chão iguais a de plantas de obras que não foram construídas, para determinarem aonde acaba uma casa e começa a rua, e depois a próxima casa e por aí vai.
Esse filme do diretor francês é completamente atípico, com uso de câmera em primeira pessoa e incontáveis efeitos para simular viagens psicodélicas do uso de drogas como DMT.
Mas o mais inconvencio é a forma como, após a morte do protagonista logo no começo, a visão da câmera "sai" do corpo do protagonista e assume a função do espírito do jovem, que vaga pelas ruas de Tóquio e observa o cotidiano das pessoas com quem ele convivia.
Nesse que é um dos maiores clássicos do cinema francês, dirigido por um dos maiores mestres do cinema mundial, Godard faz questão de deixar os cortes bruscos e muito bem demarcados, sem compromisso em manter a estética esperada de transições coesas e suaves entre cenas e momentos da narrativa.
Nesse longa dirigido pelo amigo e colaborador de Quentin Tarantino (além de ter sido escrito e estrelado pelo próprio), a quebra de regra está na narrativa.
Durante pelo menos metade do filme, somos levados a acreditar que a história tem como foco a fuga de dois amigos criminosos, sem qualquer menção ou indício dos elementos que chegam para tirar o fôlego e surpreender até o mais atento dos espectadores: vampiros e muito, mas muito sangue jorrando no meio de um tiroteio fantástico e surpreendente.
É bem fácil descrever como esse filme do diretor e DJ francês subverte qualquer narrativa minimamente padrão: o protagonista, e também vilão da trama, é nada menos que um pneu que se mexe sozinho e, como se não bastasse, tem poderes psíquicos com os quais explode cabeças humanas.
Carregado de simbolismo religioso, psicodelia, surrealismo, detalhes meticulosos, imagens chocantes e pouco senso de uma narrativa coesa, típica e cronológica, não podiamos deixar de colocar na lista esse clássico atemporal de um dos maiores diretores chilenos de todos os tempos.
E acredite, talvez os adjetivos usados no parágrafo anterior não tenham sido o suficiente para descreverem e expressarem o caráter experimental e ousado desse longa.
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