Consagrada como uma das narrativas mais inovadoras e envolventes, a série, criada e interpretada por Phoebe Waller-Bridge conquistou o público e coleciona premiações
Nicolle Cabral Publicado em 06/01/2020, às 14h32
Celebrada pela crítica como a série mais original de 2019, Fleabag nasceu de um esquete de apenas dez minutos apresentado no Edinburgh Festival Fringe, um dos maiores festivais de arte do Reino Unido.
A produção, criada, adaptada e interpretada pela própria Phoebe Waller-Bridge, foi ao ar pela primeira vez em 2016, pela BBC, e em seguida, foi distribuída mundialmente pela plataforma de streaming Amazon Prime.
Com apenas duas temporadas, Fleabag conquistou o público e quatro prêmios na 71º edição do Emmy nas categorias de Melhor Série Cômica, Melhor Roteiro em Série Cômica, Melhor Direção em Série Cômica e Melhor Atriz em Série Cômica.
Já consagrada como uma das narrativas mais inovadoras e envolventes da TV mundial, no último domingo, 5, Fleabag brilhou mais uma vez ao levar duas estatuetas do Prêmio Globo de Ouro como Melhor Série de Comédia ou Musical e Melhor Atriz em Série de Comédia ou Musical. Além de, claro, entrar na lista anual de melhores séries do ex-presidente do Estados Unidos, Barack Obama.
Mas por que a produção cativou tanto o público e críticos da indústria audiovisual? Com um retrato cru e imerso em ironias sobre a própria vida sexual, conflitos familiares e uma grande perda, Fleabag constrói o retrato completo da mulher adulta, independente e moderna em Londres.
O elenco formado por Phoebe Waller-Bridge (porque não há ninguém mais fleabag do que ela), Olivia Colman, Fiona Shaw, Kristin Scott-Thomas e Andrew Scott, ambientados nessa história nos faz rir, rir e rir, para na sequência, dar um chute no estômago.
Digna de todos os elogios, indicações e prêmios, separamos 6 razões para assistir a Fleabag:
Aos 33 anos, a atriz e escritora se tornou um dos nomes mais prósperos da TV e do cinema. Responsável por criar duas das séries mais avaliadas, Waller-Bridge foi indicada a quatro Emmys, como citado acima, participou de Han Solo: Uma História Star Wars, ao dar voz ao dróide L3-37, e está por trás do roteiro do novo filme da franquia 007.
Mas antes disso, em 2014, assinou os roteiros de três episódios da comédia Drifters, e dois anos depois, consolidou a própria experiência como dramaturga à televisão ao encabeçar Crashing, disponível na Netflix.
Ambientada em um hospital abandonado, a história pontua um triângulo amoroso e jornadas individuais de outros personagens. A comédia rendeu uma indicação a revelação em produção de roteiro para o BAFTA em 2016.
Além disso, Waller-Brigde assina a aclamada série de espionagem Killing Eve, protagonizada por Sandra Oh (Grey's Anatomy) e Jodie Comer (Doctor Foster).
Com duas temporadas de até 12 episódios e no máximo 25 minutos, Waller-Bridge procura o minimalismo em Fleabag, e por isso, a deu por encerrada. Na primeira leva de episódios, a personagem enfrenta o luto da melhor amiga, Boo, e depois se envolve romanticamente com um padre (o famoso Hot Priest) que nos faz experimentar o amor proibido.
Ao longo dos episódios, a protagonista lida com o humor e a melancolia de forma tão magistral que quando terminamos a maratona, o gosto de "quero mais" aparece, mas a satisfação de uma narrativa muito bem construída nos faz entender a razão do fim.
No último domingo, 5, nos bastidores do Globo de Ouro, a atriz revelou ao Deadline: "Não mudei de ideia sobre a terceira temporada. Parece cada vez mais ser a decisão certa. [Esses prêmios] são apenas lindas despedidas".
Como já dito, grande parte das problemáticas que envolvem a personagem estão ligadas a histórias de amor - ou de um sexo casual.
Desde o relacionamento com um namorado que nos primeiros momentos se mostra completamente diferente dela, o envolvimento com um desconhecido no ônibus e o amor proibido com um padre - que fala palavrão e adora Gin Tônica - interpretado brilhantemente por Andrew Scott, Fleabag lida da melhor (ou pior) forma com a própria liberdade sexual e a rejeição devastadora.
A narrativa fala sobre sexo, mas também lida com as fragilidades, o humor e a franqueza da personagem. O que a torna ainda mais intrigante.
Desde o primeiro instante, Waller-Bridge faz do espectador um cúmplice. Ao contar as histórias, a protagonista faz comentários, flerta, brinca com a câmera e, com isso, faz com que você adentre no universo de Fleabag.
A quebra dessa quarta parede desperta uma sensação de intimidade e confiança. O que chega a ser tão impactante que o espectador chega a se sentir aflito quando a atriz não olha para a câmera depois de um momento de tensão. Durante aqueles 20 minutos, Waller-Bridge é a sua melhor amiga.
Fleabag parece ser uma narrativa leve. E de certa forma, é. Mas a produção aborda questões como suicídio, aborto, traição e depressão. Tudo isso com a sensibilidade e cuidados necessários. Com isso, o espectador consegue rir em meio a tantas situações desastrosas.
Fleabag é uma gíria britânica que significa ser "uma pessoa desagradável". Neste mesmo pacote de personalidade, a personagem vem com uma sexualidade ávida, com relacionamentos confusos entre pais e parceiros e dificuldades de estabelecer vínculos.
O que traz o ponto de vista, ainda ausente, da mulher sexualmente independente, mais ou menos resolvida, e que erra tentando acertar. Todas essas sensações reunidas em uma única personagem e que imediatamente criam uma identificação com a mulher moderna.
Todos os episódios de Fleabag estão disponíveis na Amazon Prime.
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