Na comédia romântica Onde Está a Felicidade?, atriz, roteirista e produtora faz o percurso de Santiago de Compostela
Por Vanessa Wohnrath/Especial para BR Press
Publicado em 16/08/2011, às 16h09(BR Press) - Aos 59 anos, Bruna Lombardi dá as mãos ao marido, Carlos Alberto Riccelli, e ao filho, Kim Riccelli, para novamente exercitar o sonho de ser roteirista de cinema. Sim, o caminho é percorrido em família.
O primeiro filme de Bruna nessa função foi Stress, Orgasms and Salvation (2005) e o segundo, O Signo da Cidade (2007), sempre dirigida pelo Riccelli. Nesses e no novo longa, Onde Está a Felicidade?, que estreia na próxima sexta, 19, ela foi também produtora e protagonista.
Na comédia romântica, Bruna interpreta Teodora, uma chef que apresenta o programa A Receita do Amor, onde ensina o preparo de comidas afrodisíacas. Tudo vai bem até que ela descobre a infidelidade do marido, Nando (Bruno Garcia), perde o emprego e, sem rumo, decide ouvir os conselhos de uma amiga (María Pujalte): fazer o Caminho de Santiago de Compostela.
Eis que ela, o ex-chefe Zeca (Marcello Airoldi) e a sobrinha de sua amiga, Milena (Marta Larralde) partem em busca de espiritualidade. No percurso, os três vão acabar tendo alguns contratempos, em um filme que promete fisgar o público pelo gosto de Comer, Amar, Rezar, com o qual Onde Está a Felicidade? tem sido comparado. O filme foi eleito no Festival de Paulínia o Melhor Longa-metragem de Ficção, prêmio dado pelo Júri Popular.
Na entrevista a seguir, Bruna Lombardi fala sobre da obra, de cinema, de amor, de como mantém a beleza e, claro, como - e se - ela encontrou a tal da felicidade.
De onde veio a ideia para o roteiro de Onde Está a Felicidade?
Antes de mais nada, eu queria fazer uma comédia. O Signo da Cidade fez muita gente chorar porque é um filme comovente, delicado. A partir daí, eu pensei: "Tenho de equilibrar o universo e fazer as pessoas rirem agora". Daí, comecei a pensar em fazer não só um filme em que as pessoas dessem risada, mas que saíssem do cinema se sentindo mais felizes. Isso para mim era muito claro. Queria falar sobre a felicidade, que é o grande tema contemporâneo, e também sobre a diferença entre mulheres e homens. Gostaria de fazer um filme que conversasse com a mulher de maneira inteligente, que a fizesse rir e ao mesmo tempo a fizesse se conhecer melhor. Além disso, era importante ter a cumplicidade dos homens - que eles dessem muitas risadas.
Você sempre teve interesse em trabalhar como roteirista?
Sempre. Sempre quis ser roteirista de cinema. Era meu sonho e agora, tendo a reação positiva do público, começo a entender que eu precisava fazer isso. É quase como uma missão [risos].
Dessa forma, você se sente mais realizada trabalhando no cinema do que em qualquer outro meio?
Sempre gostei de tudo que fiz. Prezo mais pela qualidade do que pela quantidade. Quero escolher trabalhos que eu e o público gostemos. Quero poder dar ao público o melhor. Todas as minhas manifestações artísticas são para o público.
De onde vem a inspiração para seus roteiros?
Sou muito ligada às pessoas. Gosto muito de gente. Esse momento que vivemos é tão difícil, duro... Com esse filme, realmente queria dar às pessoas a oportunidade de ficarem felizes. Isso é estimulante. As mulheres estão em um momento tão bonito da vida, se questionando, e queria ajudá-las nisso, com o que eu aprendi com a vida. Queria aproveitar para falar do homem, do que uma união significa. O que eu quero dizer é que o amor é bom! [risos]. O amor é vício e temos de espalhá-lo pelo mundo.
A Teo tem um pouco da Bruna?
A Teo é bem diferente de mim. Acho que todas as mulheres, de alguma maneira, se identificam com algo da Teo. Vejo com O Signo da Cidade e agora com esse filme que os sentimentos nos tornam muito parecidos, independente de classe, credo. Nada disso importa. O que importa é que os sentimentos são parecidos. Isso que é lindo.
Você chegou a fazer o Caminho de Santiago de Compostela antes das filmagens?
Fiz e depois, nas filmagens, fizemos mais umas cinco vezes. Nós brincamos dizendo que fizemos o Caminho tantas vezes que poderíamos ser guias.
Imagino o trabalho que foi montar a logística das filmagens...
Esse filme foi um dos maiores feitos do cinema brasileiro, sem dúvida. Ele foi filmado em dois países, com uma equipe gigantesca e casando agendas apertadas dos atores. Ficamos exaustos.
Você, o Ricelli e o Kim têm trabalhado sempre juntos. Quando estão fora do set de filmagem, vocês falam de trabalho também?
O trabalho invade muito as nossas vidas. Não tem jeito.
O que vem a seguir para vocês?
Temos um novo projeto que daqui a pouco vamos começar. É só cuidar bem desse filhote para vir o outro.
Você tem uma vida pessoal e profissional bem sucedida. Já encontrou a felicidade?
A felicidade é buscada no dia-a-dia. Ela precisa ser buscada no aqui e agora. Temos de estar presentes no que fazemos, realizar tudo amorosamente, olhar para o lado bom das coisas e tentar distribuir a maior quantidade de amor possível. Acho que isso traz felicidade.
Você é também é um símbolo de beleza. O que faz para se manter com esse padrão?
Sou uma pessoa bem básica. Gosto de fazer as unhas dos pés e das mãos, limpeza de pele, hidratação no cabelo e pronto. Gosto de fazer ioga, ginástica. Mas não é sempre que dá, então o que me move é a paixão pelo trabalho e pelas pessoas que me cercam.
E o seu lado cinéfila, como é?
Sou supercinéfila. Vou naquelas salas pequenas, que exibem filmes alternativos. Faz parte do meu dia-a-dia. Para mim, felicidade é ir ao cinema. Eu adoro ir ao cinema! Adoro e sempre adorei e, se eu pudesse, iria todos os dias ao cinema.
E quais são os seus filmes de cabeceira?
Gosto de muitos gêneros. Tive a chance de entrevistar grandes diretores que admiro, como Bernardo Bertolucci, Francis Ford Coppola e Ridley Scott. Tive essa sorte na minha vida.
Você trabalhou muito tempo com personalidades do cinema. Gostaria de voltar a fazer esse trabalho?
Foram dez anos fazendo o programa Gente de Expressão. Agora não dá tempo. Eu adorava e conheci meus ídolos, que são pessoas que fazem o melhor cinema do mundo.
Onde Está a Felicidade? foi eleito, no Festival de Paulínia, Melhor Longa de Ficção pelo Júri Popular, um prêmio muito importante...
Esse prêmio é o mais importante. Uma comédia tem de dialogar com o público. Esse era o nosso sonho e, em Paulínia, vários de nossos sonhos foram realizados.