Banda leva álbum Nheengatu à capital paulista no próximo sábado, 13
Lucas Brêda Publicado em 09/09/2014, às 13h34 - Atualizado às 13h34
“Como a gente queria usar essas máscaras, tinha de fazer um som que justificasse isso”, brinca Paulo Miklos, que em parceria com Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto, apresenta o show de Nheengatu, novo disco do Titãs, em São Paulo, no próximo sábado, 13. Desde o lançamento do clipe de “Fardado”, a banda paulistana faz uma parte da apresentação usando máscaras e pinturas no rosto.
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Após o resgate do seminal Cabeça Dinossauro, que rendeu uma turnê e o lançamento de um DVD ao vivo, o Titãs volta a pegar pesado tanto nas guitarras quanto nas críticas sociais. O novo disco da banda, Nheengatu, não só retoma a acidez deixada de lado pelo grupo nos últimos álbuns – Sacos Plásticos (2009) e Como Estão Vocês? (2003) – como é uma resposta ao momento político do Brasil. E a própria banda parece sentir isso.
“Acho que quando você tem 32 anos de carreira e faz um disco – esse é o nosso vigésimo – que está sendo comparado ao que de melhor a gente fez (o Cabeça Dinossauro) é um sintoma”, opina Sérgio Britto. “É um disco que significa muito para a gente”, completa. Para Branco Mello, Nheengatu “resgata alguma coisa que temos na nossa essência, desde quando começamos”.
A confiança com o novo trabalho é refletida no palco. No novo show, são apresentadas cerca de dez faixas novas – a maior parte, logo de cara, abrindo o setlist. “É bom de tocar ao vivo”, comenta Britto. Uma coragem para enfrentar os fãs mais xiitas, sedentos por clássicos que tocaram a exaustão nas rádios, desde os anos 1980, quando o Titãs começou.
O show de Nheengatu, entretanto, não abre espaço para baladas – sem “Epitáfio”, “Enquanto Houver Sol” ou “É Preciso Saber Viver”. Do interminável cancioneiro do grupo são resgatadas “AA UU”, “Polícia”, “Bichos Escrotos” e “Cabeça Dinossauro”, de Cabeça Dinossauro, além de “Diversão”, “32 Dentes” e “Desordem”, entre outras, fazendo a atmosfera de Nheengatu ainda mais intensa.
“Ouvi [Nheengatu em vinil] na vitrola do meu filho”
O sucesso efetivo em ter uma resposta animadora do público ao tocar músicas novas só é possível com um disco que se sustente. Nheengatu, apesar de simples e direto, é permeado por um fio condutor, um tema recorrente nas faixas – seja na voz de Miklos, Mello ou Britto. Quando à efetividade do álbum como o formato adequado à atualidade, Bellotto afirma: “Fomos criados com essa ideia de disco com conceito, desde o Sgt. Pepper's, ou os discos do Clash”. “Ainda acreditamos no formato”.
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“Nunca se ouviu tanta música, mas não se dá valor para a música mais”, rebate Britto. “Alguma coisa aconteceu no meio do caminho que hoje a pessoa acha normal pagar R$ 10 para tomar dois chopes e caro desembolsar R$ 15 por um disco com 14 músicas – o trabalho de uma vida de uma banda”. Valorizando a volta do vinil, Mello acrescenta: “O CD apareceu como uma coisa moderna, digital, e hoje fica nesse meio termo”.
“Há quantos trabalhos a gente não lança vinil?”, comemora o baixista. “Foi muito legal ter tido a oportunidade de ter lançado o Nheengatu em vinil”. Em seguida, Miklos questiona: “Você ouviu o disco na sua vitrola?”. “Ouvi na do meu filho”, responde Mello, se perdendo em risos.
“A sociedade não é uma pessoa”
Revelando opiniões distintas – ainda que coincidentes em alguns aspectos – os quatro pilares do Titãs mostram-se mais brandos do que nas músicas de Nheengatu quando comentam a política nacional. Contudo, o clamor cego por mudança parece ter infectado o grupo, que mede as palavras em elogios à candidata Marina Silva, mas não deixa de lado a importância do momento de eleições vivido pelo país.
Edição 73 - Perfil: A Festa Parece uma Vida.
“A sociedade não é uma pessoa, e a gente tem que se livrar dos caudilhos, mas acho que a Marina encarna isso [ímpeto por mudança]. Não pelo fato de ela ser essa pessoa, mas sim porque o Brasil quer essa mudança, quer avançar, reivindicar seus direitos. Acho isso uma coisa maravilhosa”, teoriza Britto, comentando o novo cenário das eleições para presidente no Brasil, após a ascensão de Marina nas pesquisas de intenção de voto.
Branco Mello acrescenta: “É muito radical, as pessoas não aguentam mais. Neste sentido, é bacana que tenha uma pessoa que reflita sofre isso. Achei bem interessante essa mudança das pesquisas”. Para Miklos, a democracia no Brasil ainda precisa “amadurecer”. “De qualquer forma, acho que essa coisa personalista não é boa. Ainda temos que perder um pouco da ingenuidade de achar que uma pessoa vai resolver, e sim o estado, o sistema, melhorar a estrutura”.
Titãs em São Paulo
13 de setembro (sábado), às 22h
Citibank Hall – Avenida das Nações Unidas, 17955, Santo Amaro – São Paulo (SP)
Ingressos: R$ 80 a R$ 250 (haverá meia-entrada)
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