Com milhões de discos vendidos, turnês esgotadas, um programa de TV incrivelmente popular e um crescente império pessoal de negócios, o líder do Maroon 5 está redefinindo o conceito de estrelato pop um hit por vez. Mas o que move o astro?
Redação Publicado em 14/04/2016, às 16h26 - Atualizado às 17h09
Adam Levine estampa a capa deste mês da Rolling Stone Brasil. O jurado do The Voice e líder do Maroon 5, banda que em março lotou estádios pelo país, há alguns anos tem sido uma máquina de fazer dinheiro e sucesso. “Nunca quero ir dormir, porque estou empolgado demais em estar vivo”, define ele na entrevista que chega às bancas de São Paulo nesta sexta, 15 (e na semana seguinte aos demais estados). “Sempre penso: estou na cama, mas poderia estar fazendo algo incrível agora.” Chad Dennis, instrutor de ioga do cantor (que também trabalha com Harry Styles, do One Direction), concorda e ri: “Todo dia é Natal para o Adam”.
Veja as fotos de um dos shows do Maroon 5 em São Paulo
“Cresci na porra de Los Angeles com um bando de hipsters e queria dar um soco na boca deles constantemente”, continua o astro. “Eles eram tão cool. Eu odiava aquilo. Dizia: ‘Cara, não quero ser cool. Que se foda isso. É estúpido. É entediante. E é triste. Quero me divertir. E fazer música pop.”
Apesar de adorado por uma legião crescente de fãs, Levine também tem um batalhão bastante consistente de detratores – já viu o Maroon 5 ser zombado em um episódio de Girls, por exemplo, e quando foi eleito pela revista People O Homem Mais Sexy de 2013, teve de ler no site Jezebel que sua escolha era “uma vitória impressionante para os babacas mundo afora”.
O fato de o astro não se importar em usar, sem pudores, a própria imagem para ganhar dinheiro também parece incomodar quem o vê como um músico inconsistente. Mas hoje Levine não se incomoda com esse entendimento de que um “artista comprometido com sua arte” deveria ser menos preocupado com cifras. “Toda a natureza da indústria da música mudou muito. Antigamente, todos tinham muito orgulho e alguma pureza. Era algo realmente bonito. Em vez de lamentar que as coisas não são mais assim – e passei muito tempo fazendo isso –, estou mais interessado em explorar o que é o futuro. As pessoas se prendem em muitas coisas nas quais não precisam mais se prender.”
Além da entrevista concedida em Los Angeles, Levine também falou com a Rolling Stone Brasil durante a passagem do Maroon 5 por São Paulo e comentou ainda sobre o medo do fracasso e a carreira no The Voice (além de ter revelado o desejo de trabalhar em um filme de super-heróis: “Notifiquem a Marvel de que eu iria amar!”). Leia abaixo um trecho da matéria de capa da edição 116 (abril/2016), nas bancas a partir desta sexta, 15.
A revista ainda traz uma discografia de George Martin, o “quinto beatle”; perfis de Macklemore e Max Cavalera; entrevistas com Paolla Oliveira e Alexandre Nero; portfólio da fotógrafa Janette Beckman, que fez registros históricos do hip-hop e do punk; Especial Motos e uma matéria sobre a guerra interna na maior comunidade poligâmica dos Estados Unidos.
Grande demais para falhar?
Com um histórico consistente de êxito, o cantor ainda se assombra com a ideia de que tudo pode dar errado
Por Stella Rodrigues
Adam Levine abre um sorriso quando ouve a pergunta. Ele parece deliciado de notar que passará os cinco minutos seguintes (cinco cravados, já que o esperam para um evento da grife brasileira John John, da qual é garoto-propaganda) falando, finalmente, de música, TV e cinema. O vocalista do Maroon 5 chegou a um estágio da carreira em que não precisa chegar a um país e dar uma longa sequência de entrevistas, pois qualquer show que a banda marque, por maior que seja a capacidade de lotação do local, terá ingressos esgotados e uma horda de fãs que apesar de ter, em grande parte, superado a adolescência há algum tempo, não se furta de passar vergonha reagindo diante do rebolado de Levine e de se comportar como se estivesse em uma versão massiva de um Clube das Mulheres protagonizado por um homem só.
Veja as fotos do show do Maroon 5 no Rio de Janeiro
Esta turnê pela América Latina tem duas particularidades. Uma diz respeito a entrevistas: a imprensa está alucinada por comentários a respeito da notícia de que a esposa de Levine, a modelo Behati Prinsloo, espera o primeiro filho do casal (assunto que ele tem evitado). A segunda é que o vocalista comemoraria seu aniversário de 37 anos no Brasil, longe da família e dos amigos, mas ao lado da banda que ajudou a catapultá-lo ao status de mega-astro que carrega hoje. “Estou muito feliz de passar aqui. Estamos planejando fazer uma festinha. Nada demais, porque estamos ficando mais velhos, então não somos mais tão malucos”, brinca (posteriormente, ele postou no Instagram uma foto de seu bolo pela metade e afirmou que recomenda que todo mundo gaste um aniversário assim, comendo bolo sozinho e refletindo sobre as conquistas). Afinal, agora ele está mais perto dos 40 do que dos 30, certo? “Obrigado por me lembrar disso!”, ri. “Aproveite cada ano porque quando se der conta... bom, não estou tão velho assim, vai.” Não está. Ao contrário, ele parece um moleque quando conversa sobre os medos e anseios que o estrelato instiga sobre ele.
“Eu penso isso o tempo todo”, diz, analisando a possibilidade de que depois de tantos anos de sucesso estável, o próximo single pode, de repente, ser um fracasso e representar o começo do fim. “Ter um hit é a exceção, é muito mais fácil não ter um. A gente tem tido muita sorte. Fizemos algumas músicas que não foram sucesso, mas é bom também porque aí sempre ficamos agradecidos quando uma canção estoura. Você pode até imaginar que as pessoas já esperam que uma música da nossa banda vá ser grande, mas não é tão fácil assim”, se justifica. É a velha história de que a queda é mais grave quanto maior a altura. “Você tem que meio que aceitar o fracasso, mas deixá-lo para trás rapidamente para conseguir chegar ao próximo nível. Se eu ficasse enlouquecendo com algo que não funcionou ou uma oportunidade perdida, ficaria maluco, iria explodir.”
Ainda que lide diariamente com esse sucesso cheio de possibilidade de fracasso, Adam Levine pode contrabalancear essa realidade e manter os pés no chão encarando, ao lado dos candidatos do The Voice, o caminho contrário: o de quem ainda não tem nada além da chance de sair do zero e, quem sabe, chegar ao topo. “Quando comecei a fazer o The Voice eu fiquei surpreso com como me senti. Eu não sabia muito bem no que estava me metendo, mas percebi que tinha bastante a oferecer a esse pessoal, e isso meio que me revigorou para a minha vida e minha própria carreira”, diz. “É tipo [fala em tom de surpresa] ‘Eu entendo de alguma coisa!’”
Além de cantor, modelo, marido, empresário e astro da TV, Adam ainda encontra dentro dele um desejo de atuar. Tendo exercido o ofício na TV e no cinema, em Mesmo se Nada Der Certo, ele diz que agora adoraria ter um papel naquela que é a versão de Hollywood do Maroon 5: filmes de super-herói, que são praticamente uma garantia de triunfo, mas que, quando falham, falham proporcionalmente ao seu tamanho agigantado. “Notifiquem a Marvel de que eu iria amar!
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