Prestes a fazer oito shows no país, cantora fala do álbum, da maternidade e sobre não ligar para os paparazzi
Bruna Veloso Publicado em 31/08/2012, às 11h34 - Atualizado em 01/09/2012, às 12h06
Nem o filho de 1 ano e meio impede que Alanis Morissette caia na estrada. E, tendo o bebê Ever Imre como parte da caravana que viaja o mundo com ela, Alanis desembarcará no Brasil no próximo domingo, 2 de setembro, para uma série de oito shows. A cantora acaba de lançar o disco Havoc and Bright Lights, que sai por aqui pelo selo LAB 344.
No álbum, o oitavo da carreira, Alanis fala, claro, da maternidade. O primeiro single, “Guardian”, é um exemplo disso. “‘Guardian’ foi algo que eu precisava expressar. O refrão é sobre a minha vontade de proteger a liberdade e a segurança do meu filho”, conta a cantora em entrevista à Rolling Stone Brasil. Solícita e simpática, a artista comenta a nova fase da vida com entusiasmo. “Sempre soube desde muito pequena que queria ser mãe. Mas não podia dizer que antes estava preparada [risos].”
Leia a crítica de Havoc and Bright Lights.
Mas Havoc and Bright Lights, um disco que equilibra muito bem elementos eletrônicos, guitarras e violões, trata de muitos outros assuntos. “Spiral”, por exemplo, remete aos conflitos internos que a cantora tantas vezes expressou em trabalhos anteriores: “Don't leave me here with all these critical voices/ ‘Cause they do their best to bring me down” (“Não me deixe aqui com todas essas vozes críticas/ Porque elas fazem o melhor delas para me botar para baixo”). O sentido desses versos é bem amplo, segundo ela. “Essas vozes críticas vêm da minha própria cabeça, da minha própria censura, do meu país, do mundo ocidental, das condições da sociedade e do planeta, de todo mundo em volta”, tenta explicar.
A crítica não está só nas vozes dentro da cabeça de Alanis – parte também da cantora. No disco há músicas como “Celebrity”, uma crônica da busca desenfreada pela fama, e “Numb”, que fala dos valores (ou da falta deles) do ocidente, porque “vício e ser desconectado do espírito é realmente o que é apoiado no mundo ocidental”. Para Alanis, a “fama por si só é vazia”, mas pode ser usada para bons propósitos. Tanto que, mesmo tendo constituído uma família e apreciando seus momentos de privacidade, Alanis não se irrita com a invasão dos paparazzi, por exemplo. “Não me incomodo, porque eu uso isso. Eu sei que nasci para estar diante do público e dividir o ativismo social, ou ativismo em relação a questões da mulher. Sei que nasci para ter esse debate. E não posso tê-lo se não por uma pessoa pública. Então, está tudo bem para mim.”
Obviamente, Alanis mudou muito, embora ainda haja quem a veja eternamente como a cantora que, nas letras, dialogava como ninguém sobre seus relacionamentos pessoais, destilando uma fina ironia ou uma raiva sem limites. Ela serviu de modelo não só para diversas outras cantoras, como também para uma geração de garotas que viam nela um modelo feminino de força e autossuficiência.
Só que ter um dos álbuns mais vendidos da década de 90 (Jagged Little Pill, de 1995) foi, em algumas esferas, difícil – da mesma forma que há um lado penoso em ser considerada um ícone global aos 21 anos. Hoje, no entanto, Alanis se sente confortável em ser vista como um exemplo a ser seguido. “Quando era mais jovem e não estava preparada para esse papel, eu me sentia desencorajada. Mas agora, aos 38 anos, me sinto honrada em estar nessa posição, de ser um modelo no qual as pessoas procuram respostas ou conforto”, ela diz.
Para o futuro, além de continuar em turnês (mantendo o filho sempre em primeiro lugar na lista de prioridades), Alanis pretende terminar o livro que está escrevendo “sobre questões femininas, saúde, práticas espirituais, maternidade, casamento e artes”. “É um livro muito denso”, ela afirma. Em se tratando de Alanis, não poderia ser diferente.
Você lê mais da entrevista com Alanis Morissette na edição de setembro da Rolling Stone Brasil.
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