Amanda Palmer - Divulgação

Amanda Palmer encara seus demônios em novo álbum

“Por meio de canções eu posso ser dramática, posso explorar a raiva, a escuridão, a dor”, diz a cantora

Lucas Reginato Publicado em 03/11/2012, às 10h33

Já não é de hoje que não se podem mais financiar projetos musicais como antigamente, visando o lucro na venda de álbuns. A alternativa do crowdfunding foi escolhida por diversos artistas, tanto nacionais como estrangeiros, para angariar fundos para financiar álbuns, mas ninguém obteve tanto sucesso com esta ferramenta como a cantora Amanda Palmer.

No começo de 2012, a ex-integrante do duo punk The Dresden Dolls resolveu pedir a seus fãs que contribuíssem para que o dinheiro necessário, cerca de US$ 100 mil, fosse arrecadado via crowdfunding. Amanda afirma não ter ficado surpresa quando o valor foi superado em mais de dez vezes. “Não me surpreendi. Eu tenho uma relação muito, muito próxima com meus fãs, e faz bastante tempo”, afirma a cantora. “Por anos me encontrei com eles depois dos shows, e me comunico com centenas de pessoas, já dormi na casa de um monte delas. Nós somos uma comunidade, eu não sou uma rockstar. Um projeto como este é um ótimo momento para que esta comunidade mostre do que é capaz”, exalta a cantora, que afirma já ter gasto todo o dinheiro com livros de arte, gravações e pacotes especiais, quatro clipes e parte da turnê. “Estou feliz por gastarmos tudo com arte e artistas.”

Galeria: nove formas para músicos ganharem dinheiro.

Theatre Is Evil ficou pronto e parece ter agradado não só aos fãs como a grande parte daqueles que escutaram as 15 faixas (só uma delas não é de autoria de Amanda). São canções que, embora quase sempre agressivas, variam entre o grandioso e o delicado por caminhos não previstos. “Eu nunca planejo esse tipo de coisa. Escrevo canções e vejo como elas soam juntas”, explica. “Elas surgem na minha cabeça e fazem o resto. Elas queriam um sintetizador, precisavam de uma guitarra, de um baixo. Elas precisavam de uma banda.”

Tanto as canções pediram, que Amanda resolveu gravar o trabalho ao lado da The Grand Theft Orchestra. Ela também ressalta a importância do produtor John Congleton. “Foi um milagre”, brinca. “Ele ama as mesmas músicas que eu, especialmente as bandas que influenciaram essas canções – The Cure, Depeche Mode, The Cars... As músicas precisavam de um produtor que entendesse o que elas queriam e que pudesse falar a linguagem dos anos 80 sem fazer disso uma piada.”

Mas qual o motivo do nome de álbum? O que há de demoníaco no teatro? Ela ironiza: “O que não é? Teatro é perverso! Teatro é ridículo! Abaixo ao teatro! Música também é perversa! Por que precisamos de música? Precisamos mais de engenharia elétrica e pontes e prédios. Música é uma perda de tempo!!!”. Mas Amanda, indiretamente, explica porque escolheu este título. “Por meio de canções eu posso ser dramática, posso explorar a raiva, a escuridão, a dor. Por isso música e performance são tão importantes para artistas. Você tem acesso a seus demônios para que eles não te alcancem em situações reais. Você cansa seus demônios no palco – para o entretenimento de outros, que conveniente!”

E para os brasileiros que quiserem conferir ao vivo os demônios de Amanda Palmer, ela recomenda que “prestem atenção ao Twitter e ao blog” dela. “Vamos lançar uma campanha em breve”, revela, planejando um novo financiamento coletivo para viajar ao Brasil. “É ridículo que tenha demorado tanto tempo para fazermos essa viagem.”

Veja o clipe de “The Killing Type”:

dresden dolls amanda palmer theatre is evil the grand theft orchestra

Leia também

Alfa Anderson, vocalista principal do Chic, morre aos 78 anos


Blake Lively se pronuncia sobre acusação de assédio contra Justin Baldoni


Luigi Mangione enfrenta acusações federais de assassinato e perseguição


Prince e The Clash receberão o Grammy pelo conjunto da obra na edição de 2025


Música de Robbie Williams é desqualificada do Oscar por supostas semelhanças com outras canções


Detonautas divulga agenda de shows de 2025; veja