O guitarrista Slash, que conheceu a fama ao lado da famosa banda da Califórnia, se apresenta em São Paulo neste domingo, 22
Paulo Cavalcanti Publicado em 22/03/2015, às 14h03
Para grande parte dos fãs, a história do Guns N’ Roses começou com Appetite for Destruction (1987), uma verdadeira bomba atômica sonora que hoje mais parece uma coletânea, de tantos hits que reúne: estão entre eles “Sweet Child O’ Mine”, “Welcome to the Jungle” e “Paradise City”. O álbum, que definiu as propostas e a atitude da banda, ainda é o disco de estreia que mais vendeu no rock – já são mais de 30 milhões de cópias comercializadas. Mas antes da explosão inebriante de Appetite... os futuros integrantes do quinteto batiam cabeça tentando a sorte em Los Angeles, em uma cena em que pipocavam clubes habitados por grupos de hard rock e glam metal. Para uma fatia generosa deles, porém, o trabalho em busca do estrelato resultava em uma cópia pálida do Mötley Crüe.
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Não foi o caso do projeto encabeçado por Axl Rose. Em meio a uma festa que parecia ser boa para os outros, mas não para eles, há exatamente 30 anos, o Guns N’ Roses surgia oficialmente. O fato é que em março de 1985 o L.A. Guns e o Hollywood Rose, duas bandas obscuras que assombravam a Sunset Strip, resolveram juntar forças. Usando uma palavra de cada um dos nomes dos grupos que agora se dissolviam, uma nova e poderosa entidade era criada.
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Em pouco tempo, o Guns N’ Roses passou como um trator por cima da concorrência. Em uma época em que as bandas eram chamadas, muitas vezes justificadamente, de “posers” (enfatizando uma falsa atitude de rebeldia e se preocupando mais em ostentar roupas e adereços de butique), o Guns era um artigo autêntico. Axl Rose, o problemático cantor, tinha sido preso cerca de 20 vezes em sua cidade natal, Lafayette, Indiana, por todo tipo de encrenca. Ele chegou a passar três meses na cadeia. As autoridades locais estavam prestes a prendê-lo uma última vez e jogar a chave fora. Mas Axl se mudou para Los Angeles em 1982 e, ainda que pareça um clichê, a música salvou a vida dele. A atitude delinquente seguia, só que agora Axl não apenas a viveria na própria rotina – ele poderia cantar sobre ela e fazer disso uma carreira.
No Hollywood Rose, banda que formou depois de várias tentativas frustradas, Axl tinha como companheiro o guitarrista Izzy Stradlin, um amigo de infância que já perambulava por Los Angeles tempos antes de o cantor se fixar na cidade. Stradlin sobreviveu à mudança para o emergente Guns. Mas o pessoal que veio do L.A. Guns não teve a mesma sorte. O guitarrista Tracii Guns, o baixista Ole Beich e o baterista Rob Gardner em cerca de dois meses viraram pé de página na história da banda. No lugar de Beich, entrou Du McKagan. Tracii Guns começou a dar cano nos ensaios e a se estranhar com Axl. Em junho de 1985, foi substituído por Slash. Com atitude cool e fala mansa, Slash já tinha tocado por um breve período no Hollywood Rose, em 1984. Ele sabia que lidar com Axl era como estar sentado em um barril de pólvora, mas também tinha a noção de que o cantor mantinha ambição e energia desmedidas e que essas características seriam a chave para o sucesso que a maioria deles perseguia.
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Com Steven Adler substituindo Gardner e completando a formação clássica, o Guns se tornou sensação em clubes como Roxy e The Troubadour. A interação de Axl Rose e Slash no palco era comparada à dos Stones Mick Jagger e Keith Richards ou então, mais apropriadamente, à de Steven Tyler e Joe Perry, do Aerosmith. Já a precisa sessão rítmica formada por Stradlin, McKagan e Adler era pesada, mas também dançante. O ano de 1986 terminou com o lançamento do EP independente Live ?!*@ Like a Suicide, que abriu as portas para o triunfo fonográfico do quinteto. Nas três décadas que se seguiram ao seu surgimento, não nasceu nenhuma outra banda com uma aura semelhante à do Guns N’ Roses – provavelmente, nem haveria como, já que o hard rock perdeu força com o passar dos anos 1990. Ironicamente, eles nem eram tão originais quando despontaram, já que surrupiaram muitos trejeitos de grupos consagrados de classic rock, como o próprio Aerosmith. Com uma postura violenta, excessiva, desregrada e misógina, o Guns era o produto de tempos menos politicamente corretos, nos quais o rock era uma alternativa viável para jovens rebeldes ou desajustados.
Por muitas vezes o quinteto exibiu hábitos detestáveis – como os intermináveis atrasos para os shows – mas, ainda assim, os integrantes nunca deixaram de ser totalmente honestos em relação a tudo em que acreditavam. Claro, de nada adiantaria toda a mitologia de bad boys se a música deles não valesse a pena. O catálogo do Guns, antes de Axl Rose se tornar uma prima-dona e alienar o resto da banda, é quase impecável, com muitos altos e poucos baixos. Se o vocalista tivesse um pouco de bom senso e se preocupasse em não macular o legado que construiu, já teria aposentado o nome Guns N’ Roses há um bom tempo. Mas Axl segue como uma inevitável paródia. Até hoje, é fácil odiar o recluso e imprevisível cantor, e ele dá motivos para isso. Já Slash, o outro lado da moeda, encontrou maneiras dignas de mostrar sua musicalidade.
Em 2012, o Guns N’ Roses entrou para o Hall da Fama do Rock and Roll e Axl não quis se reunir aos antigos companheiros – em vez disso, enviou uma carta malcriada para os organizadores. Certamente, nesses 30 anos de Guns, não haverá comemoração – pelo menos não por parte da formação clássica da banda.
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