Stone fez 63 anos no dia 10 de março; relembre a trajetória profissional e pessoal da atriz
Mariana Pastorello | @mari.pastorello (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 10/03/2021, às 14h59
Com mais de 40 anos de carreira, Sharon Stone, atriz e modelo estadunidense fez sucesso entre 1980 e 1990 nas telas e revistas mais aclamadas de Hollywood. Com um portfólio cheio, desde o icônico drama sensual Instinto Selvagem (1992) até a série Ratched (2020), Stone conquistou - e conquista - fãs e amantes de cinema.
Embora tenha uma carreira de sucesso consolidada, passou por muitas situações degradantes ao longo dos anos. Entre abusos e assédio, a atriz foi considerada símbolo sexual e até ícone erótico. Atualmente, luta pelos direitos das mulheres e participa do movimento #MeToo, colaborando para denunciar e expor casos de assédio na indústria cinematográfica.
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Conheça a história de vida de uma das mulheres mais fortes de Hollywood:
Nascida e criada em Meadville, EUA, há exatos 63 anos, Sharon Stone era uma típica garota de interior até se mudar para Nova York, aos 19 anos, em busca de construir e consolidar a carreira de modelo. Stone desenvolveu uma paixão por cinema e não demorou para conseguir a primeira oportunidade nas telonas. Em 1980, Woody Allen a chamou para ser figurante no longa Stardust Memories.
O diretor ficou encantado e a carreira de atriz começou a decolar. Em 1990, ao estrelar em O Vingador do Futuro, de Paul Verhoeven, e posar na revista Playboy, Stone conquistou os olhares perversos hollywoodianos. Depois da aparição, estrelou em Instinto Selvagem (1992) também de Verhoeven. O filme conta a história de Nick Curran (Michael Douglas), detetive responsável por desvendar o assassinato do astro de rock Johnny Boz, ao lado de Catherine Tramell (Sharon Stone), uma escritora enigmática e principal suspeita do crime. Conforme os personagens ficam mais próximos, um relacionamento intenso e erótico se desenvolve.
Devido às diversas cenas sensuais da atriz, o filme caiu no gosto do público; naturalmente, outras oportunidades começaram a surgir. Rapidamente, o sucesso e a fama de símbolo sexual cairam no colo de Stone. Diretores e produtores de cinema a olhavam como peça essencial - Sharon tinha um talento e beleza únicos. Em 1995, Martin Scorsese escalou a atriz para Cassino, ao lado de Robert De Niro. O filme rendeu indicação de Melhor Atriz no Oscar.
Em entrevista à Vogue Portugal em 2019, Sharon declarou: "Quando comecei nesta indústria, o termo fuc*able era usado para ver se tinham perfil para conseguir um papel. Os executivos do estúdio sentavam-se à volta de uma mesa enorme e discutiam se cada uma de nós era, de fato, fuc*able.”
Em meio a tantos cenários machistas, Sharon e outras grandes atrizes aprenderam a lidar com desrespeito, ofensas e abusos durante as gravações. A atriz comentou como, em Instinto Selvagem 2 (2006), o diretor, Michael Caton-Jones, a fazia sentar em seu colo para dar os direcionamentos das cenas. Além de outros milhares de exemplos, como quando Verhoeven pediu para a atriz tirar a calcinha no meio da gravação de uma cena. O resultado final foi suas partes íntimas à mostra na telona.
Ainda para a Vogue Portugal, a atriz desabafou: “A maioria dos filmes são escritos por homens, realizados por homens, criados por homens, com a mentalidade masculina. Nunca considerando como as mulheres são na verdade, como pensamos e sentimos. Por isso, muitas das minhas personagens são bêbadas ou drogadas ou loucas”.
Depois de anos de juventude exposta a situações humilhantes, desconfortáveis e machistas, Stone percebeu como era difícil jogar no mundo cinematográfico de Hollywood e desenvolveu uma “casca grossa". Entre os anos 1980 e 1990 a situação era muito pior. Não existia perspectiva de como essas ações impactam na saúde mental e na vida das mulheres, criando traumas e inseguranças eternas.
Hoje, observam-se grandes mudanças nesse comportamento. Em 2017, o movimento MeToo ganhou força após The New York Times expor casos, denúncias e relatos de assédio e abuso sexual na indústria cinematográfica dos EUA. Depois do caso mais famoso - do diretor Harvey Weinstein - mais de 200 homens foram afastados de seus cargos.
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Sharon, por carregar um passado tenso e com casos acumulados, tornou-se voz importante e potente para difundir o movimento e apoiar mulheres dentro e fora dessa indústria. Ao ganhar o prêmio Women Of The Year em 2019, a atriz fez um discurso forte e empoderado, revelando brevemente o acontecimento da calcinha e como é necessário se impor em situações como essa.
No discurso, declarou: “Estou aqui, como mulher do ano, como mais do que um indivíduo. Estou aqui para ficar ao lado das outras mulheres, e fazer parte delas. Estou aqui com a minha graça, a minha suavidade, e minha dignidade (...) Quero dizer obrigada por terem me escolhido como mulher do ano, porque houve um tempo no qual fui apenas uma piada.”
Assista ao vídeo do discurso de Sharon:
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