O Helmet, de Page Hamilton, faz três shows no Brasil - Divulgação

Anti-Status Quo

Helmet vem ao Brasil para três shows, incluindo um no Porão do Rock; leia entrevista com o líder do grupo, o perfeccionista Page Hamilton

Por Stella Rodrigues Publicado em 28/07/2011, às 21h27

Page Hamilton, o dono do grupo Helmet, acabou de desembarcar no país para mostrar seu metal sem clichês, daquele difíceis de encaixar em vertentes musicais. O próprio Page, de cabelos curtos e roupas que fogem do padrão preto-metal, é um ponto fora da curva no visual esperado para um rock que exige capacetes.

Em entrevista concedida por telefone ao site da Rolling Stone Brasil, Hamilton relembra os tempos de adolescência, ouvindo música em um volume de estourar os tímpanos e tomando aquelas tradicionais broncas dos vizinhos e pais por ultrapassar os decibéis socialmente aceitos. Associa livremente essa infração ao seu modo peculiar de se vestir - peculiar dentro do nicho que habita. A conclusão é que, assim, mesmo que acidentalmente, continua desafiando regras, mesmo dentro do contexto musical que já se diz anti-status quo. "Crianças de 9 anos usam cinto de punk hoje em dia, essas coisas não querem dizer nada", afirma.

Três apresentações estão na agenda desse retorno do Helmet ao Brasil. Uma em São Paulo nesta quinta, 28, outra no Porão do Rock, em Brasília, e uma terceira em Porto Alegre (veja mais informações abaixo).

"Lembro que foi ótimo, muito divertido", comenta sobre sua última passagem pelo país, em 2008. "A gente acabou fazendo somente Goiânia e São Paulo, em vez de Brasília. Não sei bem o que aconteceu ali, essas coisas não chegam na gente, é um mistério para mim. Mas estamos felizes que agora vai rolar o show em Brasília!"

Para essa miniturnê de 2011, Hamilton promete um apanhadão bem equilibrado da carreira, passando por todas as fases do Helmet. "Temos 70 músicas, então, nunca falta material. Reaprendemos algumas antigas, de Betty, que não tocávamos faz tempo e talvez elas apareçam no set. Só sei que 'Insatiable' [do disco Aftertaste, de 1997] não estará. Essa me enlouquece, muito difícil de cantar e tocar ao mesmo tempo."

Essa frase é uma das muitas do discurso de Hamilton que reflete seu modo perfeccionista de trabalhar. Característica que o próprio considera o motivo para ele liderar uma banda que é, basicamente, ele somado a diversos outros músicos escolhidos a dedo, para executar as intrincadas melodias que concebe. "Elas são uma combinação da minha personalidade e meu baterista original, John Stanier, que era ótimo, tinha um timing incrível, mas muito suingue, ao mesmo tempo. A gente experimentou tanto que foi chegando nessas coisas. Depois, tive que me certificar de que sempre teria músicos excelentes no lugar dele. Acho que no fim o Helmet se beneficiou com isso de ter um líder. Se a gente fosse colocar tudo que todo mundo acha que deve ser uma música do Helmet na gravação, ela seria um monte de riffs e batidas amarradas juntas."

O próximo desafio do metódico Page Hamilton é um disco de jazz. "Descobri o jazz quando me enchi dos tipos de rock que existiam por aí. Me interessei por isso faz tempo e nunca tinha considerado cantar standards. Mas com o passar do tempo, fui ganhando confiança como cantor. É uma música difícil e minhas características compulsivas dificultam, quero descobrir cada substituição que pode soar bem antes de concluir qualquer coisa."

O jazz não é a única coisa em sua mente e nas caixas de som da sua casa, ultimamente. Fã de bossa nova, MPB e profundo admirador das canções "Wave" e "Corcovado", de Tom Jobim, ele comprou discos de Chico Buarque na última passagem pelo país e, aproveitando o fato de que estava com outra vinda para cá marcada, tirou a poeira dos álbuns, preparando-se para o retorno. Ao saber que Chico está com músicas novas chegando ao mercado, ficou verdadeiramente empolgado para conhecer o trabalho.

E se o Helmet tivesse começado agora?

"Como o Ray Davies falou sobre o Kinks, acho que a gente não é bonito o suficiente para fazer sucesso", brinca Page Hamilton ao falar que não imagina o Helmet funcionando se surgisse no atual momento da música. "A década de 90 era muito diferente, mesmo. Tenho bandas de amigos, aqui de Los Angeles, que considero excelentes, elas abriam para Foo Fighters, The Cult, mas acabam não acontecendo. Eu não consigo mais acertar o que vai fazer sucesso. Para mim, algumas das piores, mais desinteressantes, tediosas e pretensiosas bandas acabam estourando. Eu não sei o que fariam com a gente hoje."

Porão do Rock

O Helmet, assim como o Jon Spencer Blues Explosion e o DT's, tocará no Porão do Rock - e você confere a cobertura no site da Rolling Stone Brasil. Clique aqui para ler uma entrevista com Jon Spencer e aqui para saber mais sobre o DT's.

Helmet no Brasil

São Paulo

28 de julho

Beco 203 - Rua Augusta, 609

R$ 80 (1º lote) e R$ 100 (2º lote)

Informações: www.beco203.com.br

Brasília (Festival Porão do Rock)

29 de julho

Festival Porão do Rock - SRPN - Complexo do Ginásio Nilson Nelson - quadra 207 Norte, no Plano Piloto de Brasília

Entrada gratuita mediante apresentação do ingresso (que pode ser impresso no site) mais 1Kg de alimento não perecível

Informações: www.poraodorock.com.br

Porto Alegre

30 de julho

Beco 203 - Avenida Independência, 936

R$ 70 (1º lote) e R$ 90 (2º lote)

Informações: www.beco203.com.br

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