Presidente foi gravado por um dos donos do grupo J&F, Joesley Batista, falando sobre o pagamento de propina para manter o silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB)
Redação Publicado em 18/05/2017, às 17h12 - Atualizado às 17h44
O presidente da República, Michel Temer (PMDB), respondeu às recentes denúncias da JBS em pronunciamento no Palácio do Planalto, em Brasília, na tarde desta quinta, 18. “Não renunciarei”, disse ele no inflamado discurso. “Repito: Não renunciarei.”
O pronunciamento aconteceu menos de um dia depois de o jornal O Globo ter revelado que o presidente foi gravado por um dos donos do grupo J&F (que detém o frigorífico JBS), Joesley Batista, falando sobre o pagamento de propina para manter o silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB). Atualmente na cadeia, Cunha conduziu o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) na Câmara, processo que acabou rendendo o cargo de presidente da República a Temer.
“Não comprei o silêncio de ninguém, porque não temo nenhuma delação premiada”, disse ele. “Não preciso de cargo público nem de foro especial. Não tenho nada a esconder. Sempre honrei meu nome e nunca autorizei que utilizassem meu nome indevidamente. E por isso quero registrar enfaticamente que a investigação pedida pelo STF será o território onde surgirão todas as explicações.”
Como não renunciou, o presidente será investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), no qual o peemedebista entrou com requerimento para impedir que o ministro Edson Fachin – relator da operação Lava Jato na corte – tivesse acesso à íntegra dos áudios gravados. Na fala, Temer repetiu algumas vezes que as gravações feitas foram “clandestinas”. “Repito e ressalto: Não autorizei a pagar a quem quer que seja para ficar calado”, completou.
O presidente ainda disse que “não podemos jogar no lixo da história tanto trabalho feito pelo país”, afirmando que a crise política abafa supostas conquistas que o governo dele vinha conseguindo. Ele declarou: “No Supremo demonstrarei não ter nenhum envolvimento com estes fatos.”
Já nesta quinta, 18, o STF autorizou a abertura de um inquérito contra Temer. A decisão foi tomada por Fachin, após o pedido de abertura de investigação ter sido feito pela PGR (Procuradoria-Geral da República). O presidente da República vai, então, passar a ser formalmente investigado.
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