Aretha Franklin fala sobre Taylor Swift, Beyoncé e a doença que há alguns anos a tirou de circulação

A diva do soul crê que Beyoncé é a responsável por manter acesa a chama do feminismo. “Ela é virginiana, como Michael Jackson. Trabalha duro”

Patrick Doyle

Publicado em 17/01/2015, às 15h18
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“Vocês leem muitos livros, mas não me conhecem”, Aretha respondeu aos médicos que a diagnosticaram com câncer. “Venho de uma família que reza muito” - Ilustrações: Tyler Jacobson

“Você não tem salmão defumado?”, questiona Aretha a um garçom, enquanto aponta para um sanduíche de peixe que acabou de chegar. A cantora está em Nova York, no restaurante Ritz Carlton, usando um reluzente casaco de pele. O garçom explica que o prato preferido dela, sanduíche de salmão com pasta de queijo no pão integral branco, não está mais no cardápio. “Mas vou falar com o chef”, ele rapidamente acrescenta. “Ele vai fazer para você imediatamente.”

Celebrando com Aretha Franklin – no aniversário de 72 anos da Rainha do Soul, ela se abre e conta como foi trabalhar com Andre 3000, do amor que sente por Beyoncé e fala das razões para não se aposentar.

Aos 72 anos, Aretha acabou de autografar uma pilha de cópias de Aretha Franklin Sings the Great Diva Classics, seu primeiro lançamento desde que foi supostamente diagnosticada com câncer no pâncreas, em 2010. À época, a cantora negou estar doente, mas em junho de 2014, em um show em Nova York, ela contou que chegou a receber, sim, um diagnóstico sinistro. “‘Vocês leem muitos livros, mas não me conhecem’”, respondeu aos médicos. “‘Venho de uma família que reza muito’. Alguns anos depois, os mesmos doutores falaram: ‘Aquela coisa que vimos antes não está mais lá’. Aleluia!”

No momento, Respect, um livro sobre a cantora escrito por David Ritz, está recebendo bastante publicidade – e ela não está contente. Ritz ajudou Aretha a escrever a autobiografia dela (Aretha: From These Roots, lançada em 1999), mas o autor não gostou do resultado e fez uma nova obra em que detalha o casamento problemático dela com Ted White. “É puro lixo, só mentiras”, ela crava. A artista mantém uma atitude combativa com a imprensa. Quando peço que a conversa seja gravada, ela nega. “Você pode tomar notas”, fala secamente. Mas logo o salmão chega e ela oferece para mim. “Um pouquinho de caviar, também”, diz, se deliciando com uma mordida.

No disco novo, Aretha faz covers de Gladys Knight and the Pips (“Midnight Train to Georgia”) e Adele (“Rolling in the Deep”). “Nunca foi tão competitivo como agora”, afirma sobre o mercado de divas. E ela se mantém atualizada com o pop. “Gosto de ‘Bang Bang’”, diz sobre a faixa de Jessie J. “Ariana Grande – gosto bastante.” Mas não se entusiasma com Taylor Swift: “Ouvi ‘Shake, Shake’... é isso? [Se refere a ‘Shake It Off’]. Mas adoro os vestidos, vi no site dela”.

Clássicos de Aretha, como “Respect” e “Chain of Fools”, tornaram- -se hinos para os movimentos de direito civil e liberação feminina, mas ela nega que tenha contribuído nessa questão – acha que Beyoncé é responsável por manter acesa a chama do feminismo. “Ela é virginiana, como Michael Jackson”, analisa. “Trabalha duro.” A cantora deve fazer shows em 2015, misturando as covers recentes e os hits. “Sempre descubro maneiras de manter tudo novo.”

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