Suecos do Peter Bjorn & John e do Club 8 fecham Coquetel Molotov cantando ataques na costa do Recife
Por Artur Tavares, do Recife Publicado em 21/09/2008, às 21h38 - Atualizado às 22h06
Em uma noite em que praticamente todos os grupos e artistas usaram efeitos eletrônicos para apresentar suas músicas, o encerramento do festival Coquetel Molotov com o trio sueco Peter Bjorn and John, neste sábado, contornou essa lógica e foi o momento mais rock n' roll da maratona.
Marcelo Camelo apresentou seu disco solo na sexta. Leia também sobre os outros shows.
Completamente esgotado, o teatro da Universidade Federal do Pernambuco pareceu não ter cadeiras. Enquanto a banda mandava seus sucessos indies, como "Young Folks", "Amsterdam" e "Writer's Block", o público se espremeu na beira do palco, pulou sem cuidado e cantou todas as músicas junto com o grupo.
Nos bastidores, os suecos não paravam de fazer piadas sobre tubarões, comuns no mar da capital pernambucana. Na praia que fica de frente para o hotel onde estão hospedados, muitas placas avisam aos turistas que se deve tomar cuidado com os ataques dos peixes. No palco, Bjorn chegou a brincar com a platéia: "Vamos tocar agora uma música que se chama Ataque dos Tubarões". Em outro momento, chamou "só as popozudas".
Mais cedo, na mesma noite, a banda experimental Zeca Viana & Onomatopéia Bum! foi destaque do palco Cine UFPE. Liderado por Viana, baterista do Volver, o grupo mostrou sonoridades psicodélicas que lembraram o início da carreira do Pink Floyd, ainda com Syd Barrett no comando criativo. Acompanhado por esposa e cunhada, Zeca disparou muito bom humor em músicas "que até então só eram tocadas no nosso quarto..."
O seletivo público aplaudiu alto quando Viana dedicou uma música ao Vanguart, que faltou ao primeiro dia de festival: "Vou tocar um folk em homenagem ao Vanguart, e ao empresário dele. Malvadão". Ninguém da audiência engoliu o cancelamento da banda, que publicou um comentário depreciativo sobre a organização do festival na comunidade oficial do Coquetel Molotov, no Orkut. Leia na íntegra aqui.
Antes da apresentação de Mallu Magalhães no palco principal, mais uma vez ovacionada por todo o público, o canadense Final Fantasy (cujo nome real é Owen Pallett) entrou sozinho com um violino, um teclado e alguns pedais. Foi a surpresa da noite. Após tocar seus primeiros acordes, largou o violino e a música continuou. Sem o choque inicial, percebia-se que o músico, também arranjador do Arcade Fire, gravava na hora suas notas, e depois acionava um loop que as repetia.
Pallett passou todo o show acrescentando camadas e mais camadas em suas músicas, muito semelhantes a trilhas sonoras de jogos épicos de videogame, como a própria saga Final Fantasy, que batiza o projeto.
Selinho
Mallu Magalhães pintou seu rosto e os de toda sua banda antes de subir ao palco. Entrou aplaudida pela platéia, que se espremia sentada no chão para ver a garota tocar as músicas de seu primeiro disco, ainda não lançado. Repetiu a participação de Marcelo Camelo (também pintado), e, como na noite anterior, tocou "Janta" e "Morena". Foram as canções que mais agradaram em todo o festival. A garota ainda tocou banjo, passeou pela bucólica "Tchubaruba" e também por "Vanguart", em homenagem à banda ausente.
Após sua apresentação, recebeu fãs enlouquecidos no saguão reservado à imprensa e ainda teve um selinho roubado por um fã.
A noite teve, ainda, a recém-formada Pocilga Deluxe, que fez um pop rock oitentista muito bem humorado. O vocalista do grupo, também cantor do Paulo Francis Foi Para o Céu, dançou à vontade com sua pança colada à camisa.
No telão, o grupo exibiu filmes para acompanhar as letras de suas músicas. Enquanto falavam de uma boneca inflável, a clássica cena do despertar da andróide de Metrópolis era mostrada.
Por "problemas pessoais", o jornalista Lúcio Ribeiro não pôde discotecar neste ano. Ele encerraria o festival após a apresentação o Peter Bjorn & John.
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