- Jasika Nicole e John Noble (foto: reprodução)

Atriz de Fringe revela raciscmo no set da série e piada que a incomodou

Jasika Nicole contou sobre restrição a recursos do set, desrespeito e piadas discriminatórias

Redação Publicado em 26/08/2020, às 08h40

A atriz Jasika Nicole, que ficou conhecida pelo papel na série Fringe da agente do FBI novata Astrid Farnsworth, assistente de laboratório do Dr. Walter Bishop (John Noble), falou recentemente que foi vítima de racismo no set da série. 

Em vários tuítes no domingo (23), Nicole admitiu incômodo com uma piada recorrente da série, que envolvia o Dr. Bishop não conseguir se lembrar do nome de Astrid. Para a atriz, a piada era discriminatória.

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"Eu sempre deixei muito claro que nunca culpei John pela piada -- ele estava meramente entregando as falas que eram escritas para ele. Na verdade, demorou um pouco para eu mesma reconhecer o quanto a piada me incomodava", escreveu Nicole.

"Passei a minha vida toda tentando me encaixar, me convencer que estava rindo com as crianças brancas, e não que eu era o motivo da piada. É um mecanismo de defesa que me seguiu até a vida adulta. Mas mesmo quando eu percebi e consegui articular o meu incômodo, não pude falar nada - o set daquela série não era um espaço seguro para mim."

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kids instead of being laughed AT was a coping mechanism that followed me into adulthood. But once I *could* articulate how frustrating the joke was, I couldn’t do anything with it- the show was not a safe space for me, literally from my first day on set when I was told I would...

— Jasika Nicole (@TheJasikaNicole) August 23, 2020

A atriz esclareceu que sabia que, no início da série, o personagem do Dr. Bishop tinha problemas de memória, não se limitando apenas ao nome de Astrid. "O espírito da piada não passou batido por mim. Eu entendi que era um indicativo da saúde mental dele", escreveu.

Porém, ao longo das temporadas, a memória Dr. Bishop foi se tornando melhor e as piadas com esquecimento sumiram, com a exceção da piada sobre o nome de Astrid. Além da discriminação que se traduziu nas cenas da série, ela contou dos privilégios que os demais atores tinham.

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Os demais atores tinham caronas para o set, enquanto Nicole precisava usar o transporte público: 

mind. Begged my agents to believe me, insisted I wasn’t lying, wasn’t sure why I was being singled out. I took an hour and a half subway ride to work every day for weeks, then walked ten min to the studio as the van pulled up next to me, my cast mates in tow. At some point that..

— Jasika Nicole (@TheJasikaNicole) August 23, 2020

"Um produtor me disse que eu estava errada, que ninguém ia de carona, mas todos os dias eu via os meus colegas de elenco saindo da van enquanto eu estava chegando. Achei que eu estava perdendo a cabeça. Eu implorei para os meus agentes acreditarem em mim, insisti que não estava mentindo, que havia sido discriminada. [...] Em algum momento este produtor acabou sendo demitido [por um motivo não relacionado], e daí eu comecei a receber caronas."

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Jasika Nicole relembra tratamento diferenciado no set de Fringe. Além de Noble, Nicole deixou claro que Joshua Jackson (que viveu Peter, filho do Dr. Bishop) não compactuava com as atitudes problemáticas no set. O colega chegou a defender a atriz da discriminação de um diretor:

the director would pay attention to HIM, might show me some respect that way. josh was trying to use his power/clout for good. Still didn’t work tho. 5 seasons. No, I never said anything about the joke back then cause I didn’t feel valued enough to think anyone would care.

— Jasika Nicole (@TheJasikaNicole) August 23, 2020

"Nós tínhamos diretores (sim, no plural) que se recusavam a acertar o meu nome. Um deles só se referia a mim como 'ei, você' ou 'aquela lá', ou apontando o dedo quando queria me dizer algo. [...] Era algo tão ruim que Josh um dia encontrou uma dessas etiquetas de identificação, escreveu o meu nome e passou a usá-la colada em si mesmo, sabendo que o diretor prestaria atenção nele, e quem sabe assim me respeitaria. Josh tentou usar o seu poder para o bem, mas não funcionou."


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