O badalado e custoso Avatar estreia nesta sexta, 18, no Brasil
Por Paulo Cavalcanti Publicado em 18/12/2009, às 12h40
Depois do enorme êxito de Titanic (1997), o diretor, produtor e roteirista James Cameron continuou trabalhando nos bastidores de Hollywood, mas sua ambição era finalizar o projeto de Avatar. A caríssima produção promete uma revolução na forma como as pessoas vão assistir a um filme. E o filme realmente aprofunda o limite do cinema 3D. Então, quem estiver a fim de adentrar nessa nova aventura de Cameron, que se programe e assista em uma sala Imax. Se não, é perda de tempo.
Então, vamos à parte boa sobre Avatar. Os efeitos que simulam profundidade são mesmo deslumbrantes. Os personagens parecem que estão ao lado da poltrona. A impressão é que se pode tocar objetos, vegetação e animais exóticos. Alguns cenários criados pela equipe de Cameron são tão deslumbrantes e vertiginosos que até dá vontade de esquecer a história e ficar apenas olhando para os detalhes no fundo da tela. Mas o cineasta, que sempre foi um seguidor do cinema B de ficção, sabia que, para contar essa história em particular, teria que apelar para todos os chavões e clichês imagináveis.
Avatar não deixa de cumprir a função de entreter e os efeitos são um ponto de venda irrecusável. E é preciso fazer justiça. A primeira metade do filme promete. Existe a premissa de que a ciência e tecnologia vão evoluir de uma forma tão espetacular que o ser humano vai poder usá-las de uma forma mais eficiente para controlar seu destino. É o que sentimos quando vemos Jake Sully (Sam Worthington), um fuzileiro naval paraplégico, vivendo no ano de 2154, encarnar no poderoso corpo de um nativo Navi e rumar para o distante e hostil planeta Pandora com o objetivo de conhecer os costumes locais e assim cumprir sua dúbia missão.
De um lado, ele é usado como cobaia "do bem" por uma equipe de cientistas liderada pela Doutora Augustine (Sigourney Weaver). Mas, como militar, ele também tem que fornecer informações sobre o local e seus habitantes para suas patentes superiores, que estão dispostas a devastar o planeta e entregá-lo de bandeja para uma corporação da Terra. Quando Jake vai para Pandora, ele se apaixona por Neityri (Zoe Saldana), a filha durona do chefe da tribo, e não quer mais voltar a sua condição humana. Ele vira a casaca, denunciando o esquema dos militares e entrando de cabeça na luta dos nativos para defender seu solo sagrado e ancestral. Tudo muito nobre e bonito, mas a sensibilidade indígena-new-age-ecológica que Cameron impinge é infantil e simplista. Cameron, da mesma fora que George Lucas, não sabe criar diálogos interessantes. Se os atores são bons, é possível compensar, mas quando o texto é interpretado por criaturas azuis fake criadas em CGI, é difícil criar empatia.
O confronto final entre militares e nativos é anabolizado, histérico e barulhento, cheios de situações tão absurdas que vão dar dor de cabeça até em fãs de blockbusters. Parece que ninguém mais consegue fazer batalha que não pareça videogame. O filme se torna cansativo; depois de 2 horas e meia, a vontade é de jogar os óculos 3D pra bem longe. É dífícil prever se Avatar vai mesmo mudar tudo no business do cinema. O fato é que nem todo mundo vai ter o capital ilimitado para investir em efeitos visuais de tirar o fôlego e fazer com que o publico desista da pirataria e vá em massas ao cinemas. Mas da próxima vez, Cameron também precisa gastar uns troquinhos no roteiro.
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