Ilustração - Miguel Sokol - Coluna - Gabriel Góes

Baba, Baby, de Quiabo: posicione-se você também diante das mais recentes rusgas do rock

Quem tem razão nas brigas entre Marcelo Rubens Paiva e Roger Moreira ou Lorde e Lana Del Rey?

Miguel Sokol Publicado em 25/11/2014, às 14h06 - Atualizado às 14h59

Depois de assistir perplexo ao esforço dos candidatos para se esquivarem de questões às vezes até simples, com o único intuito de não perderem votos nas últimas eleições, decidi recuperar o exercício da objetividade aqui. Todo santo dia, portais-sites-blogs-tuítes-e-afins divulgam uma nova rusga musical. Divulgam, mas, como os candidatos, não se posicionam, obviamente em nome da famigerada imparcialidade, que nada mais é que omissão fantasiada de credibilidade.

O curioso caso do sumiço do rock: muitos tentam, mas o verdadeiro bastião desse gênero é Josh Homme.

Por isso eu resolvi me colocar, pois, segundo a Wikipedia, “o quiabo é uma cápsula fibrosa, cônica, verde e peluda” que, segundo eu mesmo, ao ser cozida libera uma baba lisa e escorregadia, perfeita para batizar essa tendência à omissão que nós devemos combater: o quiabismo.

Morrissey vs. Harvest:

O cantor acusou publicamente a gravadora de não promover seu disco como deveria e, segundo o próprio, ele foi dispensado por isso. Após a demissão, Morrissey botou toda sua banda no palco vestindo camisetas vermelhas e pretas estampando a frase “Fuck Harvest”, mas o feitiço virou contra o feiticeiro: por US$ 16 uma camiseta dessas pode ser sua através do site, pasme, da gravadora! E o lucro será todinho de quem o cantor quis agredir. Se por ventura o Morrissey não tivesse razão, agora tem.

#choraindie: Um protesto contra quem vai a show de rock para posar de cool em vez de se divertir.

Marcelo Rubens Paiva vs. Roger Moreira:

Eu me recuso a reproduzir o que disse o vocalista do Ultraje a Rigor sobre a ditadura, foi ultrajante.

Sharon Osbourne vs. U2:

A digníssima esposa do Príncipe das Trevas declarou que o disco Songs of Innocence foi disponibilizado de graça em todos os iPhones do mundo porque, se fosse vendido, ninguém estaria disposto a comprá-lo. Nessa rusga, não é a inveja da Sharon que me surpreende, mas a reação do público que desaprovou não o disco do U2 em si (o que seria perfeitamente compreensível), mas o presente que lhe foi dado. Os usuários alegaram invasão de privacidade – usuários que provavelmente usam o Facebook aos borbotões sem, pelo visto, nunca terem lido os termos de uso da rede social. Tenha a santa paciência! Esses vestiram a carapuça da expressão “chato até para ganhar presente”.

Quando os famosos lutam para que não seja proibido proibir.

Lorde vs. Lana Del Rey:

Lorde disse que Lana está sempre cantando sobre dirigir um Bugatti e outras ostentações que nada têm a ver com sua realidade. Lana respondeu afirmando que a música “Fucked My Way Up to the Top” é sobre uma cantora que a acusou de não ser autêntica e logo depois copiou todo seu estilo. Ninguém sabe ao certo se Lana se referiu a Lorde, e não importa, pois o novo disco da Marianne Faithfull deixa as duas falando sozinhas.

Posicione-se também! E cobre posicionamentos. Sobre a guerra no Oriente Médio, o casamento gay, o que for necessário; antes que o nosso planeta passe de azul e redondo para verde e cônico, como bem define a Wikipedia. É baba.

entretenimento lorde U2 briga lana del rey coluna bono ultraje a rigor marcelo rubens paiva miguel sokol quiabo

Leia também

Alfa Anderson, vocalista principal do Chic, morre aos 78 anos


Blake Lively se pronuncia sobre acusação de assédio contra Justin Baldoni


Luigi Mangione enfrenta acusações federais de assassinato e perseguição


Prince e The Clash receberão o Grammy pelo conjunto da obra na edição de 2025


Música de Robbie Williams é desqualificada do Oscar por supostas semelhanças com outras canções


Detonautas divulga agenda de shows de 2025; veja