Ícone do rock progressivo, grupo se apresentará no Rio Prog Festival neste sábado, 22
Carlos Eduardo Lima Publicado em 21/09/2012, às 21h17 - Atualizado às 21h21
Este sábado, 22, promete algo aguardado há cerca de 30 anos: um show com boa parte da formação clássica do Bacamarte. A apresentação no 3º Rio Prog Festival já é motivo de celebração por parte do grande número de fãs da banda. O primeiro LP, Depois do Fim, é reconhecido mundialmente como um dos mais importantes na história do rock progressivo.
A história é mais ou menos essa: Mario Neto, guitarrista, fã de Beatles e música clássica, compôs uma série de canções entre 14 e 17 anos, lá na Tijuca (Zona Norte do Rio) dos anos 70. Formou uma banda, ensaiou o quanto pôde e conseguiu se apresentar no programa Rock Concert, da TV Globo, com o nome de Bacamarte. Fez sucesso e impressionou os produtores do Genesis, que excursionava pelo país na época, que convidaram Mario para substituir ninguém menos que o guitarrista Steve Hackett, que deixaria a banda logo após a turnê do LP duplo ao vivo Seconds Out. Menor de idade, Mario atendeu ao pedido de seus pais e não pôde aceitar o convite. O sucesso do programa global, no entanto, serviu para que a banda registrasse suas músicas em estúdio, sem saber que isso seria um trunfo anos mais tarde. Era 1977 e o rock progressivo nacional (com vocais femininos, a cargo de uma iniciante Jane Duboc) era um alienígena para gravadoras e emissoras de rádio.
Mas em 1982, com dois meses de atividade no dial, a Rádio Fluminense FM, de Niterói/RJ, dava cara nova à programação musical. A equação bandas novas mais espaço na programação começava a revelar gente de valor, como Paralamas do Sucesso, Kid Abelha, entre outros. Por sugestão de amigos, Mario Neto resolveu levar sua fita para tentar um espaço para sua versão personalíssima do rock progressivo, entregando o material nas mãos de um dos diretores da emissora, Amaury Santos. No dia seguinte a banda já havia entrado na programação.
Mario gastou economias, fundou um selo, prensou mil cópias e aí teve início a história de Depois do Fim, primeiro disco do Bacamarte, resultado daquela gravação de 1977 e que acabou vendendo cerca de 15 mil exemplares em um esquema totalmente independente, movido pelos ouvintes da emissora de Niterói. Vieram shows no Circo Voador e demais casas noturnas da cidade que abriam portas para o nascente rock carioca. Entre 1982 e 1983, o Bacamarte, com Marcus Moura (flauta e acordeão), Sergio Villarim (teclados), Mário Leme (bateria), William Murray (baixo), Mr.Paul (percussão) e Jane Duboc (vocais até abril de 1983, depois substituida por Miriam Peracchi), teve tempo para se tornar uma pequena lenda do rock progressivo nacional, com admiradores muito além das fronteiras do Rio de Janeiro.
A banda se desfez logo depois desse momento, com reuniões ocasionais ao longo da década de 1990 e a gravação de um segundo disco – com todos os instrumentos tocados por Mario Neto, exceto os teclados, que ficaram a cargo de Robério Mollinari – chamado Sete Cidades, item de colecionador, uma vez que apenas mil cópias foram feitas em CD. Em 2009 a Som Livre lançou a versão remasterizada de Depois do Fim, renovando o interesse pela banda.
O Bacamarte será a grande atração do 3º Rio Prog Festival, neste sábado, no Teatro Rival. A banda carioca vai executar integralmente os dois discos e trará novidades no seu line-up. A bateria ficará a cargo de Alex Curi e Vitor Trope assume o baixo. "Quando o Mário me ligou falando do projeto, eu só respondi: vamos!", diz Jane Duboc, mãe do cantor Jay Vaquer, também fã do som do Bacamarte. Mário Neto, hoje engenheiro e trabalhando na Prefeitura do Rio, espera pela emoção que vai encontrar no palco. “É uma mistura de sentimentos e de pessoas, que já se foram ou que não se vê há muito tempo.”
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