Bad Religion - Foto: Stephan Solon/Divulgação

Bad Religion demonstrou entusiasmo em show em São Paulo

Grupo se apresentou na Via Funchal na última quinta, 13

Vladimir Cunha Publicado em 14/10/2011, às 15h22 - Atualizado às 20h36

Show de banda veterana, às vezes, pode ser um negócio complicado. Irrelevância, cansaço, falta do que dizer são problemas comuns a qualquer grupo depois de certa idade. É o que faz com que esse tipo de show acabe sendo analisado por um único viés: o técnico. O "profissionalismo" que fãs do Rush e tiozões do classic rock que se fantasiam de Hell Angel para andar de moto no fim de semana adoram apontar como a maneira "correta" de se gostar de música.

Felizmente esse não é o caso do Bad Religion. Na última quinta, 13, na Via Funchal, mostraram que, com 30 de banda, eles parecem se divertir com o que fazem, pulando, se entusiasmando com a plateia, rindo de piadas internas e tirando barato quando erram a entrada de uma música. Mesmo que saibam exatamente em que momento a molecada vai cantar junto e cerrar os punhos para cima. Mesmo que essa seja a milésima vez que estejam tocando “Sorrow” em cima de um palco.

Óbvio que muita coisa em torno da banda é puro business, como as camisas da turnê a R$ 80 vendidas na entrada do show. Mas a impressão que dá é que sobra no Bad Religion o que falta em muita banda por aí: convicção. E, sobretudo, espontaneidade. Apesar dos clipes caros, das turnês mundiais e dos shows de R$ 120 em espaços luxuosos, Greg Graffin, Jay Bentley, Greg Hetson e Brian Baker ainda se comportam como se estivessem em um muquifo qualquer da Los Angeles do começo dos anos 80, tocando com os camaradas do Circle Jerks por uns trocados e algumas latas de cerveja.

O que fica claro quando, em um determinado momento, a banda para de tocar e Graffin observa, intrigado, um menino da plateia. Pendurado no pescoço de um amigo, o garoto levanta uma camiseta onde se lê "Please let me sing ‘Modern Man’" ("Por favor, deixe-me cantar “’Modern Man’"). O vocalista o chama ao palco e propõe que o público decida se ele vai ou não cantar. Por unanimidade - e para o divertimento nosso e da banda - o fã acaba acertando na loteria e vira um sortudo ganhador da promoção “Bad Religion Por Um Dia”, cantando sozinho “Modern Man” enquanto Graffin o observa de um canto do palco.

Uma hora e meia e todos os hits depois - incluindo aí “21st Century (Digital Boy)”, “Los Angeles Is Burning”, “Along The Way” e a sempre bem-vinda “Generator” - a banda volta com “American Jesus” para, em seguida, finalizar o bis com “Sorrow”.

Para os fãs paulistanos esse será o seu último encontro com Graffin e companhia. Eles tocam mais duas datas no Brasil: nesta sexta, 14, se apresentam no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília e no próximo sábado, 15, na Fundição Progresso, Rio de Janeiro. Depois, partem para Austrália e Canadá. Em seguida, como anunciou Greg Graffin, encerram as atividades. "Mas não se preocupem", afirmou o baixista Jay Bentley durante o show, "a aposentadoria não é um problema pra nós". Graffin, claro, deve saber disso muito bem. PhD em Biologia e Evolução pela Universidade de Cornell, ele tem consciência que é da ordem das coisas: nascer, crescer e morrer. Um ciclo que, no caso do Bad Religion, começa a se fechar aqui e agora.

bad-religion

Leia também

Nando Reis diz que usou drogas durante 30 anos: 'Foi consumindo minha vida'


Morre Andy Paley, compositor da trilha sonora de Bob Esponja, aos 72 anos


Viola Davis receberá o prêmio Cecil B. DeMille do Globo de Ouro


Jeff Goldblum toca música de Wicked no piano em estação de trem de Londres


Jaqueta de couro usada por Olivia Newton-John em Grease será leiloada


Anne Hathaway estrelará adaptação cinematográfica de Verity de Colleen Hoover