Organização do festival precisará melhorar infraestrutura para futuras edições
Patrícia Colombo e Stella Rodrigues, do Rio de Janeiro Publicado em 03/10/2011, às 15h29 - Atualizado em 04/10/2011, às 18h27
Alterada em 4 de outubro, às 18h26
Está encerrada a edição de 2011 do Rock in Rio. O evento começou na sexta, 23 de setembro, e de lá pra cá teve em seu line-up internacional nomes como Katy Perry, Rihanna, Elton John, Red Hot Chili Peppers, Slipknot, Motörhead, Metallica, Stevie Wonder, Ke$ha, Janelle Monáe, Shakira, Coldplay, System of a Down e Guns N’ Roses (que encerrou o último dia quase na manhã desta segunda, 3 de outubro).
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No time dos brasileiros, tocaram Titãs junto a Paralamas do Sucesso, Bebel Gilberto com Sandra de Sá, Tulipa Ruiz com Nação Zumbi, Matanza com BNegão, Sepultura com Tambours Du Bronx (França), Pitty, Skank, Jota Quest e muitos outros, totalizando 160 atrações ao longo de sete dias. Sem grandes tumultos dentro da Cidade do Rock (localizada em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro), o evento parece ter tido saldo positivo na opinião do público: uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, o IBOPE, informou que 89% das pessoas que estiveram no primeiro fim de semana do Rock in Rio disseram que retornariam em futuras edições (dados fornecidos pela assessoria do festival).
Apesar disso, fica claro para quem também esteve por lá em pelo menos em uma das datas que a organização terá de trabalhar bastante para melhorar a infraestrutura do festival para a edição de setembro de 2013 (já confirmada), uma vez que inúmeros problemas foram detectados na Cidade do Rock. Veja abaixo o balanço geral evento:
Efeito Rock in Rio
Transitando pela Cidade do Rock, foi possível acompanhar a empolgação do público e notar o peso da marca Rock in Rio no comportamento de boa parte dos presentes. O primeiro passo de muitos ao chegar era tirar uma foto na estrutura que traz o logo do evento, posicionada já na entrada. O segundo passo para alguns era seguir pelo local em direção aos palcos cantando a música tema (que foi exaustivamente executada quando as apresentações não estavam rolando) ou sair para comprar camisetas temáticas. Independente do fato de grande parte das pessoas ali não ter estado nas primeiras edições, em 1985 e 1991, o festival carrega uma aura de super evento e tradição, que tem com conseqüência justamente essa grande empolgação da plateia por estar lá – e até uma estranha sensação de nostalgia àqueles que sequer eram nascidos nos anos 80. Diariamente, o Rock in Rio recebeu 100 mil pessoas e era possível notar as características no perfil dos visitantes de acordo com a lista de atrações de cada noite. Foram 700 mil ingressos vendidos – sendo que a área VIP, voltada apenas para convidados, recebeu 4 mil pessoas por dia. Relembre aqui.
Alimentação
Quem esteve presente em algum dos dias do evento sabe dos problemas para comprar comida (destaca-se aqui que paciência nesse quesito foi muito necessária). Sim, as pessoas podiam encontrar pontos de venda em diversos locais. Não, quase nenhum deles sem filas (ou com filas pequenas). Não bastasse a demora, sobretudo nas lanchonetes, os funcionários não estavam bem treinados e boa parte dos alimentos não se encontrava em condições de serem servidos (cena comum: hambúrguer que acabou vindo congelado, após mais de uma hora de espera pelo atendimento). No primeiro fim de semana, aliás, o caos nesse sentido foi ainda maior, já que muitos deixaram de levar comida para o Rock in Rio justamente porque a organização do evento havia impedido a entrada de alimentos. A mudança nas regras ocorreu na terça, 27, após uma notificação da Decon - Delegacia do Consumidor, que acusava o festival de crime de venda casada (aquele que obriga o consumidor a comprar de fornecedores dentro do festival). Dali em diante, a entrada de alimentos e bebidas não alcoólicas por parte dos visitantes do festival foi permitida. Leia mais aqui.
Organização do espaço
A quantidade excessiva de pessoas não tornou apenas inviável a alimentação. A circulação estava complicada, pois, por mais que todos coubessem no local, não havia espaço de fluxo, de forma que para se chegar de um ponto a outro, levava tempo - e paciência. Isso valia também para a região de saída da Cidade do Rock. Roberta Medina afirmou que fez duas vezes o trajeto entre a porta da Cidade do Rock e o local de onde partiam os ônibus que transportavam o público de volta às suas casas – e que levou, em cada uma delas, cerca de 12 minutos. Porém, levando em consideração que boa parte dos visitantes chegava e saía na mesma hora, a aglutinação de pessoas fazia com que essa caminhada levasse mais de uma hora. Lá dentro, o ponto de maior problema de fluxo de pessoas é a região da Rockstreet. Era bastante difícil circular pela rua baseada no cenário de Nova Orleans que, afinal de contas, era uma rua e servia para isso. Uma das coisas que o presidente Roberto Medina disse que será diferente na edição de 2013 é a quantidade de público. “A principal alteração é a diminuição de 15 mil pessoas. Pelos cálculos que fizemos aqui, com 85 mil pessoas fica ideal, porque a ideia do Rock in Rio sempre foi ter um espaço pelo qual as pessoas pudessem circular. Para isso, é simples, é só vender 15 mil ingressos a menos”, afirmou ele, em entrevista coletiva de imprensa neste domingo, 2. Leia mais aqui.
Higiene
Um dos aspectos negativos que chamou bastante atenção no espaço da Cidade do Rock foi a imensa quantidade de lixo se acumulando no chão ao longo de cada noite – a cena se repetiu na mesma proporção durante as sete datas. Havia lixeiras espalhadas em diversos locais e quase todas com menos da metade de sua capacidade preenchida – era possível, inclusive, encontrar embalagens de lanches jogadas no chão nas proximidades das lixeiras, provavelmente deixadas lá por alguns preguiçosos que acharam mais fácil se livrar dos itens em qualquer lugar a fazer sua parte e ajudar a cuidar do espaço comum de divertimento. Se a circulação lá dentro, por conta do número enorme de pessoas, já era um desafio, com quantidade de embalagens plásticas esparramadas virou praticamente uma prova olímpica com obstáculos, ainda mais na chuva (como no sábado, 24, e neste domingo, 2).
Ainda na questão da higiene, a ausência de banheiros químicos e o esquema de banheiros construídos foi uma ótima escolha do festival – pena que no domingo, 25, um problema nos encanamentos fez com que o esgoto vazasse em diversos pontos da Cidade do Rock. A situação foi normalizada e o festival retornou no dia 29 em boas condições, mas quem esteve presente naquele dia sofreu as consequências da falha. Leia mais aqui.
Segurança
Uma porção significativa do público que esteve no Rock in Rio reclamou bastante da segurança no festival. Muitos furtos ocorreram dentro da Cidade do Rock e nas imediações e, conforme os dias foram passando, novas alterações foram feitas com o objetivo de aumentar o policiamento e reduzir os índices de violência - uma das medidas foi inserir homens da Polícia Militar, da Polícia Federal e da Guarda Municipal do Rio de Janeiro dentro do local, fazendo ronda. Os boletins de ocorrência estavam sendo feitos na delegacia da Polícia Civil montada em frente à Cidade do Rock e um caso curioso é que no decorrer do evento, aumentou o número de casos de falsa comunicação de crime. “A organização do festival estava deixando as pessoas saírem para fazer o Registro e o documento servia de prova para poder entrar novamente. Quando descobriram isso, muitos passaram a inventar que foram furtados, registrar o crime e usar o papel para entrar no festival”, declarou o delegado Orlando Zaccone à Rolling Stone Brasil. No segundo fim de semana, o esquema mudou e um livro de registros na porta tinha anotado os nomes de todos que saiam para registrar ocorrências na delegacia. De acordo com balanço feito até às 22h deste domingo, 2, a polícia contabiliza 863 casos de furto em sete dias de Rock in Rio. Relembre aqui.
Pista
Ausência de pista VIP na frente da pista normal foi um dos pontos positivos. Nada de ingressos mais caros no espaço próximo ao palco e nada de segregação de fãs (deixando perto dos ídolos apenas os que têm mais dinheiro no bolso e que muitas vezes estão lá só para serem vistos do que propriamente ouvir música). Uma confortável área VIP de 5 mil m² para convidados (incluindo celebridades globais) foi criada, claro, mas posicionada lá atrás da pista geral (a 100 metros do palco Mundo), com uma digna visão, mas sem ficar na frente de ninguém. Colados na grade, só os bons fãs que ali pretendiam estar e que chegaram cedo, com muito esforço e passando pelos inerentes perrengues.
Mais diversão
Alternativas legais aos shows eram os brinquedos disponíveis e os outros dois espaços: Rock Street e Eletrônica. No caso dos primeiros, era necessário ter que aguentar filas imensas (tipo de parque de diversão em um sábado ensolarado mesmo), mas o resultado seria algumas risadas na roda gigante, montanha-russa e até na tirolesa que atravessa pista do Palco Mundo. Segundo dados fornecidos pela organização, cerca de 24 mil pessoas passaram pela Roda Gigante e quase 21 mil pela montanha-russa. Quanto ao Rock Street e Eletrônica, o primeiro espaço era mais lúdico e trazia artistas de rua, lojinhas, palco pequeno com algumas atrações – de certa forma, servia para que o público, caso tivesse interesse, pudesse dar uma trégua nos shows grandes e descansar um pouco a cabeça (apesar de o ambiente estar sempre bastante cheio e da circulação ter sido prejudicada). Já o segundo, serviu como alternativa à sonoridade propriamente: os que curtem as batidas eletrônicas podiam passar por lá e se inserir na atmosfera de balada a céu aberto oferecida. Leia aqui e aqui.
Rock in Rio 2013
A próxima edição do Rock in Rio na Cidade do Rock, no Rio de Janeiro, já está marcada para setembro de 2013 e quem esteve curtindo a edição de 2011 pode adquirir a reserva para a compra de sua entrada para o evento que acontece daqui a dois anos.
O cartão de fidelidade Rock in Rio Club (que está disponível desde o dia 23 de setembro) garante a prioridade de compra na pré-venda dos ingressos para o Rock in Rio 2012 em Madrid, na Espanha, e em Lisboa, Portugal, e para a edição brasileira do evento, em 2013. O item tem uma taxa de R$ 79 e vale para até quatro ingressos por dia de evento, com 15% de desconto em cada entrada - e também 20% de desconto nas lojas dos produtos oficiais na próxima edição brasileira do festival.
Segundo informado pela assessoria de imprensa, foram comercializados desde o dia 23 de setembro 15 mil cartões (à venda pela internet e no posto montado na Cidade do Rock).
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