Emicida, Gilberto Gil e Pabllo Vittar estão no line-up da edição de 20 anos do festival goiano Bananada - Joshua Bryan/Denilson Santos/AgNews/Paola Alfamor/ Luciano Belford/AGIF/AP

Bananada 2018: festival comemora 20 anos como um dos mais completos e relevantes do Brasil

Edição especial do evento acontece a partir de segunda, 7, em Goiânia, com Gilberto Gil, Emicida, Nação Zumbi, Pabllo Vittar e Fresno no line-up

Lucas Brêda Publicado em 04/05/2018, às 15h44 - Atualizado às 17h13

Qualquer pessoa minimamente interessada no que se entende por “música indie” brasileira já ouviu falar no Bananada. O festival, que começou como uma espécie de irmão mais novo do Goiânia Noise, no fim dos anos 1990, chega em 2018 à sua 20ª edição tendo se estabelecido como um dos nomes mais completos do gênero e cada vez menos endereçado a um nicho alternativo do público. A partir de segunda, 7, até o domingo, 13, nomes pequenos, emergentes e gigantes de todo o Brasil (além de atrações internacionais) passam por casas de shows espalhadas pela cidade e também pela nova “arena” do festival, no fim de semana.

Em 2018, o line-up mantém a tendência recente de trazer um ícone tropicalista – neste caso, Gilberto Gil, com o show especial de 40 anos do disco Refavela, sendo que Mutantes, Jorge Ben Jor e Caetano Veloso passaram pelo festival nos últimos anos –, um grande nome do hip-hop atual – agora com Emicida, depois de Criolo e Mano Brown – e um miolo que abre espaço para as bandas locais de destaque recente – como Boogarins e Carne Doce. Este ano, a escalação traz ainda Nação Zumbi, Pabllo Vittar, ÀTTØØXXÁ, Fresno, Rincon Sapiência, KL Jay, Ava Rocha e o ex-guitarrista do Sonic Youth, Lee Ranaldo, entre muitos outros (veja o line-up completo abaixo).

Lembre como foi a edição de 2017 do Bananada, que teve shows de Mano Brown, Os Mutantes e Baianasystem, entre outros

“É assim: a música que acontece no mundo e como ela se relaciona com as oportunidades de música no Brasil; daí tem a música nacional atual, quente, e como ela se relaciona com o público da cidade”, explica um dos nomes fortes por trás do Bananada, Fabricio Nobre. Ele é um dos principais programadores da escalação, mas também conta com a ajuda dos sócios, Daianne Dias e Lucas Manga, e também de uma equipe de colaboradores. “Não posso ignorar a música do mundo, nem o que há de atual na música brasileira, mas também não posso ignorar o que o público da minha cidade – o principal – quer ouvir, como quer ouvir, onde quer ouvir. O que amarra o line-up é isso.”

Em 2017, o Bananada reuniu quase 30 mil pessoas, um recorde absoluto em suas duas décadas de existência, mas a tendência é que a quantidade de pessoas diminua em 2018, devido a uma mudança de local. Antes, o charmoso Centro Cultural Oscar Niemeyer (vetado em decreto publicado no fim de 2017 pelo governo de Goiás) poderia receber até 10 mil pessoas em um único dia, agora, a capacidade diária chega a 7 mil em um lugar chamado de Arena Bananada – montada em área do shopping Passeio das Águas – e com quatro palcos. A redução, contudo, não vai de encontro à proposta de crescimento do festival, que menos tem a ver com a quantidade de ingressos vendidos e mais com a eliminação dos “perrengues” e, principalmente, a viabilização econômica.

Segundo Nobre, em 2015, o Bananada “deu lucro”, em 2016, “deu muito pouco lucro” e, em 2017, as contas ficaram apertadas. Na edição mais recente, a preocupação com a organização e conforto foi visível: os ingressos foram relativamente acessíveis, os bares, caixas e barracas de comida praticamente não tiveram filas, e o evento sequer teve banheiros químicos, e sim estruturas mais elaboradas, incluindo acesso para deficientes. “Tínhamos que entregar um lance perfeito”, confessa Nobre. “Quisemos arrumar cada detalhe, atendimento aos artistas, ao público, à imprensa, não ter fila. Sabe perrengue? Acho que a gente conseguiu, mas isso custou muito caro.”

O Bananada foi criado como um braço mais underground de outro festival goiano, o Goiânia Noise, sendo que ambos eram organizados pela Monstro Discos, selo do qual Nobre integrou até o fim da década passada. As primeiras edições aconteceram em bares da cidade, para 200 a 300 pessoas e com foco em bandas locais ou iniciantes, com menos poder de reunir público. A partir de 2001, o Bananada passou a acontecer no Centro Cultural Martim Cererê, para 1 a 1,5 mil pessoas. Em 2013, já fora da Monstro, Nobre chegou em uma estrutura mais próxima da atual: showcases nos clubes durante a semana e o fim de semana com o festival regular, já no Oscar Niemeyer. “Não tinha mais que fazer o Noise, então ampliamos o formato”, explica. Nos últimos cinco anos, o Bananada só cresceu – em tamanho, relevância e abrangência – e hoje é o maior nome do circuito de festivais independentes brasileiros.

“O Bananada não começou com 200 pessoas e chegou a 30 mil a toa”, conta o produtor, que também integrou a banda MQN, enumerando as vezes que foi a alguns dos mais respeitados festivais estrangeiros, entre eles o South by Southwest, nos Estados Unidos, e o Primavera Sound, na Espanha, para fazer pesquisas. “Claro, tem um crescimento gradativo da cena como um todo, mas também tem um esforço de pesquisa muito grande. Não fiquei esperando as coisas chegarem em mim, pesquisei para caramba. Conheço uns 80% dos festivais mais importantes do Brasil, vou às casas [de shows], assisto a shows, pesquiso o que está acontecendo. Nessa profissão, não tem escola, você aprende nos lugares, vendo as pessoas, observando erros e acertos, sampleando coisas que você vê gente legal fazendo.”

Festival Bananada 2018

7 a 13 de maio de 2018 (segunda a domingo)

Arena Bananada | Av. Perimetral Norte, 8303 – Lot. Mansoes Goianas | Goiânia (GO)

Ingressos: www.sympla.com.br/bananada20

Veja todas as informações e a divisão da programação por dia aqui

LINE-UP COMPLETO

GILBERTO GIL REFAVELA 40 . NAÇÃO ZUMBI . PABLLO VITTAR part. ARETUZA LOVI BAIANASYSTEM . EMICIDA feat. DRIK BARBOSA e CORUJA BC1 . LEE RANALDO (EUA)

BOOGARINS . RINCON SAPIÊNCIA . ÀTTØØXXÁ. HEAVY BAILE . DJ MARKY

CARNE DOCE . MERIDIAN BROTHERS (Colômbia) . KL JAY . AS BAHIAS E A COZINHA MINEIRA

FRANCISCO EL HOMBRE . JAVIERA MENA (Chile) . LARISSA LUZ

RIMAS e MELODIAS . THE GANJAS (Chile) . TRIZ . BRUNA MENDEZ . AVA ROCHA

MENORES ATOS . NEGRO LEO . GIOVANI CIDREIRA . CAMARONES ORQUESTRA GUITARRÍSTICA . MOLHO NEGRO

ANA MULLER . HOLGER . JORGE CABELEIRA E DIA EM QUE TODOS SEREMOS INÚTEIS

HELLBENDERS . EMA STONED . DEAFKIDS . BLASTFEMME . ADELAIDA (Chile)

KALOUV . VIOLINS . ERMO (Portugal) . CORONA KINGS . RØKR . ORUÃ . NIELA

VAMOZ . GORDURATRANS . IN CORP SANTICS (Argentina) . BRANDA . BRVNKS

MARCELO CALLADO . LAURA LAVIERE . FRIEZA . SARAH ABDALA . MQN . LUTRE . AVE EVA . SHEENA YE . MELLOW BUZZARDZ

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