Pesquisadores de Harvard criaram um mecanismo para resolver um dos maiores mistérios da música pop
Redação Publicado em 08/07/2019, às 13h53
Em dado momento da história, Paul McCartney e John Lennon passaram a assinar alguns dos maiores clássicos dos Beatles com autoria dupla: Lennon/McCartney ou McCartney/Lennon - a ordem dos nomes dependia de quem tinha a maior contribuição para a criação da canção.
Mas isso já gerou muitos embates - internos, entre os próprios integrantes dos Beatles, e entre os fãs. Pesquisadores de Harvard dizem que conseguiram criar um algoritmo capaz de separar com mais precisão qual autor tem mais influência no resultado final das músicas icônicas do quarteto de Liverpool.
Em parceria com pesquisadores da Dalhousie (do Canadá), eles elaboraram um algoritmo de aprendizagem de máquina para identificar as “impressões digitais” de Paul e John. O resultado dessa pesquisa foi publicado em um artigo de título curioso: "(A) Data in the Life", uma brincadeira com o nome da música "A Day in The Life", lançada no disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, de 1967.
+++ O FIM DOS BEATLES: como caprichos e raiva destruíram a maior banda de todos os tempos
O trabalho publicado pelo Harvard Data Science Review foi noticiado pelo jornal britânico The Independent e trouxe oito canções assinadas pela dupla Lennon e McCartney, criadas entre 1962 e 1966.
Eles garantem que foram capazes de identificar as "impressões digitais" de cada um dos autores por meio de um algoritmo que leu e aprendeu tudo a partir das canções criadas pelos Beatles na banda e depois do fim do grupo.
Entre as faixas analisadas estão "A Hard Day's Night" e "In My Life", duas que geram bastante debate entre os fãs porque muitos deles acreditam que elas, na verdade, foram escritas por um só Beatle.
Eleita como a 23ª maior música de todos os tempos segundo a Rolling Stone EUA, em 2011, "In My Life" é uma canção que gera muita discussão entre os fãs, mas, segundo os pesquisadores, trata-se de uma faixa com autoria principal de John Lennon - Paul McCartney já chegou a dizer que a música era toda sua, algo rebatido por Lennon.
Os números dos pesquisadores podem ter colocado um fim à discussão ao mostrar que Paul contribuiu mais para a melodia da música do que para sua letra, efetivamente, algo sempre dito por John.
O algoritmo pode ter colocado fim à discussão ao dizer que possui 81,8% de certeza que Lennon escreveu os versos. O "match" com Paul McCartney aparece na ponte, momento que reúne estrofe e refrão, no qual Macca aparece com 57% de certeza.
“Decompondo a música na letra e na ponte de forma separada, fica aparente que a letra é muito mais consistente em termos estilísticos com as letras de canções de Lennon”, escreveram os autores na publicação do estudo.
Em 2015, Paul McCartney decidiu colocar para fora suas frustrações a respeito da forma como algumas músicas feitas com John Lennon. Ele inverteu a ordem dos nomes no disco Beatles Forever, de 2002, para McCartney/Lennon, o que desagradou bastante a viúva do antigo companheiro de banda, Yoko Ono.
Essas músicas, como “Ask Me Why” e “A Hard Day’s Night”, cantadas por McCartney, foram analisadas pelo algoritmo que encontrou uma predominância de Lennon no estilo delas.
Outras músicas, como "Baby’s in Black", "The Word" e "From Me to You", por exemplo, tem maior predominância do estilo de McCartney, com 97% de certeza, segundo o algoritmo.
De acordo com o estudo de Harvard, McCartney tinha a tendência de “usar motivos musicais mais fora do padrão” em suas criações, o que fazia com que suas músicas tenham "uma “característica distintiva”.
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