Meio sem querer, os Beatles plantaram a pedra fundamental do ""filme de rock"", um exemplo que seria seguido por décadas e décadas. Em uma mistura de ficção com elementos de realidade, a banda levou às telas um pouco do seu dia-a-dia caótico. - Reprodução

Beatles voltam à tela grande com A Hard Day's Night

Filme estrelado pelo quarteto de Liverpool ganha três exibições especiais

Paulo Cavalcanti Publicado em 03/03/2016, às 19h14 - Atualizado às 20h13

Lançado em setembro de 1964, A Hard Day's Night, que na época ganhou o nome de Os Reis do Iê-Iê-Iê, no Brasil, volta à tela grande em versão remasterizada. O filme será exibido nesta quinta, 3, e nos dias 6 e 8 de março em 17 cidades do país: Aracaju, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Cuiabá, Curitiba, Goiânia, Florianópolis, Londrina, Natal, Niterói, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Santos, Vila Velha e Recife. É uma oportunidade única dos fãs brasileiros verem (ou reverem) John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr atuando e tocando na tela grande.

A Hard Day's Night é até hoje um dos mais bem sucedidos trabalhos de junção das linguagens do rock e do cinema. Ele foi concebido logo após o quarteto estourar mundialmente. No começo do rock, era praxe os astros do gênero estrearem em filmes de baixo orçamento e, assim, faturavam alguns trocados enquanto durasse a popularidade. Mas os Beatles e o empresário Brian Epstein queriam fugir disso. A ideia não era apenas explorar comercialmente o fenômeno da Beatlemania, mas sim fazer algo que realmente tivesse conteúdo.

O produtor Walter Shenson não teve muito dinheiro para a elaboração do longa, mas isso não impediu que o diretor Richard Lester exercesse sua função de forma criativa. Ele fez um filme anticonvencional, usando câmeras portáteis e aplicando à fita uma edição frenética que ele aprendeu fazendo comerciais de TV. Lester também se inspirou nas inovadoras técnicas de narrativa da nouvelle vague francesa. No fim das contas, A Hard Day's Night parece uma versão acelerada e pop dos filmes dos irmãos Marx.

Nada é supérfluo na produção. O filme em preto e branco, que foi concebido como uma versão fictícia de um dia na vida do grupo, flui com dinamismo, enfileirando uma sequência de piadas e situações anárquicas – quando algo ameaça ficar chato, Lester move a ação para algo totalmente diferente. O roteiro criado por Alun Owen, que foi indicado ao Oscar, captura com precisão o dialeto e humor inglês da década de 1960. No filme, as personalidades dos quatro Beatles são bem delineadas e usadas com charme, humor e eficiência. Eles não eram atores, mas a naturalidade dos músicos contagia. Ringo, particularmente, rouba o show. Ele é alvo das gozações de todo mundo, mas é quem ri por último.

No enredo, os Beatles precisam se preparar para uma importante aparição na televisão. Os músicos nunca perdem a chance de desafiar as autoridades e entrar em conflito com os mais velhos. Toda a insanidade em volta do quarteto enlouquecem o empresário Norm (Norman Rossington). Ao mesmo tempo em que têm que lidar com compromissos profissionais (coletivas de imprensa, ensaios, responder cartas de fãs), eles precisam tomar conta do avô de Paul (interpretado por Wilfrid Brambell), um velhinho encrenqueiro que gosta de jogar as pessoas umas contra as outras. Ele vende fotos falsificadas do quarteto e as intrigas que faz incentivam Ringo a “deixar o grupo” – isto pouco antes dos Beatles entrarem no ar. O momento em que o baterista sai disfarçado e resolve “aproveitar a vida” é um dos pontos altos.

Lester praticamente inventou a linguagem do vídeo musical em A Hard Day’s Night. As canções são inseridas na trama de forma natural e orgânica. No vídeo de “Can't Buy Me Love”, ele coloca os rapazes para correr freneticamente pelo campo, pulando, brincando e improvisando. Para intensificar o efeito de liberdade e anarquia, Lester utiliza tomadas aéreas, faz registros em câmera lenta e usa diversos truques. Os Beatles também interpretam “And I Love Her”, “I Should Have Known Better”, “She Loves You”, “If I Fell”, “I’m Happy Just To Dance With You” e “Tell Me Why” além da faixa-título, que é apresentada no começo, enquanto os músicos fogem das fãs.

Quando A Hard Day's Night estreou, os Beatles eram a maior sensação do mundo, mas obviamente ninguém poderia prever se eles iriam durar ou deixar qualquer tipo de legado ou influência. O melhor é perceber que 50 anos depois o filme de estréia dos ingleses ainda se mostra cheio de frescor.

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