Best Coast - Divulgação

Momento solar

Bethany Cosentino explica as mudanças entre os dois primeiros discos do Best Coast

Lucas Reginato Publicado em 19/06/2012, às 13h34 - Atualizado em 21/06/2012, às 21h02

A dupla Best Coast, formada por Bethany Cosentino e Bobb Bruno, tornou-se conhecida após lançar em 2010 o elogiado álbum Crazy For You, com canções e riffs que agradaram ao público ao capturar a alma de uma adolescente – a própria vocalista – com o coração partido. Já no recente The Only Place, lançado em maio e que chega agora ao Brasil pela Deckdisc, eles voltam reformulados, mais bucólicos e nostálgicos, para capturar o espírito que, embora possa ser associado à Califórnia – o “único lugar” do título do álbum e a “melhor costa” do nome da banda – é, segundo afirma Bethany, reflexo de um momento próprio. “As canções falam de experiências pessoais, da minha vida”, conta a cantora em entrevista à Rolling Stone Brasil.

É por expor a si mesma que a vocalista acaba por, inevitavelmente, falar da Califórnia. “O clima na Califórnia é mais inspirador para mim. Me sinto mais criativa onde está quente e com sol. Aqui em Los Angeles nós raramente temos chuva ou nuvens, e por isso fico mais feliz”, ela exalta, que também explica a unidade do projeto. “No processo de composição, eu não tinha um conceito em mente, mas escrevi as faixas em um período curto de tempo. Por isso ficaram bem coesas.”

O resultado são onze músicas que expõem a “saudade”, o “isolamento” e a “confusão que às vezes a vida joga em você”, como afirma a própria compositora. “Andando pela neblina, parece ser a forma como gasto meus dias/ Estou presa no cinza”, lamenta, por exemplo, em “Why I Cry”, um dos destaques do disco. Já em “Let’s Go Home”, ela canta: “Me vejo com oito anos de idade/ Estou no sofá mas ninguém está em casa/ Minha mãe não está por perto e meu pai está fora da cidade/ Porque não quero estar em nenhum lugar que não seja minha casa”.

A opção por novos espírito e sonoridade desagradou, no entanto, parte do público entusiasta do som mais sujo do primeiro disco do Best Coast. A mudança, que não só reflete o momento de Bethany Cosentino como a evolução da dupla no mercado, também confunde quem tenta rotular a música, descrita de formas diversas como lo-fi, garage rock, surf pop e indie rock. “Acho que fazemos simplesmente pop music – não me identifico com nenhum desses gêneros e não nos rotulo de nenhuma forma específica”, afirma.

Mas se no CD os fãs sentiram falta de uma guitarra mais agressiva de Bobb Bruno, nas primeiras apresentações de The Only Place a atitude se assemelhou à dos velhos tempos. “É mais fácil fazer coisas soarem bem produzidas e profissionais no estúdio. Nós somos apenas quatro em cena, enquanto gravamos com diversas entradas de som. Além do mais, é chato ver no palco uma banda tocar exatamente igual ao álbum”, explica Bethany, que diz que a recepção do público tem sido muito positiva. “Nós acabamos de fazer uma turnê de três semanas pelos Estados Unidos e os shows estavam lotados de pessoas empolgadas com nosso disco novo.”

Agressivo ou passional, o Best Coast conquistou seu espaço e o sucesso pode trazê-los ao Brasil. “Nós estaremos em turnê até o final do ano, e vamos tocar pelo mundo todo. Eu realmente espero que possamos ir para o Brasil em breve! Sempre quis conhecer o país e parece ser um ótimo lugar”, diz a compositora – que com certeza apreciaria o verão quente da costa brasileira.

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