Grupo aproveitou apresentação no Cais da Alfândega, em Recife, para prestar homenagem a Sabotage e James Brown
Pedro Antunes, do Recife Publicado em 12/02/2013, às 15h16 - Atualizado às 19h52
O groove pega quando você menos espera. Espalha-se pelas pernas e braços, que entram no ritmo elétrico do som. Ficar parado com BNegão & Seletores de Frequência quando estão sobre o palco é uma tarefa apenas para os mais fortes. Foi o que se via ao caminhar pelo Cais da Alfândega, belo lugar histórico do Recife, que sedia a 18ª edição do Rec-Beat, na noite desta segunda, 11. Antes deles, vieram Daniel Peixoto, Os Sertões, Finlandia e Anelis Assumpção.
Embalados pelo excelente Sintoniza Lá, segundo álbum do grupo, lançado nove anos depois de Enxugando Gelo e eleito o terceiro melhor disco de 2012 pela Rolling Stone Brasil (veja aqui), o grupo voltou com tudo. E a nova safra de canções, depois de tanto tempo distante dos estúdios, se mostrou acertada para as massas.
As batidas requebrantes e os versos ácidos de BNegão transformam a música do Seletores em algo para dançar e pensar. Quebram o paradigma, ou o lugar-comum, de se dizer que canções para dançar precisam ser acéfalas e aquelas feitas para refletir não podem ter molho.
É justamente por isso que a união entre BNegão e os Seletores é tão prazerosa, ao vivo ou no estúdio. O rapper, como um grande mestre de cerimônias, segue com música atrás de música, acompanhado por Pedro Selector (trompete), Fábio Kalunga (baixo), Fabiano Moreno (guitarra) e Robson Paiva (bateria). Eles pulsam forte, em uníssono. Cada um dá, às canções, camadas diferentes que conversam harmoniosamente entre si, mas que também podem ser destacadas. Tudo junto, ao mesmo tempo.
Foi com Sintoniza Lá que eles abriram o show, com “Alteração (Éa!)” e “O Mundo (Panela de Pressão)”. BNegão pede palmas para Sabotage, rapper morto em 2003, antes de “Dorobô”, música do primeiro disco. “Por tudo o que ele fez pela música”, diz ele, ao microfone. Em seguida, homenageia James Brown, na sessão funk do show, com “Funk Até o Caroço”, “Chega Para Somar no Groove” e “Pass The Peas”, cover do J.B.’s, banda do rei do funk.
BNegão faz questão de honrar aqueles que o guiaram pelo seu carrinho. Um dos pioneiros a levar o hip hop à outras esferas e gêneros, com Planet Hemp, Seletores e seus outros projetos, ele passeia por musicalidades distintas, do soul, ao reggae, do afrobeat ao hardcore. Caminho hoje seguido por Criolo, Emicida, Rael, entre tantos outros.
O show segue com “Proceder/Caminhar”, “Vamo!” , “Enxugando Gelo”, “Bass do Tambô”, “Essa É Pra Tocar no Baile” (eleita a quarta melhor música do ano – veja aqui), “O Processo”, “Subconsciente” e “Qual é o Seu Nome?”. A banda pula de um disco para o outro, mostrando a homogeneidade do trabalho, mesmo que os discos tenham sido lançados com quase dez anos de diferença.
Com a pesada “A Verdadeira Dança do Patinho”, com guitarra em alta velocidade, que a apresentação se aproxima do fim. “Agora, para colocar as energias no lugar, temos essa aqui”, diz ele, antes de começar “Jangada Beatbox”, instrumental, com BNegão, no beatbox, e Selector, solitário, solando no trompete. É quase um ritual, como se para deixar o groove sair do corpo e dar fim ao transe sonoro dos Seletores.
O Rec-Beat 2013 chega ao fim nesta terça-feira, 12, com apresentações de Maga Bo (às 19h30), João Cabeleira & O Dia Em Que Seremos Todos Inúteis (21h), Celso Duarte (22h), Os Mulheres Negras (23h10) e Céu (0h30).
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