A Culpa é das Estrelas - Divulgação

Boa adaptação é o grande trunfo de A Culpa é das Estrelas

Entre erros e acertos, filme deve agradar leitores do livro homônimo

Luísa Jubilut Publicado em 05/06/2014, às 11h51 - Atualizado às 12h02

O cotidiano cruelmente monótono de Hazel (Shailene Woodley) durante o tratamento contra o câncer de pulmão, com incessantes maratonas de reality shows e incontáveis releituras do mesmo livro, é transformado quando ela é diagnosticada com depressão – que, segundo ela, não é um efeito colateral da doença, mas sim um efeito colateral de estar morrendo – e forçada a frequentar o grupo de apoio mais deprimente e com maior rotatividade do mundo, formado por outros jovens com câncer. É lá que ela conhece Isaac (Nat Wolff), um jovem revoltado que está prestes a se submeter a uma cirurgia que o deixará cego, e Augustus Waters (Ansel Elgort), que seria o perfeito galã de romance adolescente se não fosse por uma autoestima abalada e uma perna amputada. É por este que Hazel se apaixona.

É este “amor granada”, como ela mesma diz, que tem prazo para explodir, que encanta em A Culpa é das Estrelas, adaptação cinematográfica do livro homônimo (e extremamente bem-sucedido) de John Green, que comanda o canal Vlog Brothers no YouTube ao lado do irmão Hank. O que poderia ser “apenas mais um filme sobre amor e câncer” é, na verdade, uma adição inovadora, que tenta aproximar o adolescente com câncer do adolescente comum.

Elgort surpreende positivamente em sua estreia como protagonista. Ele, que já havia começado a desenvolver sua promissora química com Shailene em Divergente - na ocasião, no papel de irmão – complementa com precisão a personagem rouca e fisicamente frágil da atriz. A coragem, sensibilidade e intelectualidade de Hazel compensam suas limitações físicas e a tornam uma “heroína” forte, característica inédita em filmes do gênero.

Como adaptação, o filme é um sucesso. Além de o roteiro – assinado por Scott Neustadter e Michael H. Weber, de (500) Dias com Ela - ser bem editado, os personagens reproduzem com exatidão as falas do livro. Não haveria porque ser diferente, já que Green assistiu de perto às filmagens e deu dicas e conselhos ao elenco talentoso. Outra dupla importante, formada por Mike Mogis e Nate Walcott, garante uma trilha sonora essencialmente pop, composta por Ed Sheeran, Jake Bugg, Charli XCX, The Radio Dept. e outros, que embala a história com harmonia. O diretor Josh Boone, que comandou em 2012 Ligados Pelo Amor, reforça com A Culpa é das Estrelas a assinatura graciosa e sensível ideal para o gênero romântico.

Contudo, se o grande trunfo do romance é a brilhante abordagem do drama para um público jovem, a transição para o cinema o faz de forma menos sutil. A interpretação forçada de Laura Dern (Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros, Veludo Azul) transforma o importante elo entre mãe e filha da história em uma relação artificial. Por vezes, o filme tende a forçar uma dramaticidade que viria naturalmente na trama, conduzida pela boa interpretação dos protagonistas. Os minutos finais do longa abrem a porta para clichês que não acrescentam absolutamente nada ao enredo. Afinal, quando se mistura adolescência, amor e a linha tênue entre a vida e a morte, não há a menor necessidade de inserir flashbacks românticos para extrair ainda mais lágrimas do espectador.

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