Ele fala pela primeira vez sobre acusações de plágio em uma nova entrevista para a Rolling Stone EUA
Rolling Stone EUA Publicado em 12/09/2012, às 20h12 - Atualizado às 20h29
Bob Dylan se abre como nunca antes na nova edição da Rolling Stone EUA, que chega às bancas norte-americanas na próxima sexta, 14. Na entrevista com Mikal Gilmore, Dylan passa por uma variedade inacreditável de tópicos: John Lennon e Bruce Springsteen; o que ele realmente achou dos filmes Não Estou Lá e Masked and Anonymous; ter sido preso pela polícia em Nova Jersey em 2009; e – em um esforço impressionante – sua crença de que ele foi "transfigurado" na época de seu acidente de moto de 1966. Dylan também, pela primeira vez, responde aos críticos que o acusaram de se basear demais em trabalho alheios. Aqui vai um trecho.
Eu queria perguntar sobre a polêmica a respeito das citações nas suas músicas tiradas dos trabalhos de outros escritores, como do autor japonês Junichi Saga e o livro Confessions of a Yakuza,e a poesia sobre a Guerra Civil de Henry Timrod. No folk e no jazz, citações são uma tradição rica e enriquecedora, mas alguns críticos afirmam que você não citou suas fontes claramente. Qual a sua resposta para esse tipo de acusação?
Bom, é, no folk e no jazz, a citação é uma tradição rica e enriquecedora. Isso certamente é verdade. É verdade para todo mundo, menos para mim. Existem regras diferentes para mim. É isso que acha Henry Timrod, você já ouviu falar dele? Quem tem lido o que ele escreve ultimamente? E quem o impulsionou para os holofotes? Quem tem te feito ler o que ele escreve? Pergunte aos descendentes dele o que eles acham disso tudo. E se você acha que é tão fácil citá-lo e que pode ajudar seu trabalho, faça isso você mesmo e veja o quão longe consegue chegar. Chorões e medrosos reclamam dessas coisas. É algo velh – faz parte da tradição. Existe faz tempo. Essas são as mesmas pessoas que tentaram me dar o apelido de Judas. Judas, o nome mais odiado na história da humanidade! Se você acha que foi chamado de um nome ruim, tente sair dessa. Sim, e por que? Por tocar guitarra? Como se isso fosse de alguma forma equiparável a trair nosso Senhor e entregá-lo para a crucificação. Todos esses cuzões do mal podem apodrecer no inferno.
Sério?
Eu estou trabalhando dentro da minha forma de arte. É simples assim. Eu trabalho dentro das regras e limitações dela. Existem figuras de autoridade que podem explicar esse tipo de arte a você melhor do que eu. Se chama composição de música. Tem a ver com melodia e ritmo, e aí, depois disso, vale tudo. Você transforma tudo em seu. Todos nós fazemos isso.
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